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Polícia reprime manifestação de estudantes na porta do MEC

O protesto ocorre durante reunião com reitores de universidades de todo o país na sede do MEC

Ana Isabel Mansur*
postado em 16/07/2019 16:27
Representantes de entidades ligadas à educação, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a Associação Nacional de pós-Graduandos (ANPG) e de coletivos como o Juntos! protestaram na entrada do Ministério da Educação (MEC), nesta terça-feira (16), contra uma possível cobrança de mensalidade nas universidades e contra cortes na educação.
O estudante Érick foi detido durante o ato
Policiais militares cercaram a entrada do MEC e dispersaram os manifestantes com spray de pimenta e cassetetes. Durante, o ato um estudante foi levado pela Polícia Militar à 5; Delegacia de Polícia. Segundo o Major Michelo, os manifestantes depredaram uma viatura da PM e o jovem detido, chamado Érick, atacou policiais com um cone. Érick afirmou para o Jornalistas Livres que arremessou o objeto para distrair a PM e defender estudantes que estavam sendo agredidos. O manifestante foi acusado por desacato, mas não foi processado.

Segundo a PM, a manifestação ocorria pacificamente até que manifestantes pregaram cartazes no prédio do ministério, por volta das 16h. Quando seguranças foram retirar os cartazes, manifestantes tentaram impedir, momento em que a PMDF interveio. De acordo com a corporação, alguns policiais foram agredidos e uma viatura foi pichada. Os policiais registram ocorrência de lesão corporal e depredação do patrimônio público.
Manifestantes entraram em conflito com a PM
A manifestação ocorreu durante reunião entre representantes do MEC e reitores de universidades de todo o país para apresentar reformas para o ensino superior. De acordo com a assessoria do MEC, Weintraub participou rapidamente da reunião e saiu para um compromisso com o presidente da República, Jair Bolsonaro.

MEC presta apoio à PM

Em nota enviada por e-mail, o Ministério da Educação se posicionou em solidariedade aos policiais:
"O Ministério da Educação (MEC) repudia o ato violento, ocorrido na tarde desta terça-feira, 16 de julho, contra policiais militares. Os PMs estavam a serviço para garantir a ordem pública e evitar possíveis danos ao patrimônio e aos servidores da sede da pasta, em Brasília.

Manifestantes, organizados pela União Nacional de Estudantes (UNE) ; estavam com camisetas da entidade, furaram o bloqueio feito pelos policiais na entrada do ministério e um deles arremessou um cone de sinalização na tropa. Dois militares se feriram e uma viatura foi pichada. Para dispersar os manifestantes, que tentaram invadir o prédio, foi usado gás lacrimogênio.

A atual gestão do MEC, embora esteja aberta ao diálogo, esclarece que não houve contato de representantes do grupo para uma conversa com gestores do Ministério. O MEC presta todo o apoio à Polícia Militar do Distrito Federal e aos policiais lesionados."

[SAIBAMAIS]

Entenda o projeto Future-se

O presidente do Andes, Antônio Gonçalves, entregou o manifesto aos reitoresO novo projeto para as universidades federais, intitulado Future-se, tem como objetivo o fortalecimento da autonomia financeira das universidades e dos institutos federais. Os detalhes seriam apresentados durante a reunião. O presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Antônio Gonçalves, entregou um manifesto aos reitores na entrada do MEC.
;Diante das difusas informações divulgadas pela mídia, mas considerando o documento intitulado ;Financiamento da Educação Superior no Brasil ; Impasses e Perspectivas;, produzido pelo Centro de Estudos e Debates Estratégicos (Consultoria Legislativa da Câmara Federal), o Programa Ministerial poderá promover o mais profundo ataque à universidade pública, ferindo sua autonomia e impondo categoricamente sua privatização;, diz trecho do documento.

Marcos Kauê é do Centro Acadêmico de Educação Física da USP e faz parte do coletivo Mutirão "Pelo que já foi anunciado, o Future-se é um pacote que dá a opção para as instituições de ensino superior mudarem o caráter jurídico de autarquia para que possam ser administradas por organizações sociais;, afirma o presidente do Andes. "Isso significaria o rompimento com o caráter público dessas instituições, passando para a iniciativa privada a gestão e a forma de contratação. É a ampliação da privatização e da precarização da educação e do nosso trabalho", continua.
Marcos Kauê, 25 anos, é do Centro Acadêmico de Educação Física da Universidade de São Paulo (USP). Ele faz parte do coletivo Mutirão e participou da manifestação contra as mudanças no ensino superior. "A lógica mercadológica vai nortear os caminhos da universidade. Somos totalmente contra a proposta de cobrança. Eu sou cotista negro e de escola pública, então eu sei que isso vai resultar no afastamento da sociedade da universidade", opina.
O estudante Guilherme Bianco é diretor executivo da UNEO diretor executivo da UNE, Guilherme Bianco, 23 anos, cobra o investimento em educação previsto pelo Plano Nacional de Educação (PNE). "10% do PIB é para a educação. A gente entende que é o encaminhamento de um projeto de tentativa de privatização das universidades. Primeiro, o governo cortou verbas, principalmente dos institutos e universidades federais, e agora vem com essa tentativa de uma nova perspectiva de captação", afirma o estudante do interior de São Paulo. "Eles precisam entender que para resolver o problema da educação brasileira é preciso reaver os cortes e investir mais."


Confira repressão policial contra os manifestantes

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Confira o depoimento do estudante Érick no Jornalistas Livres!

*Estagiária sob a supervisão de Ana Sá

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