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Conheça as duas estudantes do DF que tiraram mil na redação do Enem

Entre os que conseguiram a pontuação mais alta, estão duas estudantes do Distrito Federal. Para especialista, ensino médio precisa ser reavaliado para conseguir atender ao grande número de jovens que querem entrar na universidade


A estudante Iohana Freitas, 18, moradora de Brasília, está entre os 55 brasileiros, entre 4,1 milhões, que tiraram nota mil, a pontuação máxima na prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2018. Para ela, que quer estudar medicina na Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), o resultado foi inesperado. ;Eu estava confiante, mas não imaginava que seria mil;, disse. A desconfiança não foi por falta de preparação. De acordo com Iohana, a rotina de estudos condiz com os resultados da prova. A jovem estudava pela manhã em um cursinho e, uma vez por semana, dedicava-se a aula específica de redação. ;Eu fazia duas redações por semana e corrigia com os monitores. Quando a prova foi se aproximando, cheguei a fazer até três redações;, contou.

Foi a terceira vez que a estudante fez o Enem. Na prova anterior, alcançou 960 pontos. Para ela, o tema da redação de 2018 ; Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet ; foi inesperado. ;Cheguei a estudar o assunto, mas ele não foi o foco. Quando terminei a prova, sabia que ia tirar nota boa, mas não estava tão confiante;, explicou. As notas do Enem foram divulgadas ontem.

Natália Patrício, 20, moradora do Gama, também tirou nota mil na redação. A estudante participou das mesmas aulas específicas com Iohana, e também quer cursar medicina. Desde 2016, ela estuda para a prova em cursinhos de Brasília. Já conseguiu passar para medicina em uma faculdade federal da Bahia e em uma universidade de particular de Brasília, na qual chegou a cursar um semestre. Porém, optou por trancar o curso e tentar, mais uma vez, a aprovação na ESCS ou na Universidade de São Paulo (USP) ; ela agora, aguarda a seleção a ser feita pelas escolas. ;Foi um dos momentos mais difíceis, porque eu já estava no curso e tive que parar;, disse. Mas, segundo ela, valeu a pena.

Para a professora e sócia do Escrita Única Pré-vestibular, Sharlene Leite, o bom desempenho das alunas é consequência de um cursinho mais humanizado. ;Aqui, não ensino meus alunos oprimindo-os, eles aprendem corrigindo os erros;, afirmou. Para ela, ter sido professora de duas alunas que tiraram mil na redação é ;uma alegria muito grande;. ;Eu ensino com muito amor, eles precisam de atenção;, disse, emocionada.

Em 2018, cerca de 5,5 milhões de estudantes foram confirmados para participar do Enem. O número de ausentes foi o menor desde que a prova assumiu o formato atual, em 2009, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). No ano passado, 1,35 milhão faltou aos dois dias de prova, o que correspondeu a 24,53% dos inscritos. O número de redações com nota máxima em 2018 foi maior do que em 2017, quando 53 estudantes atingiram a pontuação mais elevada.

O número de participantes que tiraram nota zero na prova dissertativa ; 112,5 mil ; foi menor do que em 2017. Os principais motivos foram redação em branco, fuga ao tema e cópia do texto motivador. Para o professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Célio da Cunha, os resultados do Enem 2018 precisam ser analisados sob diversos ângulos, mas o principal motivo a comemorar é a quantidade de alunos inscritos na prova. ;Eu acho que, de um modo geral, o Brasil continua avançando em termos quantitativos. O jovem brasileiro mostra que quer estudar;, afirmou.

Mas, para Cunha, o ensino médio precisa ser revisto para atender à demanda de jovens que querem entrar na universidade. Na opinião do professor, o método de ensino ainda não está estruturado para acolher a grande procura, e a situação socioeconômica dos jovens ainda pesa muito nos resultados. ;A reforma do ensino médio precisa ser revista pelos especialistas das universidades. O ensino médio precisa de prioridades, precisa ser um projeto de nação para melhorar a situação dos jovens;, disse.

"Quando terminei a prova, sabia que ia tirar nota boa, mas não estava tão confiante;
Iohana Freitas, estudante

"Aqui, não ensino meus alunos oprimindo-os, eles aprendem corrigindo os erros;
Sharlene Leite, professora


Resultado por área de conhecimento na aplicação regular do Enem 2018


Área - Média geral
Linguagens, códigos e suas tecnologias - 526,9
Redação - 522,8
Ciências humanas e suas tecnologias - 569,2
Matemática e suas tecnologias - 535,5
Ciências da natureza e suas tecnologias - 493,8

* Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo