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Com as ocupações, UnB se vira para manter atividades administrativas

Os pagamentos do próximo mês estão garantidos, ao menos por enquanto. Estudantes e a reitoria terão reunião na quinta-feira (19)

Felipe de Oliveira Moura*
postado em 18/04/2018 15:26

Os pagamentos do próximo mês estão garantidos, ao menos por enquanto. Estudantes e a reitoria terão reunião na quinta-feira (19)

A Reitoria da Universidade de Brasília (UnB) está ocupada por estudantes há sete dias e não há previsão para que o movimento acabe. A boa notícia é que a ocupação não deve comprometer a folha de pagamento dos funcionários da instituição. ;É bem provável que a gente não tenha prejuízo com a confecção da folha de pagamento dos funcionários tampouco com pagamento de fornecedores;, afirma o chefe de gabinete da reitoria, Paulo César Marques. Segundo a Assessoria de Comunicação da instituição, ;os arquivos estão armazenados na núvem, podem ser acessados e trabalhados sem problemas;.

Embora o impasse entre os alunos e o Ministério da Educação (MEC) por causa da crise orçamentária que atinge a universidade não tenha sido resolvido até o momento, os departamentos e os decanatos que integram o prédio foram deslocados para instalações temporárias em outras partes da universidade.

As atividades essenciais não foram interrompidas, e os espaços de outras unidades administrativas e acadêmicas têm sido utilizados para isso. O Decanato de Assuntos Financeiros (DAF), por exemplo, funciona no Centro de Informática, o CPD. ;Não há prejuízo às atividades. As condições são precárias, mas aqueles que não estão presentes no dia a dia da universidade estão trabalhando de casa;, informou a assessoria da instituição. Os funcionários fazem atividades remotamente.

No entanto, os estudantes que concluem os cursos de graduação e pós-graduação neste semestre não estão recebendo os diplomas desde segunda-feira. ;As colações estão ocorrendo, mas os alunos não recebem o diploma. Tem cerimônia, mas terão de pegar o certificado depois;, explica Paulo César Marques.

Indicativos do movimento

A ocupação do prédio da Reitoria ocorreu por volta das 14h30 de quinta-feira (12), após decisão em assembleia estudantil no Ceubinho. Os manifestantes continuam exigindo audiência pública com a presença de representantes do MEC e da UnB, além da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.Também pedem auditoria nas contas da instituição e a manutenção de contratos de funcionários terceirizados, sem cortes de pessoal.

A estimativa da Polícia Militar era de que cerca de 500 estudantes estavam dentro do prédio no dia do ato de ocupação, mas ninguém informa a quantidade de pessoas no local atualmente.

Em assembleia nesta terça-feira (17), os estudantes haviam decidido reter materiais de limpeza dos terceirizados por causa de um corte de 231 funcionários e 10 encarregados terceirizados. O objetivo, segundo o movimento, era ;pressionar politicamente a reitoria;. Eles devolveram os materiais, após a prefeitura do câmpus fazer um boletim de ocorrência.

Segundo a liderança do movimento, dois eventos ocorrerão nas próximas semanas. Uma assembleia geral está prevista para a próxima terça-feira (24) e uma nova paralisação em frente ao MEC para ;exigir a liberação da verba da UnB; deve ser feita na quinta-feira (26).

Na página oficial do movimento no Facebook ;OcupaUnB;, estudantes pedem doações de alimentos e produtos de higiene para se manterem dentro do prédio. Uma barricada com poltronas e cadeiras das salas continua impedindo o acesso ao prédio, exceto para aqueles que comprovarem ser estudantes, mostrando a carteirinha. Os responsáveis pela ocupação se negam a dar entrevistas e a conversar com a imprensa.

Conforme decidido na última segunda-feira (16) em reunião preparatória na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira (19), ocorrerá uma mesa pública, às 14h30, no auditório da Faculdade de Direito. A Reitoria confirmou presença.

O posicionamento da gestão agora é esperar que, após o ato, haja a desocupação do prédio. ;A gente acha que não precisava nem ter ocupado, porque tudo o que pediram da UnB ela vinha fazendo e tem feito. Tudo de acordo com o que foi acordado, então não tem porque não desocupar a partir da realização do evento amanhã;, completou Paulo César.

Os pagamentos do próximo mês estão garantidos, ao menos por enquanto. Estudantes e a reitoria terão reunião na quinta-feira (19)

Entenda

A crise orçamentária da UnB envolve um déficit de R$ 92 milhões e é marcada por diferenças entre o que dizem a universidade e o MEC. A UnB aponta que teria dinheiro para custear as despesas somente até maio e que corre o risco de interromper as atividades em agosto. O órgão, no entanto, afirma que o valor repassado à instituição cobre os gastos até o fim do ano e acusa a reitoria de ;má gestão; dos recursos transferidos.

O chefe de gabinete da UnB, Paulo César Marques, explicou que a diferença se deve em razão de a universidade apresentar o orçamento com que de fato opera e o MEC mostrar o orçamento geral. "O ministério pontuou os montantes gerais, mas a gente sequer vê a cor desse dinheiro. Inclui aposentadoria, por exemplo. A gente trabalha com o que sobra do orçamento para custeio, despesa, investimento etc.", esclareceu.

*Estagiário sob a supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

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