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Uma década de cotas raciais na UnB é analisada em audiência pública

postado em 21/03/2014 10:08
[SAIBAMAIS]Na manhã desta sexta-feira (21/3), cerca de 150 alunos, professores e servidores da Universidade de Brasília (UnB) participaram de audiência pública, marcada para às 10h, no Anfiteatro 9 do câmpus Darcy Ribeiro para discutir o futuro das cotas raciais na instituição. O relatório , elaborado por uma comissão designada pela reitoria, será usado como base para o debate. O estudo aborda dados sobre rendimento acadêmico, número de cotistas formados e quantitativo da população negra.

O Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (Cepe) deve votar, em 3/4, a continuidade da reserva de 20% de vagas do vestibular para negros. O sistema de cotas é adotado desde o segundo semestre de 2004. Até o primeiro semestre de 2013, mais de 64 mil se inscreveram no vestibular pelo sistema de cotas para negros. Atualmente há cerca de 3,4 mil estudantes e aproximadamente 2 mil ex-alunos que ingressaram na UnB pelo sistema. Há mais de 1,6 mil desistências: 469 por abandono de curso, 998 por desligamento por não cumprimento de condição e 217 por reprovação na mesma disciplina três vezes.

Durante a audiência, José Jorge de Carvalho, professor de antropologia da UnB, defendeu a diminuição do percentual destinado a cotas raciais para 5% das vagas. Ele acredita que as cotas sociais não devem substituir as cotas raciais para garantir o acesso de negros que não são pobres à universidade. ;A UnB não pode retroceder;, alegou.

A estudante de línguas estrangeiras aplicadas Joyce Rosa Santos, 25 anos, integrante do grupo Afroatitude sofreu racismo na escola e na universidade e defende a continuidade do sistema de cotas. ;Apenas as cotas sociais representam um retrocesso e não abrangem o problema como um todo;, explica. Um grupo de 30 alunos do Centro de Ensino Médio 414 de Samambaia esteve no local para manifestar apoio à continuidade do sistema de cotas.

Na Faculdade de Direito, o conselho do curso se reuniu e aprovou uma comissão para avaliar a possibilidade de instituir cotas para a pós-graduação e para o concurso de docentes, como contou a professora Alejandra Pascoal. Atualmente, as únicas pós-graduaçãos da instituição que têm reserva de cotas para negros são as dos cursos de sociologia e antropologia.

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