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Após ameaça de morte, professora da UnB Debora Diniz terá proteção judicial

Ela já havia sido ameaçada de morte e acionou a Polícia Civil

Augusto Fernandes
postado em 20/07/2018 06:00
Foto tirada da professora de antropologia  da Universidade de Brasília (UnB) Débora Diniz
Uma das vozes mais atuantes do Distrito Federal na busca pela igualdade e pelos direitos das mulheres e minorias, a antropóloga Debora Diniz, 48 anos, foi alvo de agressões na última quarta-feira. A professora da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB) foi atacada quando saía de um evento na capital. Ela já havia sido ameaçada de morte e acionou a Polícia Civil. Agora, conta com medidas protetivas para evitar novos casos de violência.

A docente estuda temas como feminismo, bioética, direitos humanos e saúde, e está à frente da Anis ; Instituto de Bioética. A organização não governamental serviu como consultora do Partido Socialismo e Liberdade (PSol) na elaboração da ação que propõe a descriminalização do aborto até a 12; semana de gestação. O assunto entrou em pauta no Supremo Tribunal Federal (STF) em março de 2017, e a Corte promoverá audiências públicas em 3 e 6 de agosto para discutir o tema.
[SAIBAMAIS]

Debora recebeu o convite da relatora do caso, a ministra Rosa Weber, para participar das discussões. Desde então, passou a ser perseguida e hostilizada nas redes sociais. Uma das postagens públicas traz a foto da professora e um texto que destaca o trabalho dela pela regularização do aborto. A mensagem termina chamando Debora de monstro. O post teve mais de 850 compartilhamentos ; a maioria acompanhada por mais ofensas.

Ameaças

;Começaram a fazer campanha me desqualificando, me chamando de assassina, de monstro e me mandaram coisas mais graves. Depois me ligaram, me mandaram mensagens com ameaças mais explícitas;, relatou a professora, no início do mês. Por conta dos insultos, ela já havia registrado boletim de ocorrência na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) e recorreu ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) para pedir inclusão no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH), do governo federal. Debora conta com medidas protetivas, que não foram detalhadas com o objetivo de preservá-la. Depois do ataque dessa semana, a antropóloga preferiu não conceder entrevistas.

;Nenhum tipo de crime é tolerável, independentemente da posição ideológica da vítima. Qualquer defensor de direitos humanos que se enquadre nessa situação pode solicitar a proteção;, informou o MP, por meio da assessoria.

A Deam está finalizando as investigações sobre as ameaças de morte contra Debora e já identificou possíveis autores. Delegada adjunta da unidade, Scheila Santos classificou os ataques como uma atrocidade. ;É algo que está virando praxe, infelizmente. As pessoas não têm mais limites. Aproveitam as facilidades da internet para instigar o mal, na certeza de que não serão descobertas. No entanto, elas serão responsabilizadas;, garantiu.

Apesar das agressões, a ONG Anis garantiu que Debora está bem. A organização considerou as manifestações de intolerância e violência à professora como atentados contra a democracia. ;Impossibilitam o diálogo franco e qualificado sobre temáticas tão importantes para a vida das mulheres como a garantia dos direitos sexuais e reprodutivos;, respondeu a Anis.


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