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UnB retomará debate sobre verificação de cotas para negros e índios em 2018

Possibilidade de criação de uma banca de verificação deve ser o maior desafio da universidade após a investigação de fraudes ao sistema por pessoas que se autodeclararam negras ou indígenas. Próximo encontro da comissão responsável está marcado para janeiro


A possível volta das bancas de verificação está no centro do debate ; hoje, o critério é a autodeclaração. Todos concordam que a universidade sacramentar a raça dos seus alunos definindo quem é negro e quem não é constitui uma tarefa espinhosa. O receio é de haver constrangimento e discriminação durante a aferição. Normalmente, as bancas de verificação analisam o estudante levando em consideração a cor da pele e outras características, como textura de cabelo, formato do nariz e dos lábios.

Avaliação

Na opinião do professor José Jorge de Carvalho, do Departamento de Antropologia da UnB e idealizador do sistema de cotas, a banca é a melhor forma de coibir fraudes. ;O constrangimento, que é usado como argumento contrário, não é motivo para não ter. Quando se passa no raio-x do aeroporto há constrangimento. Não há ofensa na verificação. A banca é o mecanismo que diminui o erro;, pondera.

[SAIBAMAIS]Indira Quaresma, conselheira da Ordem dos Advogados do Brasil, foi coordenadora da Comissão de Igualdade Racial e avalia ser necessário o mecanismo. ;Há negros que se sentem constrangidos. Mas, infelizmente, há casos de fraude. Tem que cercar de todas as formas para garantir a promoção social para o grupo que tem direito;, explica. Ela destaca que quem frauda o sistema de cotas pode responder pelo crime de falsidade ideológica.

A professora Francisca Cordélia, do Departamento de Linguística da UnB, é estudiosa do sistema de cotas e seus efeitos. Ela é enfática na defesa das bancas. ;A verificação é feita por profissionais que são preparados para essa função. Temos a dificuldade de identificação racial no Brasil, mas essa é a principal forma de evitar fraudes;, destaca.

O chefe de Gabinete da Reitoria, Paulo César Marques, defende que o trabalho da comissão de sindicância ; composta por dois professores e um servidor da universidade para avaliar as denúncias de fraude ; e a verificação das bancas não criam nenhum tipo de constrangimento ou injustiça aos alunos. ;A questão é um assunto público, numa instituição pública. Faremos a investigação das fraudes com todo cuidado e adotaremos o melhor critério de verificação para os cotistas;, garante.