Três brasilienses compõem grupo de 30 jovens que vão sair do Brasil para estudar medicina na Universidade Médica Estatal de Kursk (KSMU, sigla em inglês), na Rússia. Em 23 de fevereiro, Bernardo Oliveira, 17 anos, Gabriel Franco, 19, e Julia Lopes, 18, viajarão para São Paulo, onde encontrarão outros aprovados e seguirão rumo ao país estrangeiro. A universidade está entre as dez melhores na classificação russa e foi a primeira a oferecer o curso de medicina em inglês. Há estudantes de mais de 30 países do mundo frequentando a Estatal de Kursk.
A história dos três começou quando Júlia viu a foto de um amigo de infância no Facebook e se interessou pelo programa. ;Eu perguntei o que era e como ele tinha conseguido. Depois fui pesquisar mais e contei para o Bernardo;, explica. Os amigos sempre quiseram fazer medicina, ela para ajudar as pessoas, ele por gostar do desafio de pesquisar e descobrir coisas novas na área de saúde. Ao entrar em contato com a Aliança Russa, representante oficial das principais universidades do país no Brasil desde 2005, os estudantes foram orientados a enviar documentação para permanência legal e realizar entrevista por telefone.
Gabriel começou a fazer psicologia na Universidade de Brasília (UnB), mas desistiu para tentar medicina. ;Eu me daria bem na psicologia, mas gosto também de tecnologia, biomedicina, e acho a biologia do corpo humano muito interessante;, conta. Ele ficou sabendo da oportunidade por um professor do cursinho. ;Enviei meus documentos sem esperança, ai me chamaram para a entrevista e passei. Foi bem surpreendente;, completa. Para se preparar, começou curso intensivo de russo com uma professora que morou seis meses no destino.
Os três calouros veem uma oportunidade para conhecer culturas diferentes e aprender a língua. ;Vou voltar fluente em russo!”, comenta Bernardo. Ele acha que a parte mais difícil de morar longe dos pais vai ser cuidar da casa. Júlia também nunca morou sozinha e acha que a experiência vai ser uma chance de amadurecer, crescer e encontrar "rumo na vida". "Porque meus pais não são eternos;, brinca.
O ex-aluno de psicologia está mais preocupado com a rotina de estudos, que acredita ser bem cansativa. ;Tem aula de segunda a sábado e tem que se dedicar todo dia. Lá não é o mesmo esquema de ensino do Brasil; , explica Gabriel. As turmas de medicina da Universidade variam de 6 a 10 pessoas e os alunos realizam provas ao fim de cada dia letivo. ;Mas a casa também vai ser um negócio complicado;, Gabriel concorda com Júlia e Bernardo.
O curso é gratuíto para russos, mas alunos estrangeiros pagam taxa semestral de US$3100 (equivalente a R$ 12.245*), incluindo moradia na universidade e seguro médico. ;A gente tem que fazer muitos exames e traduzir documentos e esse investimento inicial saiu caro, mas lá, a gente gasta cerca de 2 mil reais por mês, com boa qualidade de vida;, explica Júlia.
Os documentos necessários são: preenchido e assinado; RG e CPF dos pais e do estudante, currículo pessoal (modelo de Currículo Vitae); cópia do histórico escolar e do certificado de conclusão do ensino médio e comprovante de residência. A entrevista é realizada com a diretora da Aliança Russa, que busca traçar um perfil a partir de perguntas sobre rendimentos escolares e sobre a personalidade dos candidatos.
As próximas inscrições serão realizadas entre os meses de abril e julho ainda sem datas definidas, e a universidade atende também aos cursos de farmácia, odontologia, engenharia espacial, de gás e petróleo e mecatrônica, química, arquitetura e urbanismo, direito internacional, cinema e ecologia.
*No fechamento desta matéria o dólar valia R$ 3,95.