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Estudantes criam plataforma para diminuir evasão no ensino superior

Projeto, que utiliza inteligência artificial, foi criado durante maratona de empreendedorismo e receberá aceleração da Future Education

Isadora Martins*
postado em 02/10/2019 16:39
Quatro universitários tiveram a ideia de criar uma plataforma com inteligência artificial para as instituições de ensino superior unificarem todos os dados sobre seus alunos ; a SDUnity. Dessa forma, elas podem traçar o perfil de cada estudante e desenvolver estratégias para melhorar a experiência acadêmica deles, diminuindo os índices de evasão. Essa foi a ideia ganhadora do 2; HackLab, maratona de empreendedorismo que ocorreu durante o Fórum Nacional do Ensino Superior Particular Brasileiro (Fnesp), evento organizado pelo Semesp na última quinta (26) e sexta-feira (27), em São Paulo. O grupo ganhou uma aceleração de três meses na Future Education, além do prêmio de R$ 8 mil.
Projeto, que utiliza inteligência artificial, foi criado durante maratona de empreendedorismo e receberá aceleração da Future Education
;Nosso projeto surgiu da necessidade de as instituições conseguirem entender porquê os alunos estão evadindo;, diz Leonardo Moraes Ramos, 19 anos, estudante de administração do Centro Universitário Fundação de Ensino Octávio Bastos (Unifeob), em São João da Boa Vista (SP). Ele explicou que as universidades têm sistemas que reúnem informações sobre os alunos, mas eles não são integrados. ;Você tem dados do sistema financeiro e do sistema sociopedagógico, por exemplo, mas não tem nada que integre essas informações e mostre, de forma personalizada, o perfil de cada estudante.;
Leonardo Moraes Ramos, estudante de administração no Centro Universitário Fundação de Ensino Octávio Bastos (Unifeob), em São João da Boa Vista (SP)

A proposta da maratona era criar uma solução para o ensino superior em três dias. O grupo conta que teve dificuldade para identificar o problema que iria resolver e, no início, estava atrasado em relação aos outros participantes. ;A evasão não é o grande problema, ela é a consequência. As instituições têm dados sobre os índices de desistência, mas não trabalham de forma eficaz em cima disso;, explica a estudante Rafaela Aparecida Pan, 19, que também cursa administração no Unifeob.
Rafaela Aparecida Pan, estudante de administração no Unifeob, em São João da Boa Vista (SP)
;A gente só conseguiu entender o problema para fazer a validação na quinta à tarde. Os outros grupos já estavam bem adiantados em relação a isso;, completa. ;A nossa ideia era muito abrangente, ela ia para muitos lados. A gente não estava conseguindo fechar uma solução específica;, comenta Leonardo. De acordo com ele, foi no momento de conversar com os gestores de faculdades que o grupo percebeu qual era a solução que precisava ser criada. ;Foi aí que nós entendemos que o objetivo principal era integrar os sistemas das universidades, porque, até então, estávamos pensando em criar uma plataforma que fizesse a identificação de evasão, mas isso já existe.;

Rotina e experiência

Esta foi a primeira vez de Leonardo no HackLab. Ele conta que a rotina de imersão foi intensa, mas essencial para desenvolver um bom produto. ;Na primeira noite, ficamos sem dormir. Mas acredito que, para desenvolver um projeto como o nosso, é importante não parar;, disse. ;Se você dedica um dia inteiro para pensar em determinado trabalho, suas ideias fluem e se incrementam. No fim, você se surpreende.;

Na visão Bruno César Guarilha Delvas, 18, estudante de design gráfico no Centro Universitário Unifafibe, em Bebedouro (SP), a rotina foi uma ;loucura;, mas recompensou. ;São três dias de trabalho muito intenso e isso nos consome muito, fora a pressão que sofremos. Nós estávamos muito preocupados com o resultado, não sabíamos se o nosso projeto era bom o suficiente;, diz. ;Mas foi um processo muito gratificante, porque nos esforçamos bastante e, no fim, fomos recompensados;, ressalta.
Bruno César Guarilha Delvas, estudante de design gráfico no Centro Universitário Unifafibe, em Bebedouro (SP)
Bruno conta, ainda, que a imersão mudou a forma como ele enxerga o mundo. ;Daqui para frente, eu tenho muita vontade de participar de outros projetos assim, porque é muito gostoso sentir a adrenalina de uma maratona e ter de cumprir um desafio para o qual você nem sempre está preparado.; Além disso, o estudante teve uma ótima experiência trabalhando em grupo. ;Nossa equipe se deu muito bem e nós desenvolvemos uma amizade forte;, comenta. ;Foi incrível, porque nos complementamos muito. Nós tínhamos diferentes perfis dentro do grupo, mas todo mundo se ajudou, todo mundo estava muito focado em desenvolver o projeto;, acrescenta.

Gabriela de Lima Santana, 20, estudante de administração no Centro Universitário Toledo Prudente, em Presidente Prudente (SP), concorda que a equipe funcionou bem. ;Meu grupo é maravilhoso, somos três administradores e um designer. Em todos os momentos, parecíamos conectados, sempre na mesma linha de pensamento, engajamento e participação;, conta. ;Foi minha primeira vez nesse tipo de imersão e posso dizer que é uma experiência extraordinária. Ir ao limite, pensar em grupo (principalmente considerando que são pessoas que eu não conhecia), participar de palestras e dinâmicas;Foi ótimo;, completa.
Gabriela de Lima Santana, estudante de administração no Centro Universitário Toledo Prudente, em Presidente Prudente (SP)

Futuro do projeto

As expectativas em relação à aceleração da SDUnity são altas. ;Nós estamos bem empolgados para desenvolver o projeto e levá-lo para todas as universidades do Brasil. Esperamos que isso ocorra em pouco tempo;, conta Rafaela. A estudante Gabriela diz que está muito ;animada; e acredita que os colegas também estejam. ;A SDUnity vem com o intuito de humanizar dados, e é disso que precisamos hoje. Em um mundo com tecnologias avançadas, precisamos de pessoas mais empáticas, e a nossa ideia vem para ajudar nisso.;

Para Bruno, o futuro do projeto ainda é rodeado de incertezas. ;Nós somos muito novos; então, ainda estamos começando nesse mundo do empreendedorismo;, justifica. ;Minha expectativa, daqui para frente, é continuar aprendendo e me desenvolver nessa área. Vamos continuar investindo no nosso projeto e, quem sabe, ele não se torna realidade e começa a ser aplicado nas faculdades?;
*Estagiária sob supervisão da editora Ana Sá

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