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Pais de estudantes brasileiros na Rússia tentam retorno dos filhos

Com fechamento de aeroportos, jovens universitários na cidade de Vladivostok

Um grupo de 24 pais e mães brasileiros vivem a angústia de não poder receber em casa os filhos, que estudam medicina na Rússia. Os quase 17 mil km que separam Brasil e Vladivostok, cidade onde os jovens estão alojados, ficaram ainda maiores com o cancelamento constante dos voos, medida adotada em muitos países como tentativa de frear o crescimento de casos de transmissão de coronavírus.

Uma das mães preocupadas é a servidora pública Cristiane de Oliveira, 51 anos. O filho dela, Bernardo Oliveira, 24 anos, mora na cidade há quatro anos, e está tendo aulas on-line desde meados de março. “Todos estão muito angustiados. Já que estão estudando virtualmente, preferiam estar em casa”, afirma.

Segundo ela, alguns dos alunos compraram passagens mais de uma vez, mas elas sempre são canceladas. “Todos os voos internacionais passam por Moscou, que fechou o aeroporto. As companhias até estão vendendo, mas a gente gasta até R$ 10 mil no trecho, e eles cancelam, sem devolver o dinheiro. A gente tem que remarcar para uma data mais tranquila”, lamenta.

A professora Cláudia Alcântara, 54 anos, também fala da angústia. A filha dela, Natalie Alcântara, 22 anos, está bem, mas quer voltar para casa. “Eu entendo a dificuldade do governo em buscá-los tão distante, mas é a única alternativa”, pondera. De acordo com ela, ao menos 60 brasileiros estão no grupo de interessados em retornar ao país de origem.


Apelo

Os pais tentam agora ajuda da Embaixada no país. Em uma carta conjunta enviada nesta terça-feira (19/5), eles ressaltam os riscos da covid-19 e pedem transporte para os estudantes. Outra preocupação é em relação à saúde mental dos jovens, diante das incertezas causadas pela pandemia.

Em 30 de abril, Tovar da Silva Nunes, embaixador do Brasil na Rússia e Uzbequistão, divulgou um vídeo em que se dirige aos brasileiros que desejam retornar. “Queria que vocês soubessem que a embaixada está empenhada em encontrar, no curto prazo, uma solução viável. Estamos em coordenação com as autoridades locais, e também com os embaixadores latino-americanos cujo cidadãos estão em situação semelhante à de vocês.”

A aposentada Teresinha Miranda, 60 anos, explica que o desejo dos pais é de que a Embaixada consiga fretar um avião para trazer os jovens. “Nós vamos arcar com os custos, mas precisamos dessa ajuda”, declara. Se tudo der certo, o filho dela, Gabriel Miranda, 23 anos, poderá comemorar o aniversário, em junho, com a família. “Sabemos que o sistema de saúde russo é muito bom, mas, mesmo assim, temos a preocupação, por eles serem estrangeiros.”