Jéssica Luz- Especial para o Correio
postado em 21/09/2017 15:54
Desde a sua criação o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) passou por diversas mudanças até chegar ao modelo que se encontra atualmente. Em 1998, quando foi dado início à sua aplicação, o Enem tinha como objetivo único avaliar a qualidade do ensino médio, baseado em conteúdos que eram cobrados durante todo ano escolar.
Segundo o Ministério da Educação e Inep, mudanças deverão ser feitas para que o Enem se adapte ao novo modelo de ensino que será aplicado em escolas de todo país. Apesar disso o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), aguarda a finalização da Base Nacional Curricular Comum (BNCC), para saber exatamente os pontos que deverão ser mudados.
O Inep garante que mesmo com mudanças em vista é importante ressaltar que todos os direitos que foram conquistados para os jovens brasileiros através do Enem serão mantidos. %u201CO INEP sempre promoverá as mudanças de maneira gradativa após a implementação da reforma do ensino médio, sempre procurando ajustar a avaliação àquilo que é ensinado nas escolas brasileiras. As mudanças serão otimizadas com a participação do CONSED e especialistas em currículo e avaliação%u201D, completa a professora Dr. Maria Inês Fini em nome do Inep.
E como podemos realizar essa mudança?
Para o Diretor de Políticas Educacionais, Olavo Nogueira, da ONG Todos pela Educação há necessidade do Enem espelhar com exatidão tudo que será introduzido no novo ensino médio, não só no conteúdo obrigatório, mas também as diretrizes que serão trabalhadas. Ele também ressalta que antes da BNCC, o sistema aplicado era uma matriz do Enem que norteava o que as escolas deveriam aplicar, já que o principal objetivo da aplicação da prova era trazer a conhecimento do governo, além da qualidade do ensino, a chance do jovem de ingressas em uma instituição de ensino superior.
O especialista também destaca a importância de se definir como a BNCC será elaborada para o ensino médio. %u201CTeremos uma base que norteia o ensino obrigatório e outra que foca nos itinerários formativos? É importante abrirmos a discussão para esse ponto, porque agora o Enem que terá que se adaptar ao novo modelo, e não o modelo se adapta ao que é aplicado no Enem, e a Base vai ser o ponto chave desse novo modo de fazer o ensino médio%u201D, completa.
Já para Tania Fontolan, diretora do Projeto Semente, acha importante que tanto a mudança do ensino médio, a elaboração da BNCC, deveriam andar lado a lado do Enem. Para ela é importante que a reforma sinalize com antecedência as mudanças que serão necessárias para os formatos de avaliação de ingresso em universidades, bem como deixar pontuada a importância do enfoque que deve ser dado a cada uma das áreas de formação dentro das provas, pois é importante que o aluno sinta que o seu esforço dentro da escola é necessário para o ingresso em instituições de ensino superior.
Além disso Tania se preocupa com a questão da escolha do aluno já no início do ensino médio, para ela é importante que haja um diálogo entre tudo que será aplicado, só assim os formatos de avaliação seriam justos ao serem aplicados aos estudantes. %u201CPara mim é importante que no momento da formação do estudante todas as áreas conversem entre si, pois a escolha precoce pode acarretar uma série de problemas futuros ao estudante. Além da adequação da prova para que todas as áreas de formação sejam cobradas de forma correta", finaliza.
Enem para novas áreas
O Centro Educacional 01 do Cruzeiro Velho (CEDUC), é uma das 13 unidades de ensino públicas que aplicam o sistema de semestralidade, - três disciplinas obrigatórias (português, matemática e educação física), durante o ano todo e as demais são divididas em cinco matérias para cada um dos semestres -, além do ensino técnico voltado para o aprendizado aprofundado em tecnologia da informação.
Os estudantes Matheus Vilhena, 17, Gabriela Aquino, 17 e Maria Fernanda de Oliveira, 16, estudam no CEDUC, e para eles, todos os projetos que são desenvolvidos na escola e que são voltados para a área de tecnologia deveriam ser aplicados em avaliações futuras para que o conhecimento que adquiriram durante todo o ensino médio em determinado campo pudesse ser avaliado e levado em conta quando fosse a hora de ingressarem na universidade.
%u201CNós passamos três anos estudando diversas áreas da tecnologia e nos especializando em algo que queremos levar para a vida, talvez avaliações como Enem e vestibulares devessem nos questionar qual área de formação queremos que contenha na nossa prova, só assim podemos ser avaliados de forma justa e de acordo com o nosso conhecimento%u201D, completa Gabriela Aquino.