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Servidores e estudantes da Uerj fazem ato em defesa da instituição

postado em 07/06/2017 20:16

Alunos e servidores da Uerj fazem manifestação contra salários atrasados e incertezas sobre repasses de verbas à instituição

A comunidade acadêmica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) promoveu novo ato hoje (7) em defesa da instituição, que vive a pior crise financeira de sua história. O participantes do protesto marcharam pela avenida 28 de Setembro, em Vila Isabel, na zona norte, e passaram pelos prédios do Hospital Universitário Pedro Ernesto e das faculdades de Odontologia e Enfermagem, terminando na Praça Barão de Drummond, no mesmo bairro.

Os professores, funcionários e estudantes fizeram vários protestos para denunciar o abandono da instituição. Sem verba, foi adiado por diversas vezes e aconteceu efetivamente em 10 de abril. Os salários e as bolsas estão atrasados há mais de dois meses, bem como o 13; salário de 2016, e faltam recursos para a manutenção do campus e das 13 unidades espalhadas pelo estado.

A vice-reitora da Uerj, Maria Georgina Muniz Washington, disse que a situação está tão precária que professores estão até fazendo vaquinha para comprar materiais de limpeza, entre outros. ;Está muito difícil, mas temos que resistir. Este ano, houve zero de repasse. O pessoal da manutenção também está resistindo, mas não tem material de limpeza. Até quando, não sabemos, mas estamos na luta", declarou.

Procurada, A Secretaria de Fazenda do estado contestou a afirmação da vice-reitora de que não houve repasses e afirmou que transferiu recursos. O órgão afirmou que está fazendo um levantamento dos valores.

Hospital universitário

O técnico universitário Igor Conde trabalha no Hospital Pedro Ernesto e contou que a categoria está em greve desde janeiro, não apenas pelos salários atrasados, mas também devido à falta de condições de trabalho.

;Faltam medicamentos, fios para fazer a cirurgia, bandagens. Os elevadores estão funcionado precariamente, a limpeza está muito ruim. Foram demitidos mais de mil terceirizados de limpeza e manutenção no ano passado e esse efetivo não foi reposto;, disse Conde.

;E com três salários atrasados, muita gente está sendo despejada, estamos fazendo campanha de doação de alimentos, pois alguns estão passando necessidade, fome, principalmente os aposentados, que têm custos com remédios e ainda ajudam a família. Uma situação realmente penosa;.

O diretor do Centro Biomédico da instituição, Mário Carneiro, lembrou que a Uerj atua em vários outros setores da sociedade fluminense, que estão carentes de serviços e cuidados que foram interrompidos pela falta de verbas. ;O [hospital] Pedro Ernesto, por exemplo, atende vários tipos de situações que outros hospitais não atendem. O hospital só está funcionando porque recebeu dinheiro através dos arrestos judiciais;.

Atendimento psicológico

Estágios e parcerias com órgãos públicos foram suspensos, desfalcando equipes nos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps), no Departamento Geral de Ações Socioeducativas e no Instituto Benjamin Constant para deficientes visuais, entre outras instituições.

O Serviço de Psicologia Aplicada, que atende a comunidade externa e a interna, também foi prejudicado, destacou a diretora do Instituto de Psicologia, Márcia Mota. ;Em 2015, atendíamos 304 pessoas por mês somente na clínica e hoje só podemos atender 42. Fazíamos 900 triagens por mês e hoje não fazemos nenhuma, pois não temos mais estrutura para atender;, contou.

"Os pacientes geralmente estão em sofrimento e não podem ter o tratamento interrompido. Muitos eram atendidos por estagiários, mas com a instabilidade das bolsas, fica muito complicado manter o serviço. Os funcionários estão pagando para trabalhar. Então só podemos garantir de estabilidade hoje, nas condições que temos, para essas 42 pessoas;, completou a diretora.

As triagens também serviam como processo de aprendizado dos alunos. ;Isso vai prejudicar ainda mais formação deles, porque o semestre começou e eles terão que compensar isso em algum momento e não sabemos se conseguirão nos próximos semestres;, disse Márcia.

De acordo com a vice-diretora do Instituto de Psicologia, Ana Maria Feijó, a crise também está afetando psicologicamente os alunos. ;Temos muitas pessoas pensando em suicídio. Alegam que estão desanimadas, desinteressadas e que o fato de alguns já estarem em estágios que prometem contratação [e outros não] faz com que isso fique ainda pior. A demanda tem sido tão grande que só estamos podendo atender a comunidade interna;, relatou .

Apesar da crise, a universidade está na 11; primeira posição em qualidade entre as 195 universidades brasileiras e a 20; na América Latina.

De acordo com o governo de Luiz Fernando Pezão o do estado vai possibilitar em breve ajudar financeiramente a universidade e colocar em dia os pagamentos dos atrasados do funcionalismo público e regularizar contratos e repasses de verbas.

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