postado em 18/01/2013 08:00
Um estudo australiano promete abrir uma nova e promissora frente de combate ao vírus da Aids. Segundo a pesquisa ; liderada pelo cientista David Harrich e publicada na revista especializada Human Gene Therapy ;, a modificação de uma proteína específica do HIV faz com que o micro-organismo passe a atacar a si próprio, o que poderia frear sua replicação. ;O vírus poderia infectar uma célula, mas não se disseminaria;, diz Harrich, que é pesquisador do Instituto de Pesquisa Médica de Queensland.O trabalho ainda está na fase de testes de laboratório, mas os resultados animam seu autor, que os descreve como um grande avanço na descoberta da cura para a doença. ;Eu nunca vi nada igual. A proteína modificada funciona sempre. Se esse estudo se mantiver firme em seu caminho, tendo em mente que há muitos obstáculos a superar, estamos olhando para a cura da Aids;, acredita o cientista.
Harrich explicou que a proteína modificada, batizada por ele de Nullbasic, demonstrou ter uma habilidade ;notável; para frear o crescimento do HIV em laboratório e pode ter implicações animadoras tanto em conter a Aids quanto em tratar as pessoas já infectadas com HIV. O especialista descreve a técnica como ;combater fogo com fogo;.
A linha de pesquisa conduzida pelo australiano não impediria que o vírus infectasse as pessoas. Contudo, ele não teria mais forças para atacar o sistema imunológico das pessoas, como ocorre hoje. ;Não se trata de uma cura para o vírus, mas ele permaneceria latente, não despertaria, portanto o paciente não desenvolveria a Aids. Com um tratamento como esse, seria possível manter saudável o sistema imunológico;, acrescenta.
Depois que entra no organismo, o vírus HIV se une ao receptor CD4 dos linfócitos, células de defesa do organismo. Depois que o material genético da célula invadida e do HIV se fundem, ocorre a replicação do vírus da Aids, que passa a infectar outras células (veja infografia). Com cada vez mais células de defesa doentes, os pacientes começam a ficar expostos a um série de infecções e até tipos de câncer.
Uma pessoa com HIV desenvolve a Aids quando sua contagem de células imunológicas CD4 cai abaixo de 200 por microlitro de sangue ou desenvolve algumas dessas doenças. Sem tratamento, a maioria dos infectados pode não desenvolver nenhum sintoma por 10 a 15 anos, ou até mais, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). O uso de medicamentos antirretrovirais é capaz de prolongar o tempo de vida ainda mais.
Teste em animais
Se for comprovada, a terapia genética Nullbasic pode causar uma interrupção indefinida da escalada do HIV para Aids, pondo um fim à letalidade da doença. Além disso, segundo Harrich, o potencial de uma única proteína ser tão eficaz para combater a doença representaria o fim de onerosas terapias com múltiplos medicamentos, o que significaria uma qualidade de vida melhor e custos menores para as pessoas e os governos. Testes da proteína em animais estão previstos para começar este ano, mas ainda deve levar alguns anos para que se desenvolva um tratamento a partir dela.
Segundo os números mais recentes das Nações Unidas, o número de pessoas infectadas com HIV em todo o mundo subiu de 33,5 milhões em 2010 para 34 milhões em 2011. A grande maioria dos infectados, 23,5 milhões de pessoas, vive na África subsaariana, e outros 4,2 milhões, no sul e no sudeste asiáticos.