Thays Martins, Brenda Silva*
postado em 08/05/2019 13:53
Reunidos em assembleia do Diretório Central dos Estuantes (DCE) no Ceubinho do Instituto Central de Ciências da Universidade de Brasília (UnB), alunos decidiram participar da paralisação nacional da educação, convocada, para a próxima quarta-feira (15), contra o anúncio de corte dos recursos destinados às universidades por parte do governo federal.
[FOTO1380420]
No entanto, a decisão acabou não sendo considerada válida: após o fim da assembleia, o DCE contou os votos e viu que o número de presentes foi insuficiente. Assim, o DCE não participará da paralisação nacional.
Para a assembleia valer, era necessária a presença de 3% dos alunos da UnB, cerca de 1.500. No entanto, foram registrados 992 no encontro. Dessa maneira, qualquer decisão tomada na assembleia desta quarta-feira (8) fica sem validade, como explica a a coordenadora geral do DCE Clarice Menin. Segundo ela, não haverá outra assembleia para tratar do assunto.
"Os estudantes que quiserem paralisar vão paralisar, assim como os professores", diz. O DCE participará de plenária com servidores, terceirizados e professores, na terça-feira (14). Na mesma data, está marcado um ato denominado Marcha da Balbúrdia, que tem por objetivo chamar a atenção da sociedade para a gravidade dos cortes.
Durante a assembleia, os estudantes também avaliaram a participação no ato em defesa da educação pública que ocorrerá no Museu Nacional às 10h, no dia da paralisação, e na exposição que será montada na Rodoviária de Brasília para apresentar trabalhos e pesquisas científicas à comunidade. A ideia é mostrar o que a universidade produz. "A gente entende a importância desse espaço democrático e nós vamos ajudar as outras forças do movimento a cumprir as propostas aprovadas na assembleia", diz Clarice.
A Reitoria da UnB informou que o corte na instituição deve chegar a 40%, o que comprometerá contas de água, luz, limpeza e segurança, além de compra de materiais de laboratório. No total, a perda pode chegar a R$ 48,5 milhões.
Confira a íntegra da nota divulgada pelo DCE:
"Entendemos que a assembleia é um espaço válido de discussão e informação para os estudantes da UnB. 992 estudantes participaram, totalizando aproximadamente 2% do total de alunos matriculados. Embora não tenha atingido o quórum mínimo para ter caráter deliberativo, o DCE está estudando como dar segmento aos encaminhamentos aprovados em caráter de consulta. Além disso, continuaremos acompanhando a ação civil pública protocolada pela nossa gestão. Temos o compromisso de atuar em todas as vias institucionais possíveis para reverter esses cortes no orçamento da UnB."
Eu participei!
Gabriel Ferreira, 21 anos, aluno do 4; semestre do curso de letras, participou da assembleia para ter mais informações e saber como está o posicionamento do DCE e da UnB sobre o corte de verbas.
"O corte vai afetar tudo. Essa decisão desmotiva o estudante e diminui a produção de conhecimento da universidade", reclama Gabriel. O estudante disse que ainda sente o efeito dos cortes anteriores: "Afeta na logística dos departamentos e já tem secretarias fechadas".
Isabela Pinheiro dos Reis, 20, colega de Gabriel no curso de letras, fez questão de participar da reunião. "Esses cortes podem influenciar em tudo. Na minha vida, o prejuízo já começou. Eu tinha bolsa de um projeto de pesquisa, e a bolsa foi cortada devido à falta de verba no início deste ano", relata.
"O que é dado para pesquisa é muito pouco. Cortar essa área é muito triste", completa. "Eu acho importante participar da paralisação com o intuito de mostrar o que a gente está fazendo e o que é a nossa universidade".
Funcionários mobilizados
O Sindicato dos Trabalhadores da Fundação da Universidade de Brasília (Sintfub) também convocou uma assembleia na manhã de quarta-feira (8/5) e aprovou a participação na paralisação da próxima quarta-feira (15).
*Estagiárias sob supervisão de Ana Sá