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UnB estagnou em ranking mundial e perdeu posições na América Latina

Apesar de aparecer na lista das 10 melhores do país, a universidade está empacada entre as 200 últimas. Para ex-reitor, é preciso melhorar a governança

Correio Braziliense
postado em 25/06/2020 20:06
A notícia de que a Universidade de Brasília (UnB) subiu duas posições entre as instituições de ensino superior (IES) brasileiras no ranking QS World University Ranking, da consultoria britânica Quacquarelli Symonds (QS), gerou alvoroço. Com a melhora, a UnB passa a integrar a lista das 10 melhores universidades do Brasil. No ano passado, a federal de Brasília estava na 12ª posição e, agora, ficou na 10ª. No entanto, isso não quer dizer que a instituição não esteja no “fim da lista”. Isso porque dos 14 centros de ensino brasileiros que entraram no rol dos 1.000 melhores do mundo, os seis últimos estão na mesma posição global: entre a 801ª e a 1.000ª colocações.
 
Posição entre as 10 melhores do país deve ser avaliada levando em conta cenário global também

É nesse intervalo que a UnB está nesta edição e em que ficou na última. Não há uma classificação específica porque, após certo ponto, o ranking para de especificar posições, apenas estabelecendo um intervalo. Analisando as colocações mundiais, a UnB demonstrou certa estabilidade no trabalho nos últimos dois anos, mas, antes disso, teve histórico de queda, precedido por um período de melhoria até 2016. Para se ter uma ideia, nos rankings liberados entre 2011 e 2014, a UnB estava na faixa global entre a 551ª e a 600ª posições; no publicado em 2015, ficou entre as 491 e as 500 melhores.

Depois disso, só caiu até que, no ano passado e neste, estabilizou-se. Isso não quer dizer que a universidade tenha necessariamente piorado, pois a colocação no levantamento considera também o avanço de outras instituições que podem ter melhorado e ultrapassado a UnB, por exemplo. Entretanto, é importante notar que, para “despencar” mais estando na faixa entre as 200 últimas melhores, só se a UnB saísse do ranking. Em outro levantamento da consultoria QS, o LatAm University Ranking, focado na América Latina e divulgado no ano passado, a UnB ficou em 29º lugar.

A evolução e a queda da UnB no ranking global

 

Declínio

Entre as latino-americanas, a Universidade de Brasília já esteve bem melhor. Foi a 9º colocada na edição de 2017; caiu para a 18ª colocação em 2018; para a 27º em 2019 e para a 29º em 2020. O ex-reitor Ivan Camargo analisa que não há motivos para comemorar. “A UnB caiu 20 posições no ranking da América Latina. E, no ranking mundial, está estabilizada nas últimas 200. É como se, numa turma de 1.000 alunos, estivéssemos entre os últimos 200 e achando bom”, diz. “Para uma universidade pública brasileira, o objetivo deve ser estar pelo menos entre as 200 melhores. Na América Latina, não estar entre as 10 melhores é negativo.”

Universidade caiu 20 posições entre as instituições latino-americanas

 

Ele observa que a crítica não é só à UnB: várias IES brasileiras pioraram nas últimas edições do ranking. Entre as 14 nacionais no ranking da QS, apenas duas são particulares: as Pontifícias Universidades Católicas do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e de São Paulo (PUC-SP). Em geral, as listadas são públicas e, na avaliação dE Ivan, falta a essa modalidade de centro de ensino motivação para buscar eficiência. “A minha sugestão é repensar a governança da universidade, rediscutir os caminhos.” Durante a gestão de Ivan Camargo, a UnB subiu tanto em rankings globais quanto da América Latina.

Para Ivan Camargo, ex-reitor, o objetivo deve ser estar entre as 200 melhores do mundo

 

Questionado sobre sugestões para que a instituição volte a subir degraus em vez de descer, ele é sucinto: “Tem três coisas para fazer: trabalhar, trabalhar, trabalhar”. Para além de “botar a universidade para trabalhar”, ele aconselha que “a administração atrapalhe pouco, tenha unidade e privilegie o mérito acadêmico e os professores que dão boas aulas e produzem bastante”. Será preciso correr atrás do prejuízo a fim de voltar a galgar posições melhores. Questionada sobre o motivo de, antes da edição atual, a UnB ter apresentado queda nos últimos quatro anos, a reitora Márcia Abrahão disse, em entrevista exclusiva ao Correio, que o grande desafio é orçamentário.

