Jornal Correio Braziliense

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Estudantes quilombolas e indígenas protestam na Esplanada dos Ministérios

Estudantes indígenas quilombolas de 17 universidades fazem apelo contra o corte de bolsa auxílio permanência. Grupo pede para falar com deputados e senadores

Cerca de 150 manifestantes, segundo a Polícia Militar, ocupam a Esplanada dos Ministérios nesta terça-feira (19/6). São estudantes indígenas quilombolas de 17 universidades federais, que protestam contra o corte da bolsa de auxílio permanência deles nas universidades. O protesto foi acordado em uma reunião do movimento feita ontem. Durante a manifestação eles gritam: "cota não é esmola", "somos indígenas e quilombolas, estamos aqui e queremos permanência agora".

Os manifestantes fecharam quatro faixas da Esplanada dos Ministérios, no trecho em frente ao Palácio do Planalto. As lideranças do movimento dizem que não vão deixar o local até que haja uma resposta para as reivindicações. A PM organiza o trânsito nas duas faixas que sobraram para os carros passarem.


Mais cedo, os manifestantes desceram a Esplanada rumo ao Congresso Nacional. O objetivo é se dividir em pequenos grupos para tentar falar com deputados e senadores. Haverá uma reunião à tarde na Comissão de Educação, mas não há horário estabelecido ainda.


;Nossa principal reivindicação é com relação à permanência nas universidades, além da luta pela educação específica e diferenciada e, também, pela demarcação de nosso território. Todas essas pautas convergem: se não temos territórios, então não temos educação diferenciada, superior e de qualidade,; disse Kâhu Pataxó, estudante de direito na Bahia e coordenador geral do movimentos unido dos povos e organizações indígenas da Bahia. Segundo ele, o protesto conta com manifestantes da Universidades de Brasília e de instituições em Goiás, Tocantins, Ceará, Bahia, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, entre outras.

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O estudante da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Elvis Rikbatsa afirmou que o calendário de aulas está suspenso. "Muitos de nós indígenas estamos sendo prejudicados, e os quilombolas também. Viemos lutar pelos nossos direitos e fazer com que isso se torne lei para que o benefício permaneça. Estamos fazendo várias reivindicações e encontros com reitores e o comando estudantil, até mesmo quem não é indígena está lutando por nós."

Alerta ao futuro indígena

A estudante Naã Santos, da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), afirma que a bolsa de permanência para estudantes de baixa renda, no valor de R$ 400, foi cortada. O precedente deixa em alerta o futuro da bolsa indígena e quilombola também. ;Muitos de nós não moram perto das universidades, então temos gastos com alimentação, moradia, transporte. Se cortar, não teremos como nos manter, a maioria não tem pai e mãe, ou só tem a mãe e só ela trabalha.;

Segundo o coordenador da manifestação, houve uma conversa no fim da manhça com uma representante da Presidência da República, que disse que as reclamações devem ser dirigidas ao Ministério da Educação (MEC).

[SAIBAMAIS]

Estagiária sob supervisão de Jacqueline Saraiva