Na tentativa de materializar o universo descrito por Antoine de Saint-Exupéry e tantos outros escritores, a Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB) realiza, desde 1998, a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). Para a olimpíada de 2014, as inscrições estão abertas até o dia 16 de março. Podem participar alunos de todos os anos do ensino fundamental e do ensino médio das escolas cadastradas.
Victor Tassinari, de Iepê, cidade do interior de São Paulo com quase 7,5 mil habitantes, diz que sua visão de mundo mudou após a participação na OBA. ;No começo, foi meio estranho, não conhecia muito do assunto, mas ela [a olimpíada] nos tira muitos mitos, abre a mente no modo de aprender, desperta a curiosidade, mostra o que realmente acontece;, disse.
O estudante foi medalhista da OBA quando estudava na Escola Estadual Antônio de Almeida Prado, participou de apresentações do show de física e astronomia, de peças de teatro, viajou para eventos, produziu conteúdos audiovisuais e teve oportunidades de se envolver em um assunto até então místico. Hoje, trabalha em uma rádio e está no segundo ano da faculdade de Sistemas para Internet, em Presidente Prudente (SP).
Para a professora Maria Salete Battilani, de ciências, química e física na escola de Iepê, é um orgulho. ;Às vezes são alunos extremamente tímidos, com dificuldade de relacionamento e acabam participando das apresentações que fazemos e aprendendo a enfrentar o público. Então, mesmo que o aluno não siga na área da astronomia, você percebe que faz realmente uma mudança muito grande na vida dele;.
Para Rafael Engel Ducatti, também ex-aluno da professora Salete e medalhista da OBA, é mesmo um amadurecimento. ;São experiências que acabamos levando para a vida. Somos de uma escola pública, de cidade pequena e fomos para Barra do Piraí [na Jornada de Foguetes], participando com escolas particulares, de capitais, é um mundo diferente. Tudo o que eu pude fazer enquanto estava no colegial [Ensino Médio] eu fiz;. O estudante conta que a astronomia agora é um hobby e que faz cursinho para ingressar na faculdade de medicina.
No Rio de Janeiro, o estudante Enrick Magalhães também aproveitou bem as oportunidades no ensino médio. O ex-aluno do Colégio Pedro II, medalhista da OBA, conta que sempre participou de atividades extracurriculares, como o coral, o clube de artes e o de astronomia. Acabou preferindo as artes e hoje é aluno de desenho industrial, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
;A própria escola fala para você aproveitar o máximo possível, que perder qualquer coisa é perder uma oportunidade fantástica. Eu gostaria muito de fazer física, mas sempre fui uma lástima em matemática. Eu era um intruso no meio deles;, brinca Enrick. ;Para quem gosta de física, a astronomia é uma parte tão linda da história da ciência. Para quem não gosta, faz ver que a física não é tão ruim quanto parece;.
Para o professor João Batista Garcia Canalle, do Instituto de Física da Universidade Estadual do Rio, astrônomo e coordenador nacional da OBA, os alunos participantes entram em um ritmo mais acelerado de estudo e isso acaba se refletindo em outras atividades. ;É como se ele se preparasse para uma maratona de 40 quilômetros e as provas da escola fossem uma corrida. Nenhuma ciência independe da outra e ele está se preparando para algo muito mais desafiador. Então, automaticamente, o aluno vai lá para cima em termos de notas;.