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Mudança gradual

postado em 10/01/2016 10:00

Ficar longe do irmão é inadmissível para o pequeno Atylla, 5 anos, como relata a manicure Camila dos Santos, 26, mãe do garoto e do gêmeo dele, Akylla. Os dois estudam na mesma turma desde o ano passado, quando foram matriculados na Escola Classe 2 do Gama. A decisão de Camila, aprovada pela escola, foi de que a separação seria feita apenas em casos de prejuízo para o desenvolvimento dos filhos. ;Achei melhor que ficassem juntos porque o Atylla geralmente fica sensível quando é separado do irmão. Quando o Akylla adoeceu e ficou internado, ele logo adoeceu também;, lembra Camila.


A psicóloga Tatiane Ribeiro julga que essa dependência pode não ser saudável e que deve ser evitada muito antes de as crianças entrarem na escola, para que o momento de ausência do irmão gêmeo seja menos traumático. ;A separação é necessária, mas é um momento delicado, então, deve ser feita gradualmente. Mesmo na barriga, os pais já tratam gêmeos como uma coisa só. A maioria se preocupa em vesti-los com a mesma roupa, da mesma cor. Tudo isso passa a ideia de que os bebês são um só e de que devem estar sempre juntos, o que dificulta o afastamento.;


Para Kolyniak Filho, da PUC-SP, mesmo em situações extremas, é necessário respeitar o desejo dos irmãos. O professor julga que prejuízos ao desenvolvimento da individualidade, personalidade e relações pessoais são decorrentes da expectativa social em torno de gêmeos, e não da separação em si. ;Há uma ideia socialmente arraigada de que gêmeos são idênticos em comportamento. Quando crianças, os irmãos podem reagir de maneira a corresponder e satisfazer essa expectativa, agindo de maneira igual;, explica.


No caso dos filhos de Camila, os colegas de turma são os mesmos, apesar de Akylla ter maior habilidade em fazer amizades, por ser mais extrovertido e maduro. Mas a presença do irmão só teve a acrescentar para o desenvolvimento de Atylla, segundo a mãe. ;Por estarem juntos, eles se ajudam nas tarefas, já que são personalidades completamente diferentes. Akylla é melhor em desenho, pinta melhor. Atylla costuma ler mais;, diz.

"A separação é necessária, mas é um momento delicado, então, deve ser feita gradualmente. Mesmo na barriga, os pais já tratam gêmeos como uma coisa só. A maioria se preocupa em vesti-los com a mesma roupa, da mesma cor. Tudo isso passa a ideia de que os bebês são um só e de que devem estar sempre juntos, o que dificulta o afastamento;

Tatiane Ribeiro,
psicóloga

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