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UnB publica moção de repúdio a 'ataques' do ministro da Educação

Texto elaborado pelo colegiado máximo da instituição conclama a comunidade para defender a universidade e reprova ações 'políticas' de Abraham Weintraub

Daniela Santos*
postado em 18/12/2019 21:26
O Conselho Universitário (Consuni) da Universidade de Brasília (UnB) divulgou, nesta quarta-feira (18), uma moção de repúdio ao que considerou ;ataques dirigidos à UnB;. O colegiado da instituição se refere a declarações do ministro da Educação, Abraham Weintraub, durante audiência convocada pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados para esclarecer as alegações sobre a existência de drogas nas universidades federais.
Texto elaborado pelo colegiado máximo da instituição conclama a comunidade para defender a universidade e reprova ações 'políticas' de Abraham Weintraub

A a moção de repúdio foi elaborada durante reunião extraordinária do Consuni nesta quarta-feira (18/12). O texto afirma que o sentimento é de ;indignação; e que as declarações de Weintraub são ;uma tentativa de desqualificar a instituição;. A moção também demonstra apoio à atual gestão, sob responsabilidade da reitora Márcia Abrahão. No texto, os membros do conselho pedem, ainda, providências em relação às medidas de reparação da imagem da instituição.

De acordo com a reitora, já está sendo avaliada, por intermédio da Advocacia-Geral da União (AGU), a possibilidade de mover uma ação contra o ministro por danos morais à instituição. Também foi colocada em pauta, durante a reunião, a necessidade de mobilização da universidade para pedir a demissão de Weintraub. A reitora, no entanto, esclareceu que não cabe ao Consuni, como órgão de administração da instituição, pedir isso.

No entanto, ressaltou que a deputada federal Érika Kokay (PT-DF), em conjunto com outros parlamentares, está entrando com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) e na Comissão de Ética Pública da Presidência da República para avaliar se o ministro da Educação infringiu alguma norma do serviço público. Se esse for o caso, os parlamentares solicitarão o afastamento de Weintraub.
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;Hoje foi um momento de a comunidade tomar conhecimento de tudo que está acontecendo. Os diretores vão levar para suas unidades acadêmicas e fazer esse discussão por lá também. É uma forma de conscientizar e unir a universidade;, comentou Márcia Abrahão.

Estavam presentes cerca de 90 pessoas, entre professores e estudantes. O representante discente Caio Souza cobrou uma ação mais severa para atitudes que classifica como ;desmonte; das instituições de ensino superior mantidas pelo governo. "A gente tem que pedir uma moção que pede a suspensão do projeto de desmonte das universidades públicas;, afirma. ;A gente tem que ser bem clara com o que vai falar. O projeto desse governo é um projeto neoliberal que visa desmontar para, depois, privatizar.;

Confira a manifestação da UnB

;Moção de repúdio aos ataques sofridos pela Universidade de Brasília

O Conselho Universitário (Consuni) da Universidade de Brasília (UnB) tem acompanhado com profunda indignação os discursos de alguns representantes do Governo Federal e as ações do titular do Ministério da Educação em relação às instituições federais de educação superior (IFES) e, em particular, à UnB.

Os ataques dirigidos à UnB foram amplamente noticiados na última semana e constituíram objeto de interpelação do ministro, quando convocado pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. Os parlamentares questionaram o ministro especialmente quanto a dois assuntos de enorme gravidade: as acusações sobre o consumo de drogas nas IFES, fazendo-se valer de uma reportagem antiga que cita a UnB, cujos fatos foram devidamente apurados e arquivados em inquérito policial e em processo administrativo disciplinar, e a agenda do titular da pasta com o ministro de Tribunal de Contas da União (TCU) relator do processo que analisa as contas de 2017 da UnB, cuja pauta não foi divulgada e sobre a qual o ministro não ofereceu explicações.
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Trata-se de uma inequívoca estratégia de desqualificação da Universidade de Brasília perante a sociedade, seja por meio da disseminação de informações falsas ou imprecisas para a opinião pública ou da utilização de métodos não republicanos para uma eventual manipulação de decisões. Cabe, de um lado, ressaltar que a universidade é parte da sociedade e nela encontram-se as mesmas situações que se observam fora dela, e, de outro lado, reiterar que as contas da instituição já foram consideradas regulares pela área técnica do TCU, o qual, como se sabe, deve primar pela transparência, pela lisura e pela imparcialidade na análise dos processos dos órgãos públicos federais.

O Conselho Universitário (Consuni), reunido em 18 de dezembro de 2019, manifesta o seu apoio incondicional às ações da Administração Superior da UnB e repudia essa atuação política do ministro da Educação. Também recomenda à Reitoria que tome as medidas cabíveis para a reparação dos danos causados à instituição e, ao Governo Federal, que, pelos meios institucionais, apure os fatos e aja no sentido de fazer cessarem esses ataques à UnB e às IFES em geral.

O Consuni conclama a comunidade externa a permanecer em estado de resistência e a defender, com unidade, a autonomia de gestão universitária, nos termos da Constituição Federal, para o pleno alcance da missão institucional da UnB, que é a de ;ser uma universidade inovadora e inclusiva, comprometida com as finalidades essenciais de ensino, pesquisa e extensão; (Projeto Político Pedagógico Institucional da UnB, 2018).



*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

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