O Ministério da Educação (MEC) descredenciou 62 cursos de pós-graduação que tiraram nota baixa no sistema de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Entre eles, estão especializações da Universidade de Brasília (UnB), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Mais 125 foram fechados, mas a pedido das próprias instituições. Entre os solicitados, apenas um tinha índice abaixo do mínimo;entre 1 e 2. A decisão foi publicada na edição do Diário Oficial da União (DOU) de quinta-feira. Para especialistas, o resultado reflete a má gestão dos cursos.
Ex-consultor da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura e professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), Célio Cunha diz que o papel do MEC de fechar os cursos é essencial. ;É preciso manter um padrão mínimo para assegurar gradativamente a elevação da qualidade. Não adianta abrir um mestrado ou doutorado se não há condições de mantê-lo;, afirma. Segundo ele, esse processo deve ser permanente para acompanhar a evolução do país. ;Com bons cursos, o Brasil melhora sua posição nos rankings mundiais e prepara cada vez mais profissionais de alto nível para os desafios do crescimento econômico.; O momento de ascensão mundial do Brasil, para o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Rogério Almeida, é das razões para o corte do MEC.;Ao mesmo tempo que temos uma política forte para criação da pós-graduação, temos esse movimento de descredenciamento, que sinaliza a vontade da manutenção da qualidade de ensino para esses profissionais considerados de ponta;, explica. Segundo Almeida, a procura está cada vez maior e, para atender a demanda, são criados muitos cursos e, em contrapartida, há queda na qualidade. ;Esse processo está cada vez mais forte. O público está mais jovem.Hoje, os estudantes terminam a graduação e já engatam em uma pós.;
A Capes esclarece que a avaliação foi realizada entre 2007 e 2009 e divulgada em 2010. Na época em que o resultado foi publicado, 75 unidades de ensino superior tiveram notas entre 1 e 2, em uma escala que vai de 1 a 7. Dessas, 14 reverteram a situação, mas oito mantiveram a nota 1 e as demais, 2. Segundo o órgão, logo em seguida, essas instituições receberam um documento com a recomendação para que o curso fosse fechado. As turmas em andamento, porém, permaneceram abertas para que os alunos finalizassem a pós-graduação.
Para Célio Cunha, o aluno que estava com a pós-graduação em andamento quando o resultado da avaliação saiu é quem ficou com o débito. ;O prejuízo é grande. Comoficam os alunos que estão matriculados? É criado um problema que precisa ser equacionado;, alerta. A próxima avaliação daCapes será divulgada no ano que vem. Na mesma edição doDOU,o MEC autorizoua abertura de outros 3.991 cursos de pós-graduação.
Índices baixos
No Distrito Federal, quatro cursos em quatro instituições foram fechados por não responderem aos requisitos da Capes e cinco foram descredenciados a pedido das entidades. Na Universidade de Brasília, o corte foi no mestrado de ciências agrárias. Segundo aUnB, o curso foi reformulado e tornou-se o mestrado e doutorado em agronomia, que hoje sustenta a nota 4
Os mestrados em Administração do Centro Universitário Euro- Americano(Unieuro),em planejamento e gestão ambientalda Universidade Católica de Brasília (UCB), assim como em ciência animal da União Pioneira de Gestão Social(Upis) foramos demais cursos fechados. Segundo a Unieuro, a especialização foi desativada em 2010 e a instituição deu prioridade ao mestradoem direitos humanos, cidadania e violência, por ter conexão com o projeto pedagógico da graduação em direito. A reportagem não conseguiu contato com aUpis e, até o fechamento da edição, a UCB não enviou resposta.
Especializações em todo o paísforam encerradas por não atingir a nota mínima da avaliação da Capes. No DF, quatro cursos
ficaram reprovados
É preciso manter um padrão mínimo para assegurar gradativamente a elevação da qualidade. Não adianta abrir um mestrado ou doutorado se não há condições de mantê-lo; Célio Cunha, professor da Faculdade de Educação da UnB