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Eletrônicos que valem ouro

Aficionados por tecnologia reúnem tesouros como rádios, PCs, videogames e televisores. Além de satisfazer a paixão, restaurar equipamentos também é um negócio lucrativo

Shirley Pacelli
postado em 20/02/2013 08:00
Alexandre Neves e Emmerson Maurílio têm um acervo composto por cerca de 150 computadores do período de 1979 a 1992. ;Muitas máquinas a gente comprou, outras nos foram doadas, mas estamos sempre atentos para não perder uma boa oportunidade de adquirir coisas novas. Ou bem velhas;, brincam. Já o paulista Alceu Massini, colecionador de aparelhos de TV, conserva modelos anteriores à chegada da televisão no Brasil e sonha transformar sua coleção em museu. Desejo que move também o sul-matogrossense Cleidson Lima, louco por modelos antigos de videogame. Entre os itens raros de sua coleção está o primeiro videogame doméstico do mundo: o Magnavox Odyssey, lançado em 1972, nos Estados Unidos.

E o que dizer do Hallicrafters S-38B, de 1947, rádio todo feito de ferro que fez sucesso no pós-guerra e que, além de receptor AM, servia como transmissor? O modelo é um dos maiores orgulhos de Marcos Silva, que se diz um apaixonado pelo rádio desde pequeno, quando ouvia transmissões com a família na fazenda onde vivia no interior paulista. Para colecionadores e entusiastas, certos aparelhos são verdadeiros tesouros, bastante difíceis de encontrar. Consertá-los, restaurá-los, brincar com válvulas e componentes inventados nos tempos de nossos avós, tudo é motivo de divertimento e assunto com amigos e curiosos. Ocasionalmente, tais aparelhos são objeto de exposições.

Televisores, rádios, computadores, videogames, sempre haverá alguém disposto a pagar bem por raridades eletrônicas. É quando o hobby vira negócio. Mas, para isso, os equipamentos precisam estar em boas condições. ;Restaurar uma antiguidade do tipo, além de