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Após 24 anos, UnB autoriza reajuste no preço do RU

Estudantes vão desembolsar R$ 5,20 no almoço ou jantar

Pedro Grigori - Especial para o Correio, Felipe de Oliveira Moura*, Aline Ramos*
postado em 28/06/2018 14:35
O Conselho de Administração (CAD) da Universidade de Brasília (UnB) aprovou, na manhã desta quinta-feira (28/6), aumento no preço das refeições do Restaurante Universitário (RU). Para os estudantes que não fazem parte do Programa de Assistência Estudantil, o café da manhã passa de R$ 2,50 para R$ 2,80. Já o almoço e o jantar tiveram uma alta de 108% no preço. O valor saltou de R$ 2,50 para R$ 5,20. Alunos protestam no câmpus universitário Darcy Ribeiro contra o aumento. Apenas quatro conselheiros votaram contra o reajuste, sendo que 80 membros fazem parte do CAD.

A decisão havia sido proposta pela Reitoria e foi votada no Auditório Verde da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão Pública (Face). O aumento passa a valer após a resolução ser publicada no Boletim de Atos Oficiais da UnB. Segundo a Coordenadoria de Assessoria de Imprensa - CAI/UnB, ainda não há prazo para a publicação ser feita.
Na manhã desta quinta-feira (28), alunos protestam contra reajuste dos preços nas refeições no RU
A última alteração no preço das refeições do RU ocorreu em 1994. O novo aumento ocorre em momento de crise orçamentária na UnB, que está com déficit de R$ 92 milhões previstos para 2018.

Segundo a Universidade, o valor gasto com o RU em 2017, incluindo os subsídios, foi de R$ 27,4 milhões. Ainda de acordo com a UnB, "este ano, se nada for feito, a previsão é que a fatura chegue a R$ 31 milhões ; em um cenário em que os recursos do Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) estão congelados, desde 2015, em cerca de R$ 30 milhões".

Insatisfação

O aumento de 108% no valor do almoço e da jantar revoltou os estudantes da UnB. A Aliança Pela Liberdade, atual gestão responsável pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE/UnB) garantiu que está estudando medidas para impedir o reajuste. ;Somos contrários ao aumento. Sugerimos que, caso houvesse o reajuste, que tivessem mais faixas de preço. Hoje, temos os alunos da assistência, que não pagam pela refeição, e os demais passarão a pagar esse valor alto. E essa cobrança preto no branco não condiz com a realidade plural universidade;, conta Clarice Menin, coordenadora geral do DCE.

;Temos alunos que trabalham para se sustentar, alguns que são de outro estado e só fazem refeições na Universidade; outros que passam o dia fora de casa e não tem dinheiro para bancar refeições caras. O diálogo sobre o aumento não foi feito pensando nessa pluralidade de situações, e isso é preocupante;, acrescenta a porta-voz.

Luciana dos Santos, 23 anos, estudante de agronomia diz que é um absurdo o aumento, e prejudicará muitos alunos que como ela são de baixa renda. ;Trabalho como freelancer, não possuo renda fixa já que a carga da faculdade consome bastante do meu tempo. Tomo café da manhã e almoço aqui no RU todos os dias. É exagerado e absurdo esse aumento, por dia vou gastar quase R$ 8. Como fica essa conta no fim do mês?; questiona.

Um protesto que ocorria no começo da tarde desta quinta-feira (28/6), sobre visibilidade bissexual, mudou de tom após a aprovação do aumento da refeição. Os alunos gritavam juntos ;R$ 5,20 eu não pago. Quero alimentação de qualidade;.

Fernanda Soares, 22 anos, estuda economia e faz parte do programa de Assistência Estudantil, e mesmo não pagando pelas refeições, considera abusivo o valor que os colegas tem que desembolsar pela alimentação. ;É ruim e exagerado, mesmo eu não pagando vejo o absurdo nesse aumento. Acredito que algo precisa ser feito;.


Estagiários sob supervisão de Ana Sá

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