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Protesto de alunos e servidores da UnB tem confronto com a PM e três presos

Participantes fecharam o trânsito na Esplanada dos Ministérios e MEC aceitou receber representantes de estudantes, servidores e professores

Neyrilene Costa*
postado em 10/04/2018 11:52
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O protesto que estudantes, professores e servidores da Universidade de Brasília (UnB) realizam nesta terça-feira (10/4) contra cortes no orçamento da instituição resultou em confronto com a Polícia Militar e a interrupção do trânsito em uma das vias da Esplanada dos Ministérios.

Segundo a PMDF, três alunos foram detidos ; um por desacato, um por pichação e outro por dano ao prédio do Ministério da Educação, na frente do qual os manifestantes se concentram. Policiais se posicionaram diante do edifício para impedir uma invasão, e o governo acabou aceitando em receber um grupo de seis representantes da manifestação: dois membros do Diretório Central de Estudantes (DCE), dois do sindicato dos servidores e dois professores.

A organização do ato disponibilizou quatro ônibus para transportar os manifestantes do câmpus Darcy Ribeiro, no Plano Piloto, para a Esplanada. O protesto reúne cerca de 700 pessoas segundo a PM, embora os manifestantes falem em 2 mil.

O momento de maior tensão aconteceu por volta das 11h, quando policiais e manifestantes entraram em confronto. Os estudantes atiraram pedras, pedaços de madeira e sinalizadores nos PMs que faziam a segurança do prédio do MEC. Os militares, por sua vez, usaram gás de pimenta para dispersar os manifestantes. Nessa hora, uma vidraça foi estilhaçada e manifestantes foram agredidos.
Mais tarde, já por volta das 14h, os manifestantes invadiram as pistas da Esplanada dos Ministérios e paralisaram totalmente o trânsito entre o Congresso e a Rodoviária, causando engarrafamento na via e em áreas ao redor.

Apoio do Conselho Univesitário

A UnB vive uma grave crise financeira. Para 2018, ela tem um orçamento previsto de R$ 1,7 bilhão, 2% maior do que o ano passado. Segundo a Reitoria, a verba não cobre as despesas e deve gerar um deficit de R$ 92 milhões até o fim do ano. Há informações de que terceirizados serão demitidos, o que o protesto busca evitar.

A mobilização foi organizada pelo DCE, pelo Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub) e pela Federação de Sindicatos de Trabalhadores em Educação das Universidades Brasileiras (Fasubra). O Conselho Universitário, em reunião realizada na última sexta-feira (6) manifestou apoio ao pedido do DCE para que não houvesse prejuízo acadêmico aos estudantes que participassem do ato desta terça-feira (10/4).

O que dizem os manifestantes

>> Para a professora do Instituto de Artes da UnB Fátima Santos, 44 anos, é hora de a universidade reagir. "A gente tem visto a instituição ser sucateada. Os cortes vão além dos terceirizados. Também estamos sofrendo com a falta de bolsas de pesquisa na pós-graduação. Não podemos deixar a universidade voltar a ser de elite."

Participantes fecharam o trânsito na Esplanada dos Ministérios e MEC aceitou receber representantes de estudantes, servidores e professores
>> Manuela Costa Neto, 18, está no terceiro semestre de ciências sociais e faz parte do Centro Acadêmico de Antropologia. A estudante considera o ato importante porque a UnB está na capital do país. "Por estarmos bem ao lado do MEC, temos de representar o país e mobilizar outras universidades para o movimento da educação pública, que está em risco", afirma.

Participantes fecharam o trânsito na Esplanada dos Ministérios e MEC aceitou receber representantes de estudantes, servidores e professores
>> Para Átila Resende, 24, estudante de arquitetura, a luta pela educação é de todos. "Estamos aqui pela manutenção da universidade, dos terceirizados e das assistências. Este é o primeiro passo para defendermos a educação pública", defende.

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>> Ex-diretora da Faculdade de Ciências da Saúde e professora de saúde pública, Maria Fátima de Sousa também apoia o movimento da UnB. "A UnB não vai abaixar a cabeça", diz.

Participantes fecharam o trânsito na Esplanada dos Ministérios e MEC aceitou receber representantes de estudantes, servidores e professores
>> Delane Araújo, 23 anos, é terceirizada da limpeza e acha que todos estão perdendo com os cortes. De acordo com ela, as demissões do ano passado provocaram aumento de trabalho para quem permaneceu na equipe da instituição. "Estamos fazendo o trabalho de duas ou mais pessoas. Isso é uma falta de respeito. Estamos aqui para lutar contra isso", pontua.
>> Yasmin Carvalho, 19, é aluna do segundo semestre de serviço social e também participa do protesto. "Estamos aqui para reinvindicar os direitos de todos. Nós sabemos da importância de todos na universidade. Precisamos que todos tenham condições dignas para que alunos e servidores se mantenham na universidade."
>> A deputada federal Érika Kokay (PT-DF) discursou no movimento e apoia a manifestação dos estudantes. "A universidade vive uma questão muito séria de cortes de gastos. Então, temos de nos manifestar", afirmou.
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*Estagiária sob a supervisão de Ana Sá
Com informações da Agência Estado

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