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No mundo da Lua

O brasileiro Ricardo Tolentino é referência internacional no estudo do satélite natural, tendo sido responsável pela descoberta de cinco crateras fantasmas. Agora, os dados colhidos em seis anos de pesquisa se transformarão em livro

postado em 03/03/2014 14:26
Fascinado pela Lua, Tolentino acredita na realização de novas missões ao satéliteBelo Horizonte
Para os apaixonados, ela é sinônimo de romantismo. Inspiração para versos e melodias de poetas e trovadores. Basta olhar o céu à noite para se encantar com seu esplendor. Corpo celeste que mais fascínio exerce sobre as pessoas, a Lua é esmiuçada desde 2008 pelo engenheiro civil Ricardo José Vaz Tolentino, diretor-geral da Faculdade de Ciências Empresariais da Universidade Fumec, em Belo Horizonte. Ele é um selenógrafo, nome dado aos que se dedicam ao estudo do satélite natural. O resultado de anos de pesquisa está no livro Lua, gigante cósmico, que ele finaliza. ;Depois de 50 anos, será o primeiro livro científico brasileiro lançado sobre a Lua;, diz.

Considerado um dos maiores especialistas brasileiros no tema, Tolentino é responsável pela identificação de cinco crateras fantasmas, depressões causadas por impactos de asteroides e cometas que se tornam praticamente imperceptíveis por estarem submersos em lava. Coube também a ele fotografar uma cratera cujo contorno lembra o mapa do Brasil. Os feitos tiveram repercussão internacional entre os estudiosos e os interessados em Jaci, como os índios tupi-guarani se referem à Lua.

Mesmo com a chegada do homem ao solo lunar, em 20 de julho de 1969, com a missão Apollo 11, e com o envio de sondas para explorá-lo, nos últimos 45 anos, a selenografia apresenta descobertas que ajudam cientistas em avanços importantes na compreensão do corpo celeste. ;A combinação da rotação (em torno do próprio eixo), revolução (em torno da Terra) e libração (pequenas oscilações ou balanços verticais e horizontais) faz com que o aspecto visual da Lua nunca se repita. Por causa da dinâmica entre luz e sombra, o movimento de libração nos permite enxergar até 9% além da face visível do satélite;, diz.
Nessa foto, o professor Ricardo Tolentino marca os locais de pouso das seis missões Apollo à Lua e o ano em que ocorreram
Parte da Lua é invisível para quem a observa a olho nu ou por telescópios, porque a mesma face do satélite mantém-se voltada para a Terra. A explicação está na física. O corpo celeste leva exatamente o mesmo tempo para girar em torno do seu próprio eixo e em torno do planeta. Muitas pessoas garantem enxergar São Jorge no cavalo golpeando um dragão, no entanto, sob as lentes dos equipamentos ópticos, a paisagem lunar é muito mais diversa. São milhares de crateras, com diâmetros que podem chegar a 200km, montanhas de até 5 mil metros de altura, cordilheiras, escarpas, vales, canais retos e sinuosos, de origem vulcânica ou tectônica.


Embora a lava tenha tomado parte daquela superfície há milhões de anos, os vulcões foram muito tempo atrás também. ;Em termos de vulcanismo, os cientistas acreditam que ela está morta;, diz Ricardo Tolentino. O satélite tem um núcleo semiderretido, manto e crosta. Graças à sonda lunar americana LRO, enviada pela agência espacial norte-americana (Nasa), é possível traçar o perfil altimétrico de todo o relevo. ;A sonda fez a varredura a laser;, acrescenta o especialista, contando que em todas as suas fotos ele faz a descrição técnica do elemento geológico a partir da ferramenta QuickMap Registration, também criada pela Nasa.
Crateras da Lua fotografadas pelo mesmo conjunto de telescópio e câmera: Júpiter tem seu diâmetro angular um pouco inferior aos diâmetros das crateras lunares Theophilus, Plato, Copernicus e Archimedes, com 110km, 101km, 93km e 81km, respectivamente
FASES DA LUA

Lua nova
Quando a Lua se encontra em conjunção com o Sol (vista da Terra, ela está do mesmo lado que o astro), a face do satélite voltada para o planeta não fica iluminada, tornando-se invisível. Esta é a fase de Lua Nova, na qual é totalmente noite na face visível. A temperatura no centro do disco lunar cai para entre -170;C -185;C.

Lua Cinérea
É um fenômeno que ocorre próximo ao satélite, caracterizado por uma claridade tênue, porém visível por contraste, que ilumina a porção escura da Lua.

Quarto-crescente
Depois da fase de Lua Nova, à medida que o satélite natural se desloca em sua órbita, a luz do Sol vai mudando o visual do disco lunar e criando outras fases. Partindo da Lua Nova, a iluminação do Sol vai crescendo, ocupando progressivamente mais área na superfície lunar, fazendo com que o ;crescente; avance a cada dia, até culminar na Lua Cheia. Nesse período, dizemos que a Lua está crescente. No caso da Lua estar crescente, cerca de sete dias e meio depois da fase nova, ela deslocou-se 90 graus em relação ao Sol, e luz solar ilumina a face visível exatamente pela metade (o hemisfério leste lunar fica iluminado), ocorrendo, então, a fase Quarto-Crescente.

Cheia
Passados 15 dias da Lua Nova, dizemos que a Lua está em oposição ao Sol, (ela fica posicionada ao lado oposto do Sol quando vista da Terra). É a fase de Lua Cheia, e os raios solares incidem verticalmente sobre a superfície, iluminando 100% da metade voltada para a Terra, sendo totalmente dia na face visível e totalmente noite na face oculta. Na Lua Cheia, a temperatura no centro do disco lunar atinge cerca de 130;C.

Quarto-minguante

Partindo da Lua Cheia (disco lunar da face visível totalmente iluminado), a iluminação do Sol vai minguando, ou seja, a área da superfície lunar iluminada vai diminuindo, fazendo com que o ;minguante; avance cada dia, até culminar na Lua Nova. Nesse período, dizemos que a Lua está minguante. No caso de o satélite estar minguante, quando a diferença angular em relação ao Sol é de 270 graus, e a luz solar ilumina a face visível exatamente pela metade (o hemisfério oeste fica iluminado), ocorre, então, a fase Quarto-Minguante.
Detalhes das crateras (de cima para baixo, em sentido horário): Copernicus, Plato, Archimedes (com Aristillus e Autolycus) e Gassendi, em fotos tiradas em 28 de junho de 2012
OBSERVAÇÃO LUNAR
As melhores épocas para executar observações da Lua por meio do telescópio são as fases Quarto-Crescente, Quarto-Minguante ou próximo delas, quando os raios solares atingem obliquamente a superfície a partir do ponto de vista terrestre, formando sombras que realçam muito o visual das formações do relevo, destacando as altitudes das montanhas e as profundidades das crateras. As formações ficam dramaticamente bem delineadas perto da fronteira que divide a parte iluminada da parte escura, ou seja, perto da divisão entre o dia e a noite, que é conhecida como terminadouro.

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