Faltam recursos?

“A dificuldade que tivemos foi orçamentária, mas, desde o início, investimos fortemente na produção acadêmica e na internacionalização. Isso fez a diferença. Quando olha agora, mostra que o nosso diagnóstico estava certo. É um esforço de toda a comunidade”, afirmou Márcia Abrahão em entrevista sobre o resultado. Em três anos, o orçamento discricionário da instituição caiu 42%. Remi Castioni, professor da Faculdade de Educação (FE/UnB), não acredita que a piora e a estagnação em rankings como o da QS tenham motivações financeiras. “O orçamento se manteve mais ou menos dentro dos mesmos padrões. Numa universidade, 90% é gasto de pessoal”, informa.

A reitoria Márcia Abrahão atribui queda em edições anteriores do ranking a desafio orçamentário

 

“Teve redução de investimentos, mas os grupos de pesquisa que necessitam de recursos praticamente não contam com fundos da universidade, eles buscam outras fontes, como o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico)”, diz. “Claro que as instituições proveem a infraestrutura, mas, se tivessem que contar só com o dinheiro das universidades, a maior parte dos laboratórios de pesquisa teria fechado”, supõe Remi. Ivan Camargo, ex-reitor da UnB, analisando os quatro anos de sua gestão, admite que o orçamento da universidade é “limitadíssimo”, pois o “grosso” é destinado a pagar professores, servidores e inativos.

“O grande dinheiro da universidade a administração não controla. Eu não sei dizer sobre como está o orçamento agora, mas, com dinheiro infinito, toda gestão é fácil”, aponta o professor da Faculdade de Tecnologia (FT/UnB). “Não tem incentivo para fazer qualquer redução de custo e para tornar a universidade mais eficiente”, reflete Ivan. “Parece-me que temos incentivos equivocados. A gestão da universidade não tem a preocupação e não tem incentivo para ter uma gestão eficiente porque quem paga a conta é o ministério (da Educação)”, analisa.

Remi Castioni também avalia que é preciso melhorar a gestão e a eficiência. “É necessário trabalhar com indicadores mais refinados. As universidades perseguem muito pouco indicadores e metas e são pouco criativas para buscar outras alternativas de recursos fora dos limites da administração pública”, critica o educador. A UnB, comenta Remi, tem um diferencial de conseguir gerar receitas próprias, por ter um patrimônio imobiliário que outras não têm. Além disso, ele pondera que cortes no orçamento foram aplicados também nas outras federais. “Todo mundo teve ajustes. Então, aí é que entra a capacidade de gestão.”

O professor Remi Castioni: corte de recursos não justifica piora

 

Proposta de governança

No Índice Integrado de Governança e Gestão Pública (IGG) do Tribunal de Contas da União (TCU), publicado em 2019, a UnB ficou na 17ª posição entre as instituições de ensino superior públicas avaliadas, atingindo 44% no índice. Remi observa que há espaço para melhoria. O ex-reitor Ivan Camargo também acredita que a governança é um aspecto a avançar. Ele vê a centralização da receita no MEC negativamente. “É uma coisa que atrapalha. Fica tudo muito parecido. Se houvesse certa competição, teria incentivo para (a universidade tentar) botar mais aluno, por exemplo.”  

Em posições bem melhores do que a UnB no ranking estão a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Estadual de São Paulo (Unesp). “Essas três estaduais têm muito mais autonomia do que as federais, que dependem de uma centralização equivocada e burocrática do MEC.” O professor acredita que a governança das universidades públicas precisa melhorar, deveria ser menos amarrada e estimular o mérito. “As universidades públicas na França, onde estive dois anos, têm o mesmo custo por aluno da nossa universidade e conseguem manter uma infraestrutura muito melhor”, compara.

Atratividade em jogo

“Os gastos de infraestrutura das universidades brasileiras são irrisórios. Quase toda a receita é gasta com pagamento de pessoal. Aí a infraestrutura via se deteriorando. Tudo isso leva para um processo estrutural de perda de prestígio, de decadência que me parece que está acontecendo em todas as brasileiras”, lamenta Ivan Camargo. A edição mais recente do ranking QS revela um contexto de piora geral do ensino superior brasileiro. Todas as 14 IES nacionais no estudo perderam pontos no apelo internacional no último ano, mostrando que as universidades brasileiras se mostram menos atraentes para alunos e professores estrangeiros.

