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Primeira aula da disciplina 'Golpe de 2016' na UnB tem segurança reforçada

Disciplina ofertada pelo Instituto de Ciência Política (Ipol) tem 50 alunos matriculados e uma lista de espera com o nome de outros 40 interessados

Bruna Lima - Especial para o Correio, Isa Stacciarini
postado em 05/03/2018 20:59
Disciplina foi transferida para uma das salas de aula do Ipol
O primeiro dia de aula da disciplina "O golpe de 2016 e o futuro da democracia do Brasil" teve acesso restrito a estudantes regularmente matriculados na Universidade de Brasília (UnB). Os alunos também não serão autorizados a filmar ou registrar os encontros em gravações de mídia. Ofertada pelo Instituto de Ciência Política (Ipol), a matéria causou polêmica ao classificar o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff como golpe.
Nesta segunda-feira (5/3), houve mudança do local das aulas. Os encontros ocorreriam no Pavilhão João Calmon, mas passaram para uma das salas no Ipol. Segundo a UnB, a mudança se deu porque o Ipol é um prédio mais espaçoso. Foto que circula nas redes sociais mostra seguranças na porta da sala. A UnB informou que o objetivo ;foi manter a normalidade;, mas garantiu o direito à manifestação. De acordo com a instituição, não houve reforço no número de seguranças, apenas se manteve a equipe que normalmente vigia o prédio.

Ao todo, 50 estudantes de graduação estão matriculados na disciplina e existe uma lista de espera com o nome de aproximadamente 40 alunos. A disciplina é ofertada pelo professor Luis Felipe Miguel. Na página pessoal do Facebook, o docente publicou um texto, em 26 de fevereiro, informando que a entrada na sala ficou restrita a estudantes regularmente matriculados por uma decisão tomada em conjunto com a Reitoria, com ;o objetivo de garantir a segurança da turma, dificultar a ação de provocadores e possibilitar o melhor andamento possível do curso;.
O docente também esclareceu que não haverá nenhum tipo de transmissão ou filmagem das aulas, ;tanto para evitar qualquer questionamento jurídico quanto para que nenhum estudante se sinta inibido para participar em sala de aula;. Ele ressaltou, no texto, que ;eventuais formas de publicização de conteúdos serão à parte da disciplina;.
De acordo com a UnB, o regulamento da universidade prevê que as gravações não são permitidas. Segundo a instituição, cabe ao professor abrir exceções. No caso da disciplina, alunos ouvintes também não serão permitidos a frequentar os encontros. De acordo com a UnB, o professor só está cumprindo os requisitos de praxe e, no entendimento da instituição, ;a excepcionalidade se deu só pelo tema, e não pelo funcionamento (da aula);.
Além da UnB, ao menos quatro instituições já confirmaram que vão oferecer cursos com o mesmo teor: Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Depois do anúncio da disciplina, professores de outras cinco instituições também se manifestaram a favor da criação de cursos que caracterizam o impeachment de Dilma, em 2016, como "golpe", como a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e Universidade Federal de São João del-Rey (UFSJ).
O que esquentou o debate nas redes sociais foi a divulgação, por parte do Ministério da Educação (MEC), da intenção de pedir aos órgãos competentes que avaliem possível improbidade administrativa, alegando proselitismo político e ideológico de uma corrente política.

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