Augusto Fernandes
postado em 18/10/2018 13:06
A Universidade de Brasília (UnB) voltou a ser palco de ato pela defesa da democracia nesta quinta-feira (18). Cerca de 350 pessoas, entre integrantes do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação UnB (Sintfub), da Associação dos Docentes da UnB (ADUnB), do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e dos Centros Acadêmicos, caminharam do Ceubinho até o Instituto Central de Ciências (ICC) Sul, protestando contra os recentes ataques à universidade e o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).
"A universidade, desde o seu nascimento, é lugar da liberdade para criar, pensar, viver. A ascensão da extrema direita no mundo coloca em risco todas as liberdades que são o motor criativo do desenvolvimento civilizatório. Colocam em risco o livre pensar, que só é possível em um regime verdadeiramente democrático", diz um comunicado feito pelos organizadores do evento.
Ataques recentes puseram comunidade em alerta
O protesto vem depois de incidentes graves ocorridos no câmpus Darcy Ribeiro. . Entre eles, havia títulos de ciência, de história e, pelo menos, seis sobre direitos humanos ; um deles, o mais grosseiramente danificado, aborda o longo período da ditadura militar. Na última quinta-feira (11), estudantes da universidade encontraram uma pichação que alerta para um massacre armado na instituição "se o Bolsonaro for eleito". Para os manifestantes, o capitão aposentado do Exército "representa uma séria ameaça".
"Os ataques recentes à UnB, com atentados físicos às pessoas, nossos livros, nossa liberdade de aprender e ensinar, são alimentados pelo candidato que apresenta a cara do neofascismo no Brasil. A vida não vai melhorar se a extrema direita vencer. Para barrar a ascensão do fascismo, precisamos estar fortemente unidos em torno da bandeira da democracia", informa outro trecho do comunicado.
[SAIBAMAIS]
Presidente do Sintfub, Maurício Sabino informou que as mobilizações na UnB continuarão até 28 de outubro, data do segundo turno das eleições. "Queremos provocar um debate na comunidade universitária. Deixar a mensagem de que o autoritarismo não pode vencer. As propostas dele (Bolsonaro) são retrógradas e apoiam o fim da liberdade de expressão, a perseguição às minorias e o racismo. Estamos engajados pela defesa à democracia."
"Ele não"
Durante a marcha, os manifestantes carregavam bandeiras em apoio a Fernando Haddad (PT), adversário de Bolsonaro nas eleições para presidente. Os objetos carregavam dizeres como: "Ele não", "Resista", "UnB pela democracia" e "Empregos educação: assim teremos paz". Também foram entoados gritos de "Ditadura nunca mais" e "Brasil, urgente: Haddad presidente".
Professora do Departamento de Genética e Morfologia, Lilian Giugliano alertou sobre os riscos de um novo governo autoritário. "Não teremos respeito pelas diversidades. Além disso, vamos perder uma série de direitos que conquistamos desde a implementação da democracia. Para nós, acadêmicos, a sensação seria de limitação da liberdade de expressão. Estamos inseguros."
O estudante de engenharia elétrica Álvaro Cunha, 22 anos, admitiu que vive em um ambiente de preocupação com uma possível eleição do candidato do PSL. "É angustiante saber que o meu futuro pode ser colocado em risco. Temos que conscientizar as pessoas dos problemas dessa eleição e da propagação da violência. Não podemos abrir mão dos nossos direitos sociais."