Além disso, nenhuma universidade brasileira entrou no top 100, ou seja, as 100 melhores do mundo. A que ficou mais perto foi a USP, na 115ª posição mundial (a melhor classificação dela até hoje). Segunda colocada nacional, a Unicamp ficou na 233ª classificação internacionalmente. A UnB apresentou queda nos últimos anos; enquanto a USP, a primeira colocada nacionalmente, apresenta um histórico recente de melhoria, tendo subido de posições a cada ano nas últimas quatro edições do ranking.

As universidades brasileiras que apareceram no ranking mundial

 

Num contexto em que todas as instituições de ensino superior brasileiras incluídas no ranking da QS caíram no apelo internacional, é importante repensar a atração de estudantes e professores estrangeiros na UnB. “Vejo alunos jovens e talentosos entrarem por concurso e que vão para o exterior, fazer carreira acadêmica fora. Por algum motivo, a gente não está conseguindo manter os nossos talentos ou atrair novos talentos. E isso é muito grave”, analisa o ex-reitor Ivan Camargo. “A universidade, por definição, é um lugar que precisa reunir talentos.” Para o professor, o contexto brasileiro também não tem ajudado.
 
“Além de ver meus colegas indo embora, vejo que o Brasil era um país agradável e simpático e essa imagem se perdeu. Além disso, como trazer um talento do exterior para o Brasil se ele tem de fazer um concurso em português? Há muitas amarras, burocracias e procedimentos de um serviço público que não atende a demanda da sociedade”, critica.

Apesar do declínio da atratividade no exterior, o número de acordos internacionais da UnB tem aumentado a cada ano, assim, a instituição tanto envia mais pessoas para o exterior quanto recebe. A universidade conta com um plano de internacionalização que orienta esse trabalho entre 2018 e 2022. Servidora da Secretaria de Assuntos Internacionais (INT/UnB), Priscyla Barcelos relata que os intercambistas ficam encantados e satisfeitos com a experiência adquirida. “A gente nota isso”, afirma.

Como se direcionar

Doutor em educação, Remi Castioni acredita que a posição da UnB no ranking não ocorre porque a instituição piorou, mas, sim porque as demais instituições melhoraram enquanto ela ficou parada. “As universidades têm de conhecer como estão na fotografia. No caso da UnB, desde 2016, estamos caindo.” Ele pondera que universidades de classe mundial usam posições nessas pesquisas para atrair alunos.

O professor observa que listas como as da QS são indicadores de qualidade que assumiram importância muito maior do que os próprios critérios de aferição no Brasil. “A avaliação nacional não indica o que de fato é qualidade. A agenda de rankings internacionais é que vai ganhando espaço. A USP montou um escritório só para cuidar de indicadores”, afirma. 

ARTIGO
 
Rankings acadêmicos: usar com moderação e autonomia

Por Adriana Almeida Sales de Melo e Remi Castioni, doutores em educação, professores da Faculdade de Educação da UnB e do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre as Contribuições de Anísio Teixeira (Gepat/CNPq)

“As instituições de educação superior estão sempre em busca da melhoria da qualidade. Os rankings se baseiam em um leque de categorias e metodologias específicas e também são movidos por sua aceitação tanto na comunidade acadêmica, quanto por sua credibilidade no mundo dos negócios e na competição internacional. Atrair recursos, estudantes do mundo inteiro, incrementar pesquisas, publicações e patentes, ampliar as parcerias com a sociedade, empresas e setor público são preocupações que tomam cada vez mais espaço na agenda das universidades.

A qualidade das instituições está permanentemente em foco, quanto a acesso, formação de profissionais e pesquisadores, produtos e processos que possam resolver questões reais e atuais da humanidade. Entre os diversos rankings, o da empresa britânica Quacquarelli Sysmonds (QS), que elabora o World University Ranking (WUR), esteve em evidência nos últimos dias. A Universidade de Brasília participa dele desde 2012, tendo alcançado sua posição mais alta em 2016 e declinado desde então. Em 2018, estava em décimo lugar entre as universidades brasileiras, empatada com a UFSCar, entre as posições 651 e 700 do WUR.

A professora da FE/UnB Adriana Almeida Sales de MeloEm 2019, desceu para a 11ª posição, empatando com a UFSC e também recuou 50 posições no ranking mundial, ficando entre as posições 751 e 800. Em 2020, desceu mais uma posição, dividindo o décimo segundo lugar com a PUC-RS, ficando entre as posições 801 e 1.000. E, no WUR de 2021, volta ao 10º lugar, estando entre as posições 801 e 1.000 com PUC-SP, UFSC, UFSCar, UFPR e UFPE. Lembrando que somente 14 universidades brasileiras participam de tal ranking.

