postado em 14/04/2014 10:10
Os interessados em incrementar o currículo, se atualizar ou estudar uma nova área por meio de uma não contam com indicativos confiáveis na hora de escolher o curso, mas esse cenário está a ponto de mudar. Comissão do Conselho Nacional de Educação (CNE) prepara um marco regulatório para o setor, e o Ministério da Educação (MEC) começa a fazer um cadastro das instituições que oferecem especializações. É o primeiro passo para que a pasta tenha noção da quantidade e da qualidade da oferta desse tipo de formação no Brasil. Em cerca de 90 dias, o texto da regulamentação deve ficar pronto e passará por audiência pública antes de ser aprovado pelo MEC.A expectativa é de que as novas normas passem a valer no primeiro semestre letivo de 2015, segundo Erasto Fortes, conselheiro do CNE. ;Admito que a medida vem tardiamente, mas vem para melhorar a situação atual, garantindo um padrão de qualidade mínimo;, avalia. De acordo com Fortes, a norma em vigor não é a ideal. ;Instituições credenciadas pelo MEC podem oferecer especializações em qualquer área, sem autorização prévia. Temos que fazer com que elas tenham qualidade e tradição no campo do saber no qual vão atuar;, diz. ;O desconhecimento do quadro nacional de pós-graduações precisa ser revisto em defesa dos estudantes;, completa.
O marco regulatório prevê que quatro tipos de instituições possam oferecer especializações: as credenciadas para cursos de graduação, as que oferecem mestrado e doutorado, os centros de pesquisa com relevância reconhecida e as escolas de governo. Nos quatro casos, as entidades só poderão ofertar pós-graduações em áreas em que já atuam. Novos cursos teriam que aguardar o reconhecimento e a autorização do MEC. O rigor para instituições de graduação também aumenta: atualmente, elas precisam ter uma nota igual ou superior a 3 (numa escala de 1 a 5) para abrir uma especialização e, com a nova norma, precisarão ter conceito pelo menos igual a 4 nas avaliações do MEC. Os cursos que não aplicarem as novas regras não serão fechados, mas serão considerados ;livres;. A restrição, para o diretor executivo do Ibmec Brasília, Luiz Teixeira, será positiva. ;A fiscalização pode fazer com que os aventureiros sejam banidos do mercado. Diminui a oferta, mas aumenta a qualidade. Por um viés, restringe a competitividade, mas o mercado vai se adaptar e melhorar;, opina.
Experiências
O analista de sistemas do Banco do Brasil Juscelino Ribeiro, 34 anos, teve uma experiência negativa e uma positiva com especializações. ;Fiz uma pós em desenvolvimento de sistemas, mas o nível era muito básico e a estrutura deixava a desejar. Tive que compensar as falhas da instituição com estudo próprio para compensar o investimento;, lembra. Desde outubro de 2013, ele cursa um CBA (Certificate in Business Administration) em gestão de negócios e está satisfeito com a qualificação dos professores e o ganho no networking. Ele acredita que a regulamentação vai possibilitar melhores escolhas. ;A nota do MEC vai fazer toda a diferença na hora de escolher;.
Essa também é a opinião da farmacêutica Nayara Valente, 23 anos, que cursa especialização semipresencial em gestão na clínica. ;Você investe seu dinheiro achando que vai ter retorno e não dá para saber antes de entrar no curso. A nota do MEC vai ser um referencial;, afirma. Alice dos Santos, coordenadora de pós-graduação da Estácio-Facitec, acredita que os indicadores serão relevantes tanto para escolher, quanto para ter um diferencial no currículo, já que a credibilidade das instituições de ensino é cada vez mais observada pelos recrutadores. ;Fazer pós passou a ser requisito essencial de currículo. É o mínimo do mínimo. Por isso, tem que ser feita com qualidade. Cada vez mais, as pessoas têm a preocupação em procurar instituições sérias, e essa avaliação vai ajudar.;
Palavra de especialista
Separando o joio do trigo
É muito bom que o MEC esteja tomando essa atitude, que se tornou mais relevante para a sociedade agora, com o crescimento do volume de cursos. Acredito que não existam pós-graduações demais no mercado, porque elas são criadas pela demanda da população. O problema é que não sabemos quais são boas ou ruins. Agora, vamos separar o joio do trigo. Com a regulamentação, vai ficar evidente quais instituições estão fazendo um trabalho sério e quais não estão, como aquelas que oferecem especializações em qualquer área e as que são indústrias de certificados. Com o rankeamento e a classificação, todos vão querer oferecer o melhor, o que vai gerar uma concorrência positiva e um aumento do nível dos cursos, em geral.
Heliomar Quaresma, presidente da IBE-FGV (parceria do Institute Business Education e da Fundação Getulio Vargas no interior paulista)