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Conheça as duas estudantes do DF que tiraram mil na redação do Enem

Entre os que conseguiram a pontuação mais alta, estão duas estudantes do Distrito Federal. Para especialista, ensino médio precisa ser reavaliado para conseguir atender ao grande número de jovens que querem entrar na universidade

Marília Sena*
postado em 19/01/2019 07:00
Iohana (E) com a professora Sharlene Leite: além do cursinho, que frequentava pela manhã, ela tinha aulas específicas de redação uma vez por semana

A estudante Iohana Freitas, 18, moradora de Brasília, está entre os 55 brasileiros, entre 4,1 milhões, que tiraram nota mil, a pontuação máxima na prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2018. Para ela, que quer estudar medicina na Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), o resultado foi inesperado. ;Eu estava confiante, mas não imaginava que seria mil;, disse. A desconfiança não foi por falta de preparação. De acordo com Iohana, a rotina de estudos condiz com os resultados da prova. A jovem estudava pela manhã em um cursinho e, uma vez por semana, dedicava-se a aula específica de redação. ;Eu fazia duas redações por semana e corrigia com os monitores. Quando a prova foi se aproximando, cheguei a fazer até três redações;, contou.

Foi a terceira vez que a estudante fez o Enem. Na prova anterior, alcançou 960 pontos. Para ela, o tema da redação de 2018 ; Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet ; foi inesperado. ;Cheguei a estudar o assunto, mas ele não foi o foco. Quando terminei a prova, sabia que ia tirar nota boa, mas não estava tão confiante;, explicou. As notas do Enem foram divulgadas ontem.

Natália Patrício, 20, moradora do Gama, também tirou nota mil na redação. A estudante participou das mesmas aulas específicas com Iohana, e também quer cursar medicina. Desde 2016, ela estuda para a prova em cursinhos de Brasília. Já conseguiu passar para medicina em uma faculdade federal da Bahia e em uma universidade de particular de Brasília, na qual chegou a cursar um semestre. Porém, optou por trancar o curso e tentar, mais uma vez, a aprovação na ESCS ou na Universidade de São Paulo (USP) ; ela agora, aguarda a seleção a ser feita pelas escolas. ;Foi um dos momentos mais difíceis, porque eu já estava no curso e tive que parar;, disse. Mas, segundo ela, valeu a pena.

Para a professora e sócia do Escrita Única Pré-vestibular, Sharlene Leite, o bom desempenho das alunas é consequência de um cursinho mais humanizado. ;Aqui, não ensino meus alunos oprimindo-os, eles aprendem corrigindo os erros;, afirmou. Para ela, ter sido professora de duas alunas que tiraram mil na redação é ;uma alegria muito grande;. ;Eu ensino com muito amor, eles precisam de atenção;, disse, emocionada.

Em 2018, cerca de 5,5 milhões de estudantes foram confirmados para participar do Enem. O número de ausentes foi o menor desde que a prova assumiu o formato atual, em 2009, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). No ano passado, 1,35 milhão faltou aos dois dias de prova, o que correspondeu a 24,53% dos inscritos. O número de redações com nota máxima em 2018 foi maior do que em 2017, quando 53 estudantes atingiram a pontuação mais elevada.

O número de participantes que tiraram nota zero na prova dissertativa ; 112,5 mil ; foi menor do que em 2017. Os principais motivos foram redação em branco, fuga ao tema e cópia do texto motivador. Para o professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Célio da Cunha, os resultados do Enem 2018 precisam ser analisados sob diversos ângulos, mas o principal motivo a comemorar é a quantidade de alunos inscritos na prova. ;Eu acho que, de um modo geral, o Brasil continua avançando em termos quantitativos. O jovem brasileiro mostra que quer estudar;, afirmou.

Mas, para Cunha, o ensino médio precisa ser revisto para atender à demanda de jovens que querem entrar na universidade. Na opinião do professor, o método de ensino ainda não está estruturado para acolher a grande procura, e a situação socioeconômica dos jovens ainda pesa muito nos resultados. ;A reforma do ensino médio precisa ser revista pelos especialistas das universidades. O ensino médio precisa de prioridades, precisa ser um projeto de nação para melhorar a situação dos jovens;, disse.

"Quando terminei a prova, sabia que ia tirar nota boa, mas não estava tão confiante;
Iohana Freitas, estudante

"Aqui, não ensino meus alunos oprimindo-os, eles aprendem corrigindo os erros;
Sharlene Leite, professora


Resultado por área de conhecimento na aplicação regular do Enem 2018


Área - Média geral
Linguagens, códigos e suas tecnologias - 526,9
Redação - 522,8
Ciências humanas e suas tecnologias - 569,2
Matemática e suas tecnologias - 535,5
Ciências da natureza e suas tecnologias - 493,8

* Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo


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