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Democratização da tecnologia na educação é tema de debate no ConectaIF

Encontro promovido pelo Instituto Federal de Brasília (IFB) ocorre até sexta-feira (10), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães

Thays Martins
postado em 07/08/2018 16:41 / atualizado em 03/11/2020 10:54
Como promover educação usando a tecnologia? Este foi o tema da roda de conversa Cultura Maker e empreendedorismo: acesso democrático às novas tecnologias, que ocorreu nesta terça-feira (7) durante o ConectaIF, evento do Instituto Federal de Brasília (IFB). No debate, promovido pela Organização de Estudos Iberoanericanos (OEI), foram apresentados dois exemplos de como essa integração pode ser feita. O projeto Include, idealizado pela Campus Party (evento de tecnologia que ocorre em todo o mundo), promove a criação e montagem de laboratórios de robótica em comunidades carentes de todo o Brasil, para que os jovens tenham acesso a novas tecnologias e aprendam sobre elas. 
 
Debate reuniu representantes da Campus Party, da Expolorum, do Ministério da Educação e da  Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) 

Outro exemplo é o Projeto Engenhoca Criativa, promovido pela Explorum, plataforma de inovação educacional, em parceria com a Samsung e com a Associação Alfabetização Solidária (AlfaSol). A ideia consiste em levar a estudantes em situação de vulnerabilidade social acesso à tecnologia em escolas de São Paulo. 

De acordo com Matheus Breno, 22 anos, estudante do curso técnico de sistemas para internet no IFB, que assistiu ao bate-papo, o assunto deve ser debatido e merece toda a atenção. “É sempre bom conhecer quais as iniciativas que estão sendo promovidas, principalmente aqui na capital. Eles trouxeram projetos que eu não conhecia. Pena que o tempo foi tão curto, pois é um assunto muito grande e poderia durar em longas horas de conversa”, disse. 
 
Matheus Breno estuda no IFB Brasília e acha importante esse tipo de evento

Para Raphael Collou, diretor do Escritório da OEI no Brasil, debater essa questão é de extrema relevância. “A gente costuma falar muito de tecnologia e educação, mas precisamos encontrar um caminho para, de fato, promover essa união. Apenas a tecnologia pura e simples não dá resultados efetivos. Ela tem que ser unida a metodologias e objetivos específicos”, ressaltou. Por isso, ele acredita que o encontro é fundamental, pois, assim, é possível ver como são as iniciativas que estão promovendo essa inclusão. 

Conheça um pouco dos projetos 

O projeto Engenhoca Criativa tem a duração de oito meses, está presente em quatro centros educacionais e  tem como público-alvo estudantes de 15 a 24 anos. “Lidamos com pessoas que não entendem nada de programação e outros que já têm alguma noção. No quarto mês, eles estão programando. E a ideia é que, ao fim do projeto, eles também saiam com uma visão empreendedora”, explica Eduardo Azevedo, fundador da Explorum. 

Sobre o projeto Include, Francesco Farruggia, idealizador da Campus Party, ressalta que tudo começou pela necessidade de tentar usar o potencial humano desperdiçado. “Cerca de 70% dos jovens moram em favelas ou em situações suburbanas e, de outra forma, não teriam acesso a uma impressora 3D. Assim, chegamos à conclusão de que o laboratório poderia ser uma resposta”, afirma.
 
Contudo, os desafios ainda são grandes, na avaliação de Farruggia. “Nós competimos pela atenção deles contra questões como o narcotráfico. Portanto, estamos competindo com dinheiro. Por isso, passamos conhecimentos práticos de como eles podem conseguir dinheiro rápido por meio da tecnologia. O maior desafio é mostrar para o jovem que ele é capaz”, afirma. O projeto teve início este ano e conta com 160 laboratórios. Em Brasília, há um em funcionamento que fica na  EcoVila Naval, localizada entre  Santa Maria e Gama. E há outros 14 em fase de instalação. 

Meninas produzem protótipos em desafio

Entre os projetos apresentados, está também o Meninas na Ciência, em que 41 estudantes de todos os estados do Brasil estão sendo desafiadas, até o fim do evento, a produzir protótipos de experimentos ou equipamentos que poderão ser utilizados em aulas do ensino médio nas disciplinas de matemática, física, química e biologia.
 
A coordenadora do desafio, a pró-reitora de pesquisa e inovação do IFB, Luciana Massukado, explica que a proposta é promover o empoderamento feminino. “Elas foram selecionadas pelo perfil e por terem mérito científico. É uma forma de melhorar o ensino e a aprendizagem de meninas em ciências exatas. Garotas que estão pesquisando e estudando estão menos suscetíveis à violência doméstica e à exclusão social”, destaca. 
 
A estudante Cristina é de Tocantins e veio para Brasília para participar do desafio de meninas na ciência

A participante Cristina Soares Fernandes, 22, que estuda licenciatura em computação no Instituto Federal de Tocantins (IFTO), câmpus Araguatins, se diz honrada de ter sido selecionada. “Me sinto muito privilegiada. O IFTO tem sete câmpus, eu sou da região extrema do estado e fui uma das escolhidas. É muito gratificante. Além do empoderamento feminino, a troca de conhecimento é muito grande. Tem gente premiada internacionalmente aqui. Eu posso aprender muita coisa”, conta. 

A colega dela, Beatriz de Brito, 23, representante do Amapá no desafio, estuda tecnologia em construção de edifícios. “Atualmente, está crescendo o número de mulheres na área de tecnologia. Em curso que antes só havia homens, hoje são dominados pelas mulheres. Estamos buscando nosso espaço. E esse projeto é importante por valorizar a mulher e mostrar do que somos capazes”, destaca. 
 
Beatriz veio do Amapá para participar do desafio. Ela acha que cada dia mais as mulheres estão mostrando o potencial delas em áreas antes dominados por homens

Encontro prossegue até sexta-feira

O ConectaIF é totalmente gratuito e prossegue até sexta-feira (10), com 22 programações simultâneas. As atividades ocorrem no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, das 9h às 21h. São esperadas mais de 50 mil pessoas ao longo dos cinco dias. Em um passeio pela estrutura montada, os visitantes podem acompanhar rodas de conversas, lançamentos de livros, palestras, exposições, apresentações de trabalhos feitos pelos alunos dos IFs, entre outras ações. 
 
Quem visitar o ConectaIF também poderá conferir projetos como o Projeto Fiel do IFB Câmpus Planaltina, que está promovendo uma feira de adoções de animais e oficinas sobre o assunto. Entre os trabalhos apresentados também pode ser visto projetos como o calçado carregador, que produz energia para carregar o celular enquanto a pessoa caminha, do curso técnico em eletrônica e o projeto de limpeza do lago Capão da Onça, feito pelos alunos do curso de agroecologia. Além disso, 1.500 vagas estão sendo ofertadas em diversas oficinas. 
 
Animais podem ser adotados durante o ConectaIF 
 
Projeto de final de curso é um calçado que funciona como carregador de celular
 
A programação completa pode ser acessada pelo site conectaif.ifb.edu.br

*Estagiária sob supervisão de Ana Sá 

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