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Universidades do Amazonas, Ceará e Bahia criam disciplina sobre o 'golpe'

Após manifestação contrária do ministro da Educação, número de instituições que fundaram a matéria cresce

Felipe de Oliveira Moura*
postado em 28/02/2018 16:32
Mais três instituições de ensino superior se juntaram à UnB e vão ofertar disciplina que trata o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016 como ;golpe;. As universidades federais do Ceará (UFC), Amazonas (UFAM) e da Bahia (UFBA) confirmaram a oferta da matéria nas grades para esse semestre.
Até agora seis instituições manifestaram apoio ao professor do Instituto de Ciência Política (Ipol) da UnB, Luís Felipe Miguel, criador da disciplina ;o golpe de 2016 e o futuro da Democracia no Brasil;. Antes, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) tinham aderido à proposta.
A federal do Amazonas teve a iniciativa do professor César Augusto Queiroz para a criação da matéria ;História do Brasil IV; que será ofertada pelo Departamento de História. De acordo com o professor, o ato se deu em solidariedade ao docente Luís Felipe Miguel e, sobretudo, como manifestação de repúdio à reação do MEC à disciplina. ;Em um estado democrático qualquer tentativa de cerceamento do pensamento intelectual é condenável;, critica.
Segundo o professor, a ementa pretende ser mais abrangente do que a da UnB e busca discutir ;os golpes e crises institucionais que ocorreram desde a Era Vargas em 1930;. ;Tem havido uma grande procura por matrículas não apenas de alunos do curso, mas de outros cursos e de pessoas que não são da universidade manifestando interesse em participar como ouvintes;, afirma.
Na UFC, a disciplina ;tópicos especiais 4; que aborda o ;golpe; será oferecida pelo Departamento de História e, embora o programa não tenha sido finalizado, as aulas estão previstas para início em 8 de março.
A UFBA teve adesão de 22 professores que pretendem oferecer a disciplina ;Tópicos Especiais em História: o golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil;. Será ofertada pelo Departamento de História (FFCH) e estará aberta ao público em geral, que poderá participar como ouvinte.

Entenda a polêmica

No início do mês a UnB anunciou a criação da disciplina por meio do Ipol. Em resposta, o ministro da Educação, Mendonça Filho, afirmou que denunciaria a instituição aos órgãos competentes, e que considerava haver "indicativos claros de uso de toda uma estrutura acadêmica, custeada por todos os brasileiros com recursos públicos, para benefício político e ideológico de determinado segmento partidário".
Mendonça Filho foi denunciado pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República e tem dez dias para prestar esclarecimentos sobre abuso de poder ao solicitar medidas contra a instituição.
[SAIBAMAIS]

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