Estudantes de medicina da Universidade de Brasília (UnB), em greve, realizaram nessa manhã um protesto em frente ao Palácio do Buriti. Os alunos reivindicam a assinatura do contrato entre o Hospital Universitário de Brasília (HUB) e a Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal e a implementação do Contrato Organizativo de Ação Pública, Ensino e Saúde (Coapes), que permitirá a regionalização do ensino em saúde no DF e o fortalecimento da integração ensino-serviço-comunidade. Duas vias do Eixo Monumental, sentido Memorial JK, foram fechadas pelos estudantes. Policiais fizeram um cerco ao redor da manifestação, onde alguns deles estavam em alerta com cacetetes na mão.
A manifestação é o primeiro ato após a decisão de paralisar as atividades, aprovada ontem por aproximadamente 350 estudantes em assembleia. O protesto foi encerrado às 14h50min, mas o comitê de greve, formado por integrantes do Centro Acadêmico de Medicina, está em reunião com o subsecretário dos Movimentos Sociais e Participação Popular, Acilino José Ribeiro de Almeida. Na noite de hoje será realizada mais uma assembleia dos alunos e um sarau de resistência, que será uma roda de conversa a fim de dialogar a importância da greve.
Entenda
O contrato permite que os alunos atuem em Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da região leste (Paranoá, Itapoã e São Sebastião) do Distrito Federal desde o primeiro semestre do curso. ;Precisamos ter uma visão do todo, porque você lidará com gente e não com um fígado, um coração, um pulmão, precisamos nos formar como um médico generalista e humano;, acredita a aluna do 2; semestre Letícia Resende, 18 anos.
O contrato é resultado da reformulação do currículo do curso de medicina da UnB que foi implementado no segundo semestre de 2015, após quase quatro anos de luta dos estudantes. ;Sou da primeira turma com o currículo novo de medicina, e acredito que precisamos da experiência para nos formarmos como médicos generalistas, e não ter um pouquinho de especialidade em alguma coisa;, complementa.
A reclamação dos estudantes é que, enquanto estagiam apenas no HUB, só têm acesso a casos especiais, e o ideal seria aprender a lidar com os atendimentos básicos de saúde, distorção que seria corrigida com a atuação nas UPAS prevista em contrato. ;Desde que eu era calouro, percebi as dificuldades enfrentadas por nós causadas por um currículo defasado. Queremos que mais alunos se interessem. Esse protesto mostra que os estudantes de medicina realmente se importam com o aprendizado, e em estudar com qualidade. É para isso que precisamos nos mobilizar;, explica Matheus Ravel Timo Barbosa, 21 anos, do sétimo semestre de medicina.
Recursos e estagiários
O contrato também é importante porque prevê repasse de verbas da Secretaria de Saúde para o HUB. Segundo Manoel Victor Ferreira, funcionários terceirizados do hospital entraram em greve em julho após três meses sem receber o salário. Ainda de acordo com o membro do Camed, esse problema seria resolvido com o recebimento dos recursos da SES.
Quem também aderiu à greve foram os estudantes do último semestre de medicina, que fazem estágio obrigatório no hospital. Eles também protestam para que o HUB receba mais recursos. O Camed informou que os estagiários grevistas não estão mais atendendo no HUB, apenas nas UPAs da região leste.
Entrave burocrático