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Menos teoria, mais formação

Ensino brasileiro tende a se tornar mais prático e conectado com o cotidiano e as escolhas profissionais

postado em 27/10/2015 13:49


No sistema high school, estudantes cursam disciplinas do  currículo do ensino médio americano e do brasileiro ao mesmo tempo

No sistema high school, estudantes cursam disciplinas do currículo do ensino médio americano e do brasileiro ao mesmo tempo



Em 2015, o Governo Federal retomou o debate sobre a unificação e a padronização dos conteúdos ministrados para alunos da educação básica brasileira. O que ensejou a discussão foi o lançamento da versão preliminar da Base Nacional Comum Curricular (BNC), no último mês. O documento vai deixar claros os conhecimentos essenciais, ou seja, o currículo mínimo, aos quais todos os estudantes brasileiros precisam ter acesso, desde o ingresso na creche até o fim do ensino médio. O texto visa a padronização curricular, mas não determinará as metodologias de ensino a serem adotadas por professores e escolas.

Uma das ideias norteadoras do projeto é tornar o ensino brasileiro menos focado em conteúdos e mais voltado para o desenvolvimento de competências, com uma formação analítica, interdisciplinar e relevante para a vida prática do estudante. Isso aproximaria o sistema brasileiro dos encontrados nos Estados Unidos, na Inglaterra e na Austrália ; que passou por recente reforma da educação, também na busca por integrar informação e formação.

Sem a batuta da regulação do Estado, algumas instituições de ensino já têm buscado aprimorar suas metodologias e grades nessa direção. Fernando Marques Haltenburg é professor e pai de Fernanda, 16. Ela é aluna do colégio Mackenzie de Brasília e cursa o high school, oferecido pela escola em parceria com a Texas Tech University. Nessa modalidade, os estudantes estudam disciplinas do currículo do ensino médio americano juntamente ao brasileiro.

Na visão de Fernado, o currículo brasileiro é bom, mas atende muito ao vestibular, enquanto que o americano se preocupa mais com o uso prático do conteúdo no cotidiano. ;O sistema americano não está preocupado com uma prova, mas com uma formação para que o aluno tenha condições de, por exemplo, falar em público, socializar-se, portar-se em uma universidade. Eles não são perfeitos, mas acho que entendem melhor a proposta do ensino médio do que nós;, comenta. Fernando diz que está muito satisfeito com o projeto e percebe um avanço na produção de textos, discursos, e, é claro, fluência no inglês da filha.

Erika Zaidan, coordenadora do high school na escola, explica que o projeto conta com disciplinas oficiais do currículo americano, como oratória, debate, economia, marketing, governo, redação para o pensamento crítico, saúde, planejamento de carreira, preparação para a universidade, entre outras. ;Como o currículo brasileiro é carente dessas disciplinas, vemos que o estudante sai mais preparado para o mundo profissional. Além disso, ele sai fluente na língua inglesa. Com o diploma, o aluno estará apto a pleitear vagas em universidades americanas ou em outros países;, afirma.

Articulação

Para Claudia Pato, doutora em educação pela Universidade de Brasília, o papel da escola é promover a formação e a construção de conhecimentos e fomentar a articulação entre escola, família e sociedade, o que permite que os alunos, no contexto em que estão inseridos, sejam capazes de, por si só, aplicarem os conhecimentos apreendidos em sala de aula. ;É preciso criar oportunidades para que os estudantes possam aprimorar suas habilidades, despertar interesses e conhecer novas realidades;, diz.

Ela afirma que criar meios para que os alunos encontrem conexão entre os conteúdos, e suas aptidões e vocações profissionais pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso, a realização pessoal e profissional e a frustração.

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