;Dificuldades eu sempre tive, por causa do meu perfil: tenho um problema auditivo que me trouxe certas limitações. Mas o ProFIS [Programa de Formação Interdisciplinar Superior] me deu a oportunidade de correr atrás das informações por conta própria, me influenciou a ser mais autodidata, criando meu próprio caminho para suprir a defasagem;, comemora Andrey Marcondes. Segundo colocado na classificação por coeficiente de rendimento, o aluno faz parte da primeira turma de formandos do Programa de Formação Interdisciplinar Superior, uma iniciativa pioneira da Unicamp. A sessão solene de formatura será presidida pelo reitor Fernando Costa neste dia 22, a partir das 19 horas, no Centro de Convenções.
O ProFIS é voltado a estudantes de escolas públicas e consiste em dois anos de formação geral, dando ao concluinte o direito de ingressar, sem vestibular, em um curso de graduação da Unicamp. Devido ao seu desempenho, Andrey tem a preferência na escolha de qualquer curso, mas ainda reflete sobre aqueles que envolvam sustentabilidade ou saúde, ou ambos. ;Meio ambiente é uma paixão minha e já tenho projetos que permitam captar a harmonia entre pessoas e natureza para se viver melhor, como por exemplo, o uso da bicicleta;.
Na opinião de Andrey Marcondes, o ProFIS foi uma ótima oportunidade de crescimento pessoal, conhecendo os cursos e várias nuances do cotidiano na Universidade, e também de conviver com profissionais ligados a pesquisas e projetos de empreendedorismo. ;Outra coisa muito importante é que o Profis me deu uma base interdisciplinar, com conhecimentos das áreas de humanas, exatas e biológicas. Esta base foi fundamental para adquirir uma visão mais ampla e crítica das coisas;.
O primeiro colocado por coeficiente de rendimento foi Renan Sartori, para quem o fato de ter vindo da Etecap (Escola Técnica Estadual Conselheiro Antonio Prado) não representou a menor vantagem sobre os colegas de turma. ;Sendo uma Etec, lá existe um vestibulinho, que talvez seja seu diferencial em relação a outras escolas. Mas aqui no ProFIS tivemos alunos muito bons da rede pública e não se pode tirar o mérito deles. O curso foi ótimo. Sendo pioneiro no país, ainda tem seus problemas, mas superou todas as expectativas e atingiu os objetivos propostos.;
Renan já tinha escolhido a engenharia mecânica mesmo antes de ingressar no Profis, visto que vem de cursos técnicos nesta área. ;O currículo da Etecap é fraco em humanas e sofri tendo que ler um monte de textos. Mesmo assim foi prazeroso por que gostava de participar das discussões em sala de aula e sempre houve espaço para isso. No início, achei que ia encontrar um clima ruim, competitivo, e o que mais me surpreendeu foi a união da turma e o convívio com os professores. Os monitores [graduandos e pós-graduandos] também são ótimos, muito atenciosos. Tudo conspirou a favor.;
A seguir, outros depoimentos de formandos do ProFIS.
Daniele Simão
O que me atraiu no ProFIS foi a oportunidade de estar na Unicamp e a formação interdisciplinar. Sempre tive muito medo de entrar diretamente num curso de graduação, achava que não estava preparada. Por que sempre gostei de estudar muitas matérias juntas e o curso me deu essa oportunidade, e ainda de ter um nível superior e de me acostumar com o ambiente universitário. Gostei bastante dos conteúdos e dos professores, que foram os melhores, de muita interação com os alunos. Foi ótimo. O curso cumpriu o que eu esperava.
Estou um pouco em dúvida quanto a cursar engenharia de alimentos, mas acho que vai pender para química. Meus pais sempre me apoiaram a entrar na Unicamp e, quando souberam do ProFIS, ficaram muito felizes. E minha irmã, que só tem dez anos, chora que quer entrar na Unicamp, que quer entrar no Profis. Todos já se familiarizaram com o curso e amam a ideia.
Valdiney Batista
Foi meu professor de física que falou desse programa novo da Unicamp, que era para inserir o aluno de escola pública e que eu ia ter chance de entrar num curso superior sem passar pelo vestibular. Eu me inscrevi no Prouni [Programa Universidade para Todos], passei e estava certa a minha matrícula quando saiu o resultado do ProFIS. Minha mãe disse pra eu fazer o que achasse melhor, mas meu pai não gostou da incerteza de conseguir o curso que pretendo, que é engenharia elétrica.
Gostei bastante do ProFIS. O pessoal da graduação conta que quando você entra na Universidade fica meio perdido, é um baque, tem que aprender a estudar. O curso já nos deu esse ritmo de estudo. Foi importante também para ter certeza do curso, estava em dúvida entre elétrica e geologia. Tive contato com alunos das duas áreas e foi muito legal poder assistir às aulas com eles. Vou para a elétrica.
Lucas Ferreira
A princípio não ia prestar Unicamp, por causa da insegurança. Achava que não tinha conhecimento bastante para tentar universidade pública. Ia tentar uma bolsa do Prouni, mas se fosse para pagar, provavelmente não faria curso superior. Os professores comentavam comigo que o Profis era uma oportunidade boa e decidi tentar. Fui bem no Enem e, graças a Deus, consegui entrar.
No princípio tive dificuldades, principalmente em física. Mas achei o curso muito bom pela diversidade de matérias, dá pra ter noção do que você gosta mais. Eu, por exemplo, entrei sem saber o que queria. Fui reprovado em física no primeiro ano, tive que fazer novamente no segundo ano e fui bem, fechei com 9,5. É questão também de aprender com o ritmo da universidade: comecei a me esforçar mais, a estudar em casa e deu pra evoluir. Agora estou indeciso entre educação física e engenharia civil.
Raryane da Silva
Tinha conseguido bolsa pelo Prouni, mas como não estava certa do curso que queria, e era em escola particular, optei pelo ProFIS. Achei que seria melhor, como realmente foi. Além da formação multidisciplinar, esse tempo pra amadurecer a ideia veio a calhar. O currículo traz matérias para uma formação realmente completa, o que foi importante no meu caso, que tive uma defasagem no ensino médio. Um grande benefício é aprender a estudar na universidade, sendo que a convivência com o meio acadêmico faz a gente chegar com um algo mais à graduação. Bom também foi fazer a iniciação científica, que deu uma bagagem acadêmica que não tínhamos.
Ainda estou meio em cima do muro, mais para pedagogia ou fonoaudiologia. Quando entrei queria serviço social, curso que não existe aqui. Então fui descobrindo outras áreas de que gostava e por isso o Profis foi tão importante. Como estou entre os dez, acho que vou poder escolher a melhor opção.
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Fonte: Ascom