Ensino_EnsinoSuperior

Impasse entre MEC e UnB continua; comunidade acadêmica espera audiência

Estudantes, professores, técnicos e terceirizados cobram explicações sobre o repasse de recursos para a universidade. Reitoria deve responder alegações do MEC amanhã

Augusto Fernandes
postado em 11/04/2018 19:55
Ontem, estudantes, professores e funcionários da universidade entraram em confronto com a polícia durante manifestação
Após os confrontos em manifestações na última terça-feira (10/4), envolvendo estudantes, professores e funcionários da Universidade de Brasília (UnB) e a Polícia Militar, a comunidade acadêmica espera audiência pública com o Ministério da Educação (MEC) para discutir a atual situação de crise financeira pela qual passa a instituição de ensino superior.

A reivindicação foi feita depois que 120 manifestantes invadiram o prédio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), por volta das 15h de terça-feira. Os ocupantes só saíram do local às 21h, depois de receberem a visita do secretário executivo adjunto do MEC, Felipe Sigollo, e ouvirem dele que ;o ministério está aberto ao diálogo tanto com a direção da UnB, que já foi recebida em diversas oportunidades, quanto com os estudantes, que desejam ver a instituição fortalecida e respeitada como foi durante sua história;.
[SAIBAMAIS]Enquanto o diálogo não ocorre, o Comitê em Defesa da UnB prometeu continuar com mobilizações. "Temos que mobilizar a sociedade para mostrar que a Universidade de Brasília é um patrimônio do Distrito Federal e do Brasil. O problema não está aqui (na UnB). Queremos que o MEC se explique", afirmou o representante do grupo Mauro Mendes.

Ainda de acordo com Mauro, todos os setores da UnB estão unidos para defender a instituição. "Não abriremos mão de lutar pela nossa universidade. É a educação que estamos defendendo. O momento é de resistência, porque a universidade é da sociedade", destacou.

Crise financeira

A Reitoria da UnB calcula um deficit de R$ 92 milhões este ano. Para cobrir o rombo orçamentário, entre as possibilidades levantadas pela instituição estão o corte nos contratos de serviços terceirizados, aumento do valor da refeição do Restaurante Universitário e mudanças nos contratos de estágio.
Em nota, intitulada "A verdade sobre a UnB", o MEC respondeu que os dados apresentados aos estudantes e à comunidade acadêmica pela direção da UnB são incompatíveis com os dados da Subsecretaria de Planejamento e Orçamento do Ministério da Educação, uma vez que o orçamento global da universidade aumentou de R$ 1.667.645.015, em 2017, para R$ 1.731.410.855, em 2018.
Ainda segundo a pasta, para custeio, a UnB teve aumento de 12% no orçamento considerando todas as fontes de recursos. O MEC garantiu que já disponibilizou à universidade 60% da verba prevista para esses gastos em 2018. A universidade prepara resposta às alegações do ministério, que deve ser divulgada na quinta-feira (12/4).

Propostas

Ao longo da reunião no prédio do FNDE, de acordo com o MEC, duas propostas principais foram apresentadas pelos estudantes: uma audiência pública, em local a ser definido, e a realização de uma auditoria na Universidade de Brasília. O MEC analisa os pedidos e disse entender que qualquer discussão mais ampla em audiência pública precisa ser realizada após o resultado dessa auditoria.

Antes da conciliação, contudo, os manifestantes depredaram o prédio. Segundo o FNDE, eles furaram o bloqueio da segurança e ocuparam todos os 15 andares do edifício. Câmeras de segurança foram arrancadas, portas arrombadas, o forro do teto de algumas salas arrancado, servidores agredidos e vidros quebrados. O órgão não conseguiu calcular os prejuízos causados à estrutura do prédio.

Mais cedo, entre as 11h e as 12h de ontem, um grupo de manifestantes tentou invadir o prédio do MEC, na Esplanada dos Ministérios. Militares responderam com gás lacrimogêneo para impedir a ação. Na sequência, os estudantes arremessaram paus e pedras nos policiais e uma vidraça foi estilhaçada. Policiais intensificaram o uso de gás de pimenta, provocando a dispersão. Três estudantes foram detidos e levados à Superintendência da Polícia Federal por desacato, pichação e dano ao patrimônio público. Todos foram liberados e vão responder às acusações em liberdade.



Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação