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Ato reúne cerca de 15 alunos pró-Bolsonaro na UnB, que se dispersaram

Grupo acabou saindo do Ceubinho após vaias e gritos de opositores, que apareceram em número bem maior. Depois de chegar à FT, apoiadores do presidente eleito foram embora

Neyrilene Costa*
postado em 29/10/2018 16:42

Estudantes se agruparam no Minhocão, o Instituto Central de Ciências da Universidade de Brasília (ICC/UnB), na tarde desta segunda-feira (29), em razão de ato pró-Bolsonaro. Cerca de 15 apoiadores do presidente eleito Jair Bolsonaro estavam no Ceubinho para o ato, mas acabaram saindo dali em direção à Faculdade de Tecnologia (FT) depois que opositores os vaiaram, gritaram "Ele não" e mandaram o grupo sair dali.

Cerca de 15 alunos pró-Bolsonaro apareceram

Policiais militares estão no câmpus Darcy Ribeiro para garantir a segurança dos presentes e evitar confrontos. Agentes de segurança da UnB também acompanham o movimento. Alunos afirmaram que o desejo é de que a manifestação, para comemorar a vitória de Jair Bolsonaro, seja pacífica. Alunos contrários ao movimento, que apareceram em número bem maior de presentes, vaiaram o ato. Universitários contra e pró-Bolsonaro entraram em confronto corporal à base de empurrões.

Alunos começam a se reunir no Ceubinho

PMs acompanharam todo o processo para garantir a segurança

Depois do empurra-empurra e vaiados por alunos de oposição, apoioadores de Bolsonaro saíram do ICC, acompanhados pela Polícia Militar, rumo à Faculdade de Tecnologia (FT). Os opositores seguiram o grupo. Depois que simpatizantes do presidente eleito adentraram o prédio, a PM fechou o portão para evitar a entrada de alunos contrários ao movimento. Apesar da confusão, agentes de segurança da UnB informaram que ninguém se feriu. Professores da UnB também apareceram para acompanhar os acontecimentos e evitar a violência.

Grupo segue para a FT

Alunos de oposição vaiam apoiadores de Bolsonaro e gritam "fora". Confira em vídeo:

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Alunos contrários a Bolsonaro seguiram apoiadores do presidente eleito até o prédio da FT e deram de cara com portão fechado

[SAIBAMAIS]Bruna Corcino, 25 anos, cursa o 8; semestre de física na UnB e apóia Bolsonaro. "Estamos protestando igual na rua, sem violência. Somos alunos, não somos gente de fora da UnB. Eu entendo que as pessoas estão insatisfeitas com quem assumiu, mas teve a eleição e é isso", afirma. "Recebi mensagens para tomar cuidado, mas toda a galera aqui é pacífica", diz. "Eu sou negra, e recebi mensagens dizendo para eu tomar cuidado por isso, porque haveria uma limpeza étnica. Mas isso não tem nada a ver."

Bruna Corcino, estudante de física, veio comemorar a vitória do presidente eleito

Victor Luz, 23, aluno do 8; semestre de ciências sociais, estava entre os alunos que se opõe a Bolsonaro que estavam na UnB nesta tarde. "Eu achei muito bom que eles (os pró-Bolsonaro) foram empurrados para fora do ICC porque este aqui é um espaço de democracia, de igualdade entre as pessoas. E eu acho que pensamentos facistas e retrógrados não têm que ter espaço dentro do câmpus", afirma. Ele não estranhou a presença de policiais militares na UnB, mas acredita que isso pode ser indício de uma falha interna. "Mais de 20 universidades tiveram movimentos contra facismo calados, cartazes retirados. E temos que nos preocupar porque a segurança da UnB deveria ser capaz de controlar o movimento estudantil sem interferência externa", diz.

O universitário Victor Luz estava entre os que vaiaram apoiadores de Bolsonaro

O professor de direito e coordenador da pós-graduação em direitos humanos da UnB, Alexandre Bernardino Costa entrou no meio dos estudantes pró e contra Bolsonaro para coibir agressões. "Quando eu vi que os ânimos se exaltaram e que os alunos contra Bolsonaro estavam avançado, intervi para não haver agressão", conta. Sobre o ato, o professor disse não haver sentido. "Vi como uma provocação, não há necessidade de eles virem aqui um dia após a eleição", avalia.

O professor Alexandre Bernardino

Protesto semelhante na USP

Também nesta segunda-feira (29), cerca de 15 estudantes fizeram um ato de apoio a Jair Bolsonaro na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), sendo, como na UnB, vaiados por opositores. Em resposta, alunos opositores se reuniram em outro ato, encerrado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/USP).

Nota de uniões de estudantes

A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Associação Nacional de Pós Graduandos (ANPG) emitiram uma nota sobre a vitória de Bolsonaro nas urnas e convocam os estudantes a "se organizarem" para não deixar "tirarem o que é nosso". Confira na íntegra:

"A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, a União Nacional dos Estudantes e a Associação Nacional de Pós Graduandos, entidades que sempre prezaram pela democracia e pelo direito do povo brasileiro e dos estudantes, entendem a gravidade do momento que nossa recente democracia vive com o resultado das urnas neste domingo (28). Venceu o candidato que ameaça a universidade, a escola, os direitos sociais, a gratuidade de nossas instituições públicas, o investimento na educação e na ciência e a liberdade de organização. Venceu a mentira espalhada pelas redes sociais, um projeto que enganou boa parte do povo brasileiro. Por isso convocamos os estudantes a se organizarem, não deixaremos tirarem o que é nosso. Continuaremos lutando pela democracia e por uma educação de qualidade e para todos. Que organizemos Assembleias Gerais dos Estudantes em todas as universidades e escolas do Brasil. É preciso fortalecer e defender o caráter gratuito das instituições públicas e a livre organização estudantil por meio das entidades estudantis. O presente promete luta. Precisamos estar unidos e organizados para resistir. Pelos estudantes, pelo povo e pelo Brasil."

Cartaz contra Bolsonaro em paredes da universidade

Estudantes colam cartazes  antifacismo e contra a ditadura

Confira vídeos do ato:

Estudantes contra Bolsonaro gritam "deixa passar a revolta popular":

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Alunos se expressam contra o presidente eleito:

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Estudantes contrários a Bolsonaro gritam "Ele não"

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*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

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