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UnB investe R$ 1,6 milhão na instalação de 350 câmeras de segurança

Em meio à sua maior crise financeira, Universidade de Brasília destina alto valor para a compra e instalação de 350 equipamentos de vigilância. Administração alega se tratar de verba do MEC destinada apenas a investimento

Luiz Calcagno
postado em 26/04/2018 06:00

Estudantes ocuparam a Reitoria da instituição por causa de cortes no orçamento: deficit de R$ 92 milhões

Com a justificativa de melhorar a segurança, a Universidade de Brasília (UnB) investiu R$ 1,6 milhão em câmeras. Os 350 equipamentos serão instalados nos câmpus Darcy Ribeiro, da Asa Norte, cujo sistema atual está inoperante, e em Ceilândia, Planaltina e Gama, que não têm os dispositivos. A verba usada, proveniente do orçamento para investimento repassado pelo Ministério da Educação (MEC) em 2017, por lei, não poderia ser destinada a custeio. Ainda assim, no momento em que a universidade vive sua pior crise financeira, o gasto causou estranhamento.

A instituição tem um deficit de R$ 92 milhões, segundo a Reitoria, que está ocupada desde 12 de abril, após uma manifestação dos estudantes contra cortes orçamentários. Na terça-feira, funcionários terceirizados, os mais afetados com os cortes, decidiram entrar em greve geral por tempo indeterminado. Os servidores técnicos administrativos também cruzaram os braços em apoio aos colegas. Nem os estagiários escaparam. Correm o risco de serem dispensados até o fim de maio. Os professores da instituição também cogitam parar.

Estudante de serviço social do quarto semestre, Luiz Henrique Oliveira, 21 anos, está entre os críticos da compra de câmeras. ;Tenho ressalvas com a instalação de câmeras no ambiente universitário. Ainda mais em um cenário de demissão de funcionários e com outras medidas de austeridade. Por outro lado, entendo que há problemas de seguranças nos câmpus. Mas será que não seriam contornados com a manutenção dos vigilantes?;, questiona.

Estudante de engenharia de redes do primeiro semestre, Maria Eduarda Fernandes, 18, também reclama. ;Por um lado, é bom que tenha câmeras, mas estamos passando por um monte de demissões. Será que esse dinheiro não poderia ser melhor investido?;, observa. Mestrando em música Alfredo Ericeira, 31, demonstra dúvidas sobre a eficácia do investimento. ;Sabemos que os câmpus não são seguros. Alguma medida precisa ser tomada. Mas não sei se a instalação dos equipamentos resolverá o problema. Será que, além das câmeras, não seria necessário mais seguranças?;

Sistema inoperante

Prefeito da UnB, Valdeci da Silva Reis defende a medida e explica que os repasses do MEC são ;carimbados;, isto é, têm destinação certa e não podem ser usados para pagamentos de despesas. ;O que é investimento só pode ser usado em investimento, assim como o que é custeio serve unicamente para despesa. Esse dinheiro usamos para melhorar o monitoramento dos câmpus e trazer uma sensação maior de segurança para a comunidade;, justifica. ;A verba de custeio é que paga a água, a luz, o telefone e os terceirizados;, completa.

De acordo com Valdeci, o sistema de câmeras da Asa Norte está inoperante desde a gestão anterior. O único que conta com monitoramento é o câmpus do Gama e, ainda assim, é um sistema menos robusto. A instalação das câmeras, que começou na terça, leva em conta um estudo da Secretaria de Segurança Pública, com os locais mais inseguros.

Ainda segundo o prefeito, os equipamentos vão monitorar as áreas comuns da UnB. As câmeras filmam em um raio de 360; e até 800 metros de distância, da biblioteca até a L2 Norte, por exemplo. ;Vamos colocar câmeras para vigiar estacionamentos, nas entradas dos prédios, áreas de uso comum. Esse sistema tem garantia de um ano. Depois, vamos negociar uma empresa para fazer manutenção do sistema;, ressalta Valdeci.

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