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De braços abertos

A criação de um ambiente acolhedor e livre de violência não é tarefa fácil. É necessário empenho da equipe escolar

postado em 27/10/2015 13:52


Estudantes trabalham valores e criam personagens para aprender a lidar com situações de conflito

Estudantes trabalham valores e criam personagens para aprender a lidar com situações de conflito



Situações extremas de violência física normalmente são reflexo de conflitos menores que ocorrem na rotina escolar. Uma equipe afinada, da portaria à direção, passando por professores, estudantes e os próprios pais, é pré-requisito para garantir a criação de um ambiente acolhedor. Apesar de não ser raro ouvir relatos de agressões nas escolas, existem instituições no DF que dão exemplos de como a abertura ao diálogo pode prevenir essas situações e evitar que elas comprometam o desempenho.

;O ambiente escolar tem como principal função promover a educação, e ele só fará isso se for um espaço que permita às pessoas ficarem felizes;, avalia Fabricio Vieira de Moraes, gerente de Serviços Educacionais da Saraiva Educação. O primeiro contato da criança ou do adolescente com a escola é um dos momentos mais delicados, conforme avalia Fabricio. ;Temos que criar espaços e atividades próprias para cada faixa etária e para esse momento de acolhimento. Isso é muito importante no início do ano escolar e esse momento de integração auxilia tantos os alunos iniciantes quanto os que já estão na escola;, complementa.

Os momentos de integração devem envolver todos os sujeitos das escolas. ;Não é uma tarefa simples para grandes escolas, pelo fato de terem um público muito maior, mas isso não pode deixar de ser uma meta;, atesta Fabricio. Para ele, essas regras valem em relação a qualquer instituição, seja pública, seja privada, inclusive no que diz respeito à participação da família. ;O que ocorre é que as famílias das escolas públicas se afastam porque não se sentem capazes de se comunicar. É como se os professores fossem superiores;, destaca.

Mudança

A Escola Atual adota, há três anos, o projeto Escola da Inteligência, idealizado pelo psiquiatra e escritor Augusto Cury. ;Nós percebemos que dentro da escola estava tendo muita violência, muito bullying. Muitas crianças não queriam mais vir porque sentiam que os colegas não interagiam;, relembra a diretora, Sônia Otoni. Com o projeto, todos os funcionários do colégio, inclusive da secretaria e da limpeza, passam por capacitação e participam de palestras baseadas em oito hábitos a serem desenvolvidos para evitar conflitos. O projeto abrange desde o Jardim I. Em sala, os professores trabalham os mesmos hábitos com os alunos e há encontros e até tarefas para os pais.

;As crianças pararam de brigar e pedem desculpa uma para a outra;, diz Sônia. Quando é necessário, o trabalho de mediação é feito pelo Serviço de Orientação Educacional. A professora Sônia Cabral Barbosa, que dá aulas de matemática, ciências e filosofia para o 5; ano, também percebeu melhorias. ;Eles melhoraram muito nos conflitos, sabem se posicionar e a hora de dialogar.;

Três perguntas para

Ana Maria Albuquerque Lima, psicóloga e autora do livro
Cyberbullying e outros riscos na internet: despertando a atenção de pais e professores (Wak Editora; 224 páginas; R$ 40)

Quais as principais orientações para os pais no sentido de evitar o cyberbullying?
Usar filtro de parental control (controle parental) para monitorar as atividades, dialogar sobre a vida digital em casa e estabelecer limites quando necessário. Nas idades mais tempranas, conversamos com a criança sobre a importância de não falar com estranhos, não acessar conteúdo inapropriado para a idade ou teclar usando termos agressivos e impróprios. Depois, quando a criança vai ficando mais crescida, torna-se a época ideal para falar de cyberbullying e sexting.

E como fazer isso sem invadir a privacidade?
O ideal é monitorar o uso que o adolescente faz da internet com ele sabendo que está sendo monitorado, pois, se ele não souber e algo vir à tona, ele pode se sentir espionado. Normalmente, quando os pais explicam bem e participam de forma não invasiva da vida on-line do filho, dialogando sobre o que acontece na rede, eles sabem que isso é para a proteção deles.

Se ainda assim a família não conseguir evitar uma situação como essa, como agir?
É importante que os pais e os jovens salvem as evidências, não façam nenhuma retaliação ou tentem proteger o filho fazendo justiça com as próprias mãos, pois isso só agrava o problema. Na hora de falar com a escola, coloque todos os fatos registrados no papel e mostre o quanto isso está mexendo com o lado emocional do seu filho e, com a instituição, tente entrar em contato com os pais dos agressores.

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