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''Quem tem que pagar o exame é quem faz'', diz Weintraub sobre Revalida

O ministro também afirmou que um dos impedimentos para que o Revalida seja feito com mais frequência é que hoje, no formato que está, é muito caro

Alessandra Azevedo
postado em 03/09/2019 16:29
Abraham WeintraubO ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou nesta terça-feira (3/9) que o Estado está quebrado e quem deve arcar com os custos do exame de revalidação de diploma é "quem faz", não a sociedade. Ele participa de audiência pública sobre a Medida Provisória (MP) 890/2019, que cria o programa Médicos para o Brasil.

Segundo o ministro, "quem vai pagar o exame é o estudante, o aluno que quer fazer o Revalida". Primeiro, o básico, que "fica mais barato". Depois, se passar na primeira fase, faz o técnico, "para ver se esse aluno tem condição de ser médico ou precisa fazer um ano, mais dois anos na faculdade. A partir daí, procure uma faculdade pública ou privada que esteja disposta a aceitá-lo", explicou.

"Quem tem que pagar pelo exame é quem faz o exame", reforçou o ministro. Ele reclamou do fato de que hoje quem paga é o Estado, "e o Estado somos nós". "E o Estado brasileiro quebrou, o Estado brasileiro não tem mais condição de fazer cortesia com o chapéu dos outros", afirmou Weintraub.

O chefe da pasta da Educação também afirmou que um dos impedimentos para que o Revalida seja feito com mais frequência é que hoje, no formato que está, é muito caro. Entre R$ 6 mil e R$ 10 mil por pessoa, apontou. "Quem paga somos todos nós, quem subsidia esse exame é o pagador de imposto", disse.

Outra mudança que Weintraub sugere em relação ao sistema atual é que o Revalida possa ser feito por universidades particulares, não apenas públicas, como é hoje. Para ele, o "monopólio das públicas trava e torna mais caro o processo". A mudanças está prevista na proposta do Future-se.

Os brasileiros têm "dificuldade de lidar com a realidade", afirmou o ministro. Segundo ele, "nem todo mundo pode ser médico. Ser médico é caro". Quem tiver condição de ser "um médico razoável" vai conseguir fazer o Revalida, defende. "Não conseguiu, tchau. Pendura na parede o seu diploma e apresenta para os amigos, mas ser médico não vai poder".
[SAIBAMAIS]

Preconceito

Weintraub também perguntou se alguém se sentiria confortável em ser atendido por um médico brasileiro que fez faculdade "na fronteira" ou por um médico cubano. "Num momento de emergência, você é atropelado cruzando a rua, você vai se sentir confortável em ser atendido por um desses médicos?"

E citou "o princípio básico do Velho Testamento: eu vou fazer com o outro o que queria que ele fizesse comigo". Após a apresentação de Weintraub, o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) recomendou que o ministro se aprofunde no tema antes de fazer "comentários preconceituosos em relação aos países do Mercosul".

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