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Acadêmicos da UnB são os primeiros a sequenciar genoma do coronavírus no DF

Equipe do Departamento de Biologia Celular da Universidade de Brasília (UnB) fez o procedimento pela primeira vez na capital federal. Trabalho ajuda a entender mutações e transmissão do micro-organismo

Correio Braziliense
postado em 01/04/2020 22:00
Uma equipe de pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (IB/UnB) foi a primeira do Distrito Federal a sequenciar um genoma do novo coronavírus. Com autorização de um paciente, a amostra foi coletada em uma unidade do laboratório Sabin da capital federal e analisada com o auxílio de insumos cedidos pela cientista Ester Sabino, do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IMT/FM/USP).
 
Assim como cientistas no mundo inteiro, pesquisadores da UnB tentam entender as características do vírus que circula no DF O grupo da UnB trabalha no Departamento de Biologia Celular da universidade e é composto pelos virologistas Fernando Lucas de Melo, Tatsuya Nagata, Bergmann Ribeiro, além do biomédico Ikaro Alves de Andrade, que, recentemente, perdeu a bolsa de doutorado após mudanças anunciadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Apesar de o feito ter sido alcançado em outras unidades da Federação e em outros países, a equipe foi a primeira a sequenciar o material genético do novo coronavírus no Distrito Federal. O processo permite, por exemplo, ter mais informações sobre como se dispersam os tipos que circulam no DF — uma vez que esses micro-organismos passam por constantes mutações — e ajuda a monitorar as variações deles. Um dos objetivos da equipe do Laboratório de Microscopia Eletrônica e Virologia é conseguir amostras de mais pacientes. 
 

Saiba Mais

 

Os virologistas Bergmann Ribeiro (E) e Tatsuya Nagata Bergmann destacou que o conhecimento sobre o código genético dos vírus é uma maneira de acompanhá-los ao longo do tempo. É possível saber, por exemplo, quais proteínas são mais importantes para eles e até identificar drogas que possam enfraquecê-los. “Alguns deles conseguem sobreviver com mutações. Eles vão evoluindo no hospedeiro de maneira diferente. Os vírus cujas sequências você analisa vão variando em Brasília, na China, em São Paulo”, explicou o professor.

O professor titular do Departamento de Biologia Celular da UnB lembrou que há inúmeras pessoas trabalhando em projetos para tentar descobrir mais dados sobre o novo coronavírus e que a contribuição de cada uma delas é relevante. “Por isso, é importante investir em pesquisa. E ela não é barata. Os insumos (para o sequenciamento) custam R$ 6 mil”, comentou. 

Os equipamentos necessários para a pesquisa no laboratório da UnB contou com apoio financeiro de diferentes agências de fomento à pesquisa. Para Bergmann, quanto mais recursos são repassados para o setor, mais eficientes serão os resultados. “Não se trata de um gasto. É um investimento. O retorno da ciência é paulatino e acontece à medida que avançamos no conhecimento. Além disso, é importante o governo estar preocupado com políticas públicas e com o aspecto social. Não basta ser só o dinheiro”, completou.

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