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Após perder bolsa, aluna da UnB faz vaquinha para estudar na França

Devido à pandemia de covid-19, Capes suspendeu a concessão de auxílio-estudantil e agora Raiane luta para realizar o sonho da dupla graduação internacional

Correio Braziliense
postado em 06/07/2020 20:12
Aos 21 anos, a estudante de engenharia aeroespacial na Universidade de Brasília (UnB) Raiane Vieira luta para realizar o grande sonho de fazer uma dupla graduação na França. Ela foi selecionada pelo programa fomentador de intercâmbio entre Brasil e França Capes-Brafitec, que procura incentivar o desenvolvimento de projetos conjuntos de pesquisa em parcerias universitárias em todas as especialidades de engenharia.
 
Para estudar na França, Raiane precisa arrecadar R$ 100 mil 
Entretanto a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), instituição responsável por parte da bolsa referente a moradia, alimentação, transporte e plano de saúde, suspendeu a parceria e restou à UnB arcar com a outra parte, que cobre os estudos no Institut National des Sciences Appliquées (INSA), em Rouen na França.

Para chegar até lá, a estudante precisa arrecadar cerca de R$ 100 mil, a fim de cobrir todas as despesas que antes seriam arcadas pela Capes, mais uma taxa anual da universidade e as passagens aéreas de ida. Sem outras alternativas, Raiane teve a ideia de organizar uma vaquinha on-line com o objetivo de conseguir ajuda para a realização do sonho da graduação que tem início em setembro.

Missão na França

Se conseguir alcançar o montante pretendido com a vaquinha, a jovem vai estudar engenharia mecânica em Rouen como parte de uma dupla graduação, ou graduação sanduíche. Passados os dois anos de estudo, ao voltar para o Brasil, receberá dois diplomas, tanto o de engenharia aeroespacial quanto o de engenharia mecânica.

O curso de engenharia aeroespacial foi criado na UnB apenas em 2012, mas desde 2008 a estudante tem como meta cursar graduação nessa área. A graduação é um sonho de infância para Raiane. “Quando eu tinha 9 anos, uma colega de escola falou sobre o curso de engenharia aeroespacial e decidi seguir essa carreira”, recorda.

“Ao longo de todos os anos de estudo entre o ensino fundamental e médio nunca mudei de ideia. Gosto muito das ciências exatas, de pesquisas espaciais, veículos, tecnologias”, conta. “Ao longo dos anos escolares, fui pesquisando mais sobre o mercado espacial, sobre profissões de destaque para o futuro e, entre os cursos em expansão, principalmente visando tecnologias futuras está o de engenharia aeroespacial.”
 
Raiane durante a competição Apuama Racing 
Em 2017, ao ingressar na UnB e participar da tradicional palestra de boas-vindas oferecida aos calouros, descobriu que a instituição também tinha parceria com universidades francesas, o que a fez se interessar por uma oportunidade no país.

Depois da graduação, o sonho de Raiane é trabalhar na agência espacial norte-americana, a Nasa. “É um dos centros de referência em pesquisa e tecnologias aeroespaciais, um local que admiro muito e onde anseio poder trabalhar um dia”, afirma.

Dentro da engenharia, ela gosta especialmente de pesquisa. “Eu me interesso muito pela área de estruturas e materiais, fundamentais tanto em engenharia aeroespacial quanto em mecânica.”

Como inspiração para o sonho, ela carrega consigo lendas da história da tecnologia. “Tive muitas pessoas que me inspiraram ao longo da vida. Duas mulheres da ciência: Marie Curie, cientista e física polonesa, e Katherine Johnson, primeira engenheira negra da Nasa. Além delas, admiro outros cientistas, físicos, como Albert Einstein, Isaac Newton, Stephen Hawking e Elon Musk, CEO da SpaceX”, elenca.

Dedicação e foco

Raiane conta que, até a aprovação na instituição francesa, precisou se dedicar muito a atividades extracurriculares para adquirir os requisitos necessários na hora da inscrição. Fez curso de idiomas em francês, obteve uma nota acima de 600 pontos no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), manteve bons índices de rendimento acadêmico e participou de duas equipes de competição, Apuama Racing e Mamutes do Cerrado Aerodesign, para desenvolver carros e miniaviões.

A brasiliense também participou do Nasa Space Apps Challenge em 2019. Conhecida como a maior hackathon do mundo, a competição visa estimular que grupos desenvolvam aplicativos de soluções inteligentes para os problemas apresentados. A equipe de Raiane conquistou o quarto lugar geral.

  
*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

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