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UnB promove aula pública para debater militarização nas escolas

Todos os convidados apresentaram posicionamento contrário ao projeto

Patrícia Nadir - Especial para o Correio
postado em 20/03/2019 15:17
A Universidade de Brasília promoveu, nesta quarta-feira (20/3), uma aula pública para debater a militarização das escolas do Distrito Federal. A iniciativa é do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam), com o apoio do Núcleo de Base Darcy Ribeiro. Durante a aula, alunos e professores lotaram o Anfiteatro 9 do Instituto Central de Ciências da UnB, onde ocorreu o evento.

Entre os convidados para palestrar estavam a deputada federal Erika Kokay, o distrital Fábio Félix, representantes do Sindicato dos Professores (Sinpro-DF), servidores da educação de ensino, professores da Faculdade de Educação da UnB e alunos do Centro Educacional (CED) n; 7 de Ceilândia, uma das quatro escolas da rede pública do DF que funciona com a presença de 20 a 25 policiais militares. Todos apresentaram posicionamento contrário ao projeto.
Todos os convidados apresentaram posicionamento contrário ao projeto
Para a presidente do Sinpro-DF, Rosilene Corrêa, a sociedade precisa repensar o que significa o modelo de militarização das escolas. ;O que está acontecendo é uma desvalorização do papel do professor. Estão colocando polícias nas escolas com o argumento de que os mestres são incapazes de educar seus alunos;.

A deputada Érika Kokay endossou a opinião contrária ao modelo de militarização: ;Eles querem calar as manifestações de diversidade nas escolas, porque são o centro da mudança. Querem entrar e arrancar o poder dos alunos, adestrando seus corpos;.
[SAIBAMAIS]

Na opinião do deputado distrital Fábio Félix, muito do que é divulgado não é o que de fato acontece quando se fala em modelo militar nas escolas: ;Não está sendo uma educação compartilhada. O que se tem é imposição e mais imposição;.

A estudante de sociologia Paula Pimenta, 26 anos, fez questão de comparecer à aula pública. Para a moradora de Sobradinho, o problema começa quando alguém diz que policial pode educar mais que um professor. ;O que de fato está ocorrendo é uma repressão aos estudantes. Todas as exigências desse modelo são retrocesso de liberdades conquistadas ao preço de muita luta e resistência;.

Além do CED n; 7 de Ceilândia, CED n; 1 da Estrutural, CED n; 308 do Recanto das Emas e do CED n; 3 de Sobradinho são as escolas que adotaram o formato das instituições militares em relação à exigência da disciplina e ao cumprimento de horários.

Veja como funciona o modelo de militarização das escolas:

* Cada unidade escolar recebeu de 20 a 25 militares ; PMs ou bombeiros que estão na reserva ou sob restrição médica;
* A Secretaria de Educação continua responsável pela parte pedagógica, enquanto os militares ficam com a gestão de aspectos disciplinares, administrativos e das atividades de contraturno;
* As escolas seguem as Diretrizes Curriculares da Educação da rede. Contudo, PMs ministrarão disciplinas relativas à cultura cívico-militar, como ética e cidadania, musicalização, esportes e ordem unida;
* Os alunos receberam uniformes diferenciados, produzidos pela Fábrica Social;
* Meninas devem usar coques e meninos, cabelo curto;
* Os responsáveis podem acompanhar o dia a dia dos estudantes na escola por meio de um aplicativo, que irá informá-los sobre a frequência dos alunos, os horários de entrada e saída, o comportamento e o desempenho escolar.

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