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Estudante brasiliense é selecionado para universidade na Coreia do Sul

Alan Maimoni vai cursar relações internacionais com bolsa integral em uma das melhores instituições do país. Mais três brasileiros foram selecionados

Correio Braziliense
postado em 03/02/2020 07:00
Quem nunca sonhou cursar faculdade fora do país, conhecer culturas de todo o mundo, aprender uma nova língua? O brasiliense Alan Maimoni, 17 anos, realizará esse sonho. Ele é um dos quatro selecionados brasileiros para estudar na Coreia do Sul. O estudante irá cursar relações internacionais em uma das melhores instituições de ensino superior do país, a Universidade Nacional de Seul (Seoul National University - SNU), localizada na capital. 

A seleção foi feita pelo National Institute for International Education (NIIED), um órgão do Ministério da Educação da Coreia do Sul, que oferece auxílio a estudantes internacionais. O instituto tem um programa de bolsas chamado Global Korea Scholarships (GKS), que, além de fornecer a vaga, cobre os principais gastos do estudante, como moradia nos dormitórios da universidade, passagens áreas, bolsa mensal e seguro saúde emergencial. Para o ano de 2020, foram ofertadas quatro vagas a estudantes brasileiros e, dos 91 inscritos, Alan foi um dos selecionados. 
Alan irá cursar relações internacionais em uma das melhores instituições de ensino superior da Coreia do Sul, a Universidade Nacional de Seul (Seoul National University - SNU), localizada na capital.

O processo seletivo não exige que o candidato fale coreano, mas que tenha inglês fluente comprovado pelo teste de proficiência. O primeiro ano na universidade é, na verdade, um curso para aprender a língua oficial do país, a partir de 29 de fevereiro. A faculdade de relações internacionais será cursada efetivamente somente em 2021. 

A vontade de viver em outro país se manifestou ainda na infância. “Meus pais contam que, desde que eu era pequeno, eu queria desbravar o mundo. Não importava se seria para estudar ou quando eu estivesse mais velho, mas sabia que queria morar fora”, relata. Na mesa de estudos, Alan deixa com carinho o livro Facts about Korea que ganhou da Embaixada da República da Coreia na República Federativa do Brasil. É chance de aprender um pouquinho mais sobre a cultura do país que se tornará sua casa. 

O estudante conta que a família já estava preparada, pois sabia que cedo ou tarde ele iria embora. O advogado Alvaro Maimoni deu todo apoio possível ao filho. Já a mãe, Jacqueline Maimoni, que é orientadora educacional e psicóloga, apesar de apoiar e estar feliz pelo filho, demonstra mais aflição com a mudança. “É do outro lado do mundo, com uma cultura e língua totalmente diferente, e ela fica mais preocupada se eu vou conseguir me virar bem, se vai dar tudo certo”, conta Alan. 

Jacqueline pode ficar despreocupada. O filho está preparado. Em um aplicativo de conversas, participa de um grupo com futuros intercambistas de todo o mundo que irão para a Coreia. No espaço, eles desabafam sobre a ansiedade e dão apoio uns aos outros. “Graças a isso o meu coração está muito leve, eu acho que vai ser uma aventura muito legal. No fim eu vou conseguir e vai dar tudo certo”, empolga-se. 
A pretensão inicial de Alan é continuar na Coreia, mas a possibilidade de voltar ao Brasil não é descartada.
 
A experiência é uma novidade, mas ele não garante que não está ansioso. “É um sonho se tornando realidade. Estilo do que a gente vê nos filmes. Vou ter meu colega de quarto, um dormitório”, destaca. Os amigos se sentem motivados com a vitória de Alan. “Tenho amigos que já estão pesquisando mais sobre intercâmbio”, afirma. 

A preparação começou ainda no 9º ano do ensino fundamental, quando um professor do Leonardo da Vinci, colégio em que Alan estudava, comentou sobre um programa de bolsas de estudos no Japão. Daquele dia em diante, o estudante não parou de pesquisar a respeito. Mesmo sem saber o que iria cursar na faculdade e em qual país se aventurar, ele entrou no ensino médio ciente de que precisava construir um ótimo currículo para conseguir uma bolsa fora do Brasil. Após fazer um trabalho escolar sobre o acordo de paz entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte, o estudante direcionou a pesquisa por bolsas para a região e descobriu o programa. 

No Colégio Sigma, ele fez o ensino médio. Para concorrer às bolsas na Coreia do Sul, o desempenho na escola precisava ser excelente. Afinal, eram poucas vagas para estudantes brasileiros. Por essa razão, o estudante não deixou de se inscrever em outros meios de acesso ao ensino superior no Brasil, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Programa de Avaliação Seriada (Pas) e vestibular da Universidade de Brasília (UnB). “Eram quatro vagas e eu não sabia quantas pessoas iriam se inscrever no meu ano. Então, apesar de a Coreia ser minha prioridade, também me dediquei a esses outros programas”, conta. 

A segunda opção seria cursar relações internacionais na UnB. “Eu até entrei no site do Sisu, mas não cheguei a me inscrever porque fiquei com a consciência pesada. Eu já estou com a minha vida completa e eu gostaria que outra pessoa sentisse a mesma alegria que eu senti quando passei”.
A segunda opção seria cursar relações internacionais na UnB 

Depois de formado, haverá um mundo de oportunidades para Alan. A pretensão inicial é continuar na Coreia, mas a possibilidade de voltar ao Brasil não é descartada. “Eu vou esperar entrar na faculdade para entender melhor cada área e quais as possibilidades para poder fazer meus planos. Quem sabe voltar e fazer uma pós-graduação aqui”, ele planeja. 

Os candidatos ao Global Korea Scholarships (GKS) não fazem prova, mas passam por uma avaliação criteriosa. A primeira fase consiste na análise de uma série de documentos, que incluem histórico escolar, apresentação escrita e cartas de recomendações de professores. O participante tem a opção de escolher apenas uma instituição e enviar diretamente documentação para ela, ou então, encaminhar para a embaixada e escolher até três universidades para concorrer a uma vaga. Na segunda etapa, o órgão pré-seleciona os melhores candidatos e envia as inscrições ao Ministério da Educação da Coreia, que precisa aprovar a seleção do bolsista. O veredito final é da universidade escolhida pelo estudante. 

O processo seletivo é aberto duas vezes ao ano: em fevereiro, para os interessados na pós-graduação internacional e, em agosto, para a graduação. O número de vagas varia a cada ano e a avaliação é qualitativa. No caso da graduação, é analisado todo o desempenho do estudante no ensino médio, não só com média de notas exigida, mas também com projetos de que tenha participado. Para saber mais sobre a seleção de bolsas para a pós-graduação, acesse o site da embaixada

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  • Foto: Nicolas Braga/Esp. CB/D.A Press
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