Torna-se muito produtivo quando as instituições conseguem utilizar as informações dos diversos rankings, articulando seu uso à autoavaliação e à melhoria de processos para alcançar novas metas e objetivos. Torna-se inútil quando não se realiza uma reflexão coletiva e interna sobre o uso. Usados com moderação e mediação coletiva, podem ser considerados como um rico incremento para a melhoria da qualidade da educação superior de qualquer instituição em suas múltiplas dimensões.”
 
A metodologia utilizada pelo levantamento da consultoria QS é baseada em seis parâmetros: reputação acadêmica, reputação da universidade perante empregadores, quantidade de citações de pesquisadores da universidade, proporção de alunos por cada professor, e, por fim, a quantidade de docentes e discentes internacionais. Segundo o perfil da UnB na QS, a produção de pesquisas na instituição é considerada muito alta. Há cerca de 50 mil estudantes, dos quais 1.209 são internacionais. A equipe de professores e técnicos chega a 2,8 mil pessoas.

Times Higher Education: UnB avança em ranking da “época de ouro”

A Universidade de Brasília melhorou de classificação no ranking Times Higher Education (THE) Golden Ages, que reúne as mais bem-conceituadas instituições de ensino superior fundadas entre 1945 e 1967, a denominada “época de ouro”. A UnB passou da faixa entre as 151 e as 200 melhores para o intervalo entre as 101 e as 150 melhores, o mesmo em que se encontra também a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
 

Saiba Mais

 

A UnB teve acréscimo de pontuação em quatro das cinco áreas analisadas na comparação com o último ano: ensino, pesquisa, citações e panorama internacional. O aspecto em que a UnB não subiu é o chamado de “indústria”. A Unicamp é a instituição brasileira com melhor colocação na lista, na 74ª posição, um resultado inferior ao ano passado, quando estava na 68ª classificação. Em seguida, aparecem a UnB e a UFSC. Entre as federais, a Universidade de Brasília obteve a melhor pontuação no aspecto pesquisa e internacionalização. O resultado foi liberado esta semana.

No World University Ranking do THE, assim como na lista mundial da consultoria QS, a UnB está na faixa entre a 801ª e a 1.000ª posições. Em ranking do THE de 2019 sobre a América Latina, ela ficou em 15º lugar. Na próxima segunda-feira (29/6), será divulgado o ranking global de assuntos acadêmicos da consultoria ShanghaiRanking. No ano passado, a UnB foi listada entre as melhores do mundo nas seguintes áreas: matemática, ciências da natureza, ciências da vida, ciências médicas e ciências sociais).

Em busca de excelência

Júlia Mano*

Apesar do histórico recente de estagnação e do anterior de queda no ranking da QS, o fato de a UnB ter aparecido melhor entre as universidades brasileiras dá fôlego a professores e alunos que lamentam ver atividades interrompidas em meio à crise mundial de covid-19. “Um dos nossos maiores desafios hoje é a pandemia, e esse resultado nos dá um pouco mais de ânimo no momento”, comenta a professora Dione Moura. “Não falta ânimo aos professores, técnicos e discentes da UnB, mas, ainda assim, ganhamos mais força, mais disposição — como se já não fosse muita a disposição que a gente tem — para somar esforços e chegarmos à superação deste momento.”

Dione Moura, diretora da FAC e conselheira do Consuni da UnB
 
Diretora da Faculdade de Comunicação (FAC/UnB) e conselheira do Conselho Universitário (Consuni/UnB), ela atribuiu o fato de a instituição aparecer melhor na lista nacional ao empenho de diversos setores em exercer o trabalho com enfoque na qualidade e na responsabilidade social. “Nós somos uma universidade que está inserida em redes nacionais e internacionais de pesquisa”, acrescenta Dione. “Quando nós recebemos a informação de que os empregadores avaliam bem o profissional que nós formamos e que o próprio profissional que foi formado pela UnB avalia bem a formação, nós sabemos que estão se referindo a uma formação que tem qualidade técnica, buscando excelência técnica, em todas as áreas de atuação”, diz.
 
Aluno de engenharia mecatrônica, Leonardo escolheu a UnB pelo renome

Reputação entre alunos

Leonardo Fonseca, 24 anos, estudante do 12º semestre de engenharia mecatrônica, diz que a boa reputação da UnB foi um dos principais motivos que o fez querer estudar na instituição. “O segundo é a localização, pelo fato de eu morar em Brasília”, comenta. Para Lucas Alves de Souza, 22, aluno do 10º semestre de medicina, o conceito da universidade também contou na hora da escolha. “Eu me decidi pela UnB por ser uma instituição pública, referência na minha área. Além disso, com o Programa de Avaliação Seriada (PAS), o processo para entrar começa no 1º ano do ensino médio, o que é um incentivo”, conta.

Luna Boianovsky, 19, cursa o 2º semestre de direito. Ela esperava ter mais noções sobre a futura profissão ainda no primeiro semestre, o que não aconteceu. Essa pequena falha não tira a grandeza do que tem vivenciado na instituição. “Não foi uma quebra de expectativa muito significativa. Em relação à universidade em si e ao convívio lá dentro, na verdade, a UnB superou muito as minhas expectativas, fiquei totalmente apaixonada por esse lugar”, diz. “A coisa mais importante que eu aprendi foi no sentido de reconhecer a minha ignorância. Não só de conhecimento acadêmico, mas também de noções sociais, como diversidade, de saber que eu sempre vivi numa bolha durante o ensino médio em escola particular”, reflete.

Universitária de direito, Luna acredita que a UnB poderia estar numa posição melhor nos rankings

 

“Entrar na UnB me fez enxergar o mundo de maneira muito mais consciente de que a minha realidade é muito específica e não é vivida pelo brasileiro comum.” Lucas e Luna cobram avanços nos rankings internacionais. “A Universidade de Brasília tem potencial para buscar resultados melhores no futuro”, declara o aluno de medicina. Luna concorda. “Quem estuda lá sabe que é uma universidade que tem muito potencial para subir bem mais, podia estar nas top cinco facilmente”, acredita a estudante de direito.

Aluno do 3º ano do ensino médio no Centro Educacional 4 (CED 4) de Taguatinga, Rui Polletti, 18, deseja cursar arquitetura na UnB. Ele espera ter uma boa experiência na instituição caso consiga uma vaga. “Os professores têm capacidade, há um currículo muito grande e abrangente. Isso qualifica a universidade”, comenta. Para ele, o resultado da universidade no ranking é proveniente da boa administração e da qualidade do ensino, mas é preciso avançar mais. “Com certeza, dá para melhorar para se tornar uma referência no Brasil e também, cada vez mais, no exterior”, sugere.

Rui quer estudar arquitetura na UnB e se atrai pela alta qualificação dos professores

 

Nível alto em pesquisa

Na avaliação da consultoria QS, os resultados de pesquisa da UnB têm nível “muito alto”. Valmor Pazos, 44, técnico de laboratório de informática na universidade, reafirma esse status. “A UnB estimula e muito a pesquisa, oferece suporte dentro das suas capacidades financeiras, buscando inclusive parcerias para financiar os projetos”, diz o servidor público. “Neste momento em que vivemos, a ciência, a pesquisa e a tecnologia voltaram a se tornar relevantes para a sociedade”, pondera. Graduado e especialista em informática, Valmor integra um grupo de pesquisa da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/UnB).

Para Paula Baqueiro, 25, estudante de mestrado em direito na universidade, a UnB é reconhecida pelo engajamento ativo no incentivo à pesquisa. Porém, ela observa que a produção científica das universidades públicas é prejudicada em razão de cortes de orçamento e de bolsas. “Todo esse cenário se configura como um verdadeiro entrave às pesquisas”, avalia Paula. “Nós percebemos que a UnB se mostra bastante preocupada com os impactos que esses cortes podem gerar para o andamento e o avanço da pesquisa e dos programas de pós-graduação”, declara a graduada em direito.

Sobre o desempenho em rankings internacionais, Paula comemora o reposicionamento, mesmo que haja ainda espaço para melhorias. “Acho que isso reflete o compromisso de longo prazo que a instituição tem tido para aprimorar o ensino, a pesquisa e a extensão. O resultado não deve ser lido no sentido de que a UnB não necessita dos recursos que têm sido contingenciados: a universidade tem conseguido subir o desempenho apesar das restrições orçamentárias e da política de combate do Governo Federal em relação às universidades públicas”, defende.


*Estudante de jornalismo da UnB sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

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