postado em 20/08/2012 09:00
Vestido com seu uniforme militar, o paciente demonstra incômodo diante das perguntas da mulher de terninho sóbrio. ;Como você está?;, ela pergunta. ;Bem.; ;Como foi a semana?; ;Ok.; O homem não parece disposto a falar e tem motivos: acaba de chegar do Iraque, onde serviu na guerra. Piscando muito e olhando para baixo, ele conta, a contragosto, que a esposa não o compreende. A psicóloga quer saber mais: ;O que você gostaria que ela entendesse melhor?;. O diálogo, as reações, as expressões faciais, tudo é bastante real. Exceto pelo paciente. Ele é um avatar, criado pelo Instituto de Tecnologias Criativas da Universidade da Califórnia para ajudar estudantes de psicologia a praticar as sessões de terapia comportamental.O uso de pacientes virtuais para treinamento de estudantes de diferentes áreas da saúde já é explorado em universidades americanas e europeias há pelo menos uma década. Neste mês, o psicólogo e especialista em realidade virtual Albert Rizzo apresentou um modelo adaptado à psicologia, com avatares humanizados graças à inteligência artificial. O sotware permite fazer reconhecimento de voz e interagir de maneira coerente, com os pacientes apresentando reações e sintomas esperados para determinadas condições psicológicas.
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Justina, outra personagem, é vítima de estupro. Ela relata ao estudante que, uma noite, saiu com um colega, que, dentro do carro, usou uma faca para agredi-la sexualmente. A paciente virtual responde às perguntas do terapeuta, ao mesmo tempo em que faz gestos sugestivos de ansiedade, como bater os pés no chão repetidas vezes. Conduzida pelos questionamentos, relata flashbacks constantes, diz que se sente muito assustada e que se isolou dos amigos. O diagnóstico: transtorno de estresse pós-traumático.