Estudantes da Universidade de Brasília (UnB) dão continuidade, neste domingo, às manifestações contra os cortes orçamentários e permanecem na reitoria da instituição. Na tarde de ontem, a reitora da UnB, Márcia Abrahão, esteve no local para conversar com os alunos. Após a reunião, ela assinou uma declaração, na qual se comprometeu a não penalizar administrativamente estudantes e trabalhadores envolvidos na ocupação. Porém, eventuais danos ao patrimônio serão apurados. Uma versão do documento foi publicada na página do movimento #OcupaUnB, no Facebook.
Não há previsão de quando a reitoria será liberada. Na quinta-feira, cerca de 500 estudantes ocuparam o prédio, segundo a Polícia Militar, mas o número atualizado não foi informado. Os vigilantes da universidade não têm acesso ao edifício, e a chegada e a saída de pessoas ocorrem a todo momento. Barricadas com contêiner de lixo impedem o acesso ao estacionamento do local, e as rampas estão bloqueadas com cadeiras e bancos. O movimento pede transparência nas contas e luta contra algumas medidas, como o aumento nos preços do Restaurante Universitário (RU) e a demissão dos terceirizados. De acordo com o coordenador do Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores da UnB (Sintfub), Maurício Sabino, a categoria apoia a ocupação na reitoria, e uma assembleia com indicativo de greve por parte dos servidores está prevista para esta semana.
[SAIBAMAIS]
Crise financeira
A UnB enfrenta uma grave crise financeira. O rombo nas contas deve gerar um deficit orçamentário de R$ 92 milhões até o fim do ano. Embora o orçamento para 2018 seja de R$ 1,7 bilhão, o dinheiro não é suficiente para pagar todas as despesas e os custeios. Na quinta-feira, o chefe de gabinete da reitoria afirmou ao Correio que os estudantes também cobram um debate público, com participação da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, para tratar a questão.
Um ato público está marcado para amanhã, durante o qual os estudantes debaterão as finanças da UnB. Segundo o Ministério da Educação (MEC), os dados apresentados são incompatíveis com os da Subsecretaria de Planejamento e Orçamento do órgão. O MEC acrescentou que o orçamento global da universidade aumentou de R$ 1,6 bilhão em 2017 para R$ 1,7 bilhão neste ano e que, para auxílio de custeio, a instituição teve um aumento de 12% no orçamento, considerando todas as fontes de recursos. Por fim, o ministério informou que liberou 60% do valor de custeio de 2018.
Colaborou Jéssica Eufrásio (Especial para o Correio)