A vida curta e intensa da estrela que morreu de um enfarte aos 29 anos, no auge da carreira, está contada no livro Dolores Duran: A Noite e as Canções de Uma Mulher Fascinante;, que o jornalista e pesquisador musical Rodrigo Faour lançou hoje (8), às 19h, pela Editora Record, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon, na zona sul do Rio. A biografia, além de esmiuçar as desventuras amorosas, o comportamento boêmio e os problemas pessoais da cantora, traça também um painel do Rio de Janeiro e do Brasil na década de 1950.
Foram mais de 70 entrevistados, entre os que conviveram com a artista, admiradores e nomes da música que contribuíram para imortalizar a obra de Dolores que, apesar de reduzida, teve cerca de 850 regravações até hoje. ;Mergulhei fundo para conseguir entrevistar o máximo de pessoas possíveis e recorrer a todo tipo de fonte disponível dos que haviam privado com ela, mas já não estavam mais entre nós;, disse Faour.
Produtor, entre 2009 e 2010, de uma caixa de 8 CDs com as músicas compostas ou apenas interpretadas por Dolores Duran, Faour, de 40 anos, teve nesse trabalho a inspiração para escrever a biografia. ;Antes, eu achava a Dolores basicamente uma grande compositora e letrista, que tinha também algumas boas gravações como cantora. Desde que comecei a colher os depoimentos para a caixa de CDs, isso mudou;, ressaltou.
Em sua imersão na vida da artista, o autor fez várias descobertas. ;Ela era intelectual, lia os grandes pensadores, escritores e poetas estrangeiros, alguns no idioma original. Era também politizada ; chegou a ser simpatizante do PCB;, revelou. O bom gosto na escolha do repertório, muito acima da maioria dos intérpretes da década, também chamaram a atenção de Faour. ;Não é pouco para alguém que morreu de enfarte aos 29 anos;, disse.
Autora de canções e letras em que o amor é cantado muitas vezes de forma triste e melancólica, Dolores Duran foi uma mulher divertida, irônica e namoradeira, que vivia intensamente a noite carioca. Segundo Faour, ela sabia que tinha um problema congênito no coração e pressentia que sua vida não seria longa.
;Além desse insight, há um componente do acaso que fez dela uma pessoa absolutamente genial e precoce. A única personalidade que pode ser comparada a ela por esses quesitos é Noel Rosa, que morreu aos 26 anos;, disse Faour, que como escritor já publicou as biografias de Cauby Peixoto e Claudette Soares, um livro sobre a Revista do Rádio e a História Sexual da MPB, trabalho pioneiro sobre a evolução do comportamento sexual nas letras da canção da brasileira.