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Professores da UnB fazem paralisação com programação para a comunidade

Ato faz parte de uma iniciativa nacional entre as universidade do país contra as medidas do Governo Federal que atingem as instituições públicas

Juliana Andrade
postado em 02/10/2019 11:26
Paralisação na UnB vai durar dois diasOs professores da Universidade de Brasília (UnB) iniciam nesta quarta-feira (2/10) uma paralisação de dois dias. De acordo com o presidente da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (Adunb), Luiz Antonio Pasquet, a greve faz parte de uma iniciativa nacional que vai contra medidas adotadas pelo governo federal que têm afetado as universidades públicas do país.

Durante os dois dias de paralisação, os docentes vão promover alguns eventos abertos ao público de Brasília. Nesta quarta-feira (2/10), os professores irão dar uma aula pública no Instituto Central de Ciência (ICC) da universidade sobre os motivos que têm levado os docentes a fazerem a paralisação. Às 16h, o grupo se concentra em frente ao Anexo II da Câmara dos Deputados para uma marcha pela Ciência e Tecnologia.

Na quinta-feira (3/10), segundo dia de paralisação, os professores farão um ato na Rodoviária do Plano Piloto e no aeroporto, com a exibição de projetos de pesquisa e extensão feitos pela Universidade. ;É uma saída dos quatro campus da universidade de Brasília, aproximando visivelmente da população. Essa proximidade já existe, são diversos projetos de pesquisa, os hospital universitário, hospital veterinário, além de parcerias. Nós entendemos que essa greve nacional da educação tem o sentido de olhar para nós mesmos no dia de hoje e a conversa com a sociedade no dia de amanhã;, explicou Pasquett.

Depois dos dias de paralisação, os professore farão um evento no Parque da Cidade, no sábado (5/10), a partir das 8h30. A ação levará aulas públicas, saraus com artistas convidados e exposições de projetos e pesquisas da universidade.
Confira na íntegra a carta da Associação Dos Docentes da UnB (ADUnB):
Quais os motivos que nos levam a parar por 48 horas?



Nos dias 2 e 3 de outubro, em todo o Brasil, docentes, técnicos e estudantes paralisarão suas atividades mais uma vez neste ano. No primeiro semestre, nos dias 15 e 30 de maio, diante de cortes brutais nos orçamentos das universidades e institutos já havíamos ocupado as ruas. De lá para cá, o governo federal escolheu a educação como uma das áreas preferidas para seus ataques.
Os cortes do orçamento foram gigantes e paralisaram serviços essenciais, afetaram milhares de pesquisas, causaram descontinuidade em estudos importantes para o país. A educação, a ciência e a extensão estão sendo afetadas por uma política de desmonte dos serviços públicos.

Nossas instituições estão sendo atacadas em sua autonomia. O anunciado Programa Future-se pretende repassar sua gestão das universidades para Organizações Sociais, grupos privados selecionados pelo MEC. Não resolve nosso funcionamento e entrega nosso patrimônio a terceiros.


Um dos avanços democráticos conquistados, as eleições para reitores, estão sendo sistematicamente desrespeitadas. MEC está nomeando reitores fora da lista ou que tiveram poucos votos, ou seja, a vontade da maioria da comunidade está sendo desconsiderada.


O ministro da educação anunciou que vai acabar com a contratação por concurso público, passando docentes para CLT e contratados por Organizações Sociais, com critérios que desconhecemos e sem estabilidade no emprego.


Para o atual ministro, que a cada dia deixa claro seu despreparo para exercer tão importante função, os docentes são ;zebras gordas; a serem caçadas e abatidas. Ou seja, são os salários dos docentes a causa da falta de verbas.


A Proposta de Orçamento Federal para 2020 nos mantém na mesma situação, não recompõe as perdas no custeio e investimento e torna inviável o funcionamento das instituições de pesquisa.


E os ataques não param. O ministro da economia anuncia o envio de proposta de desvinculação dos recursos educacionais. Somente em ditaduras não tivemos recursos mínimos garantidos. É um plano para inviabilizar o funcionamento e facilitar a pretendida privatização dos serviços educacionais nas instituições federais.


Ao contrário do governo, a população de Brasília valoriza o trabalho desenvolvido dentro da UnB. Somos uma das melhores universidades do país, produzimos pesquisa essencial para o desenvolvimento do país, formamos profissionais respeitados na sociedade e prestamos serviços que mudam a vida das comunidades.

Unidos somos mais fortes. Somos mais fortes do que um ministro que não é digno do cargo. Somos mais fortes do que o governo que ataca a educação e a ciência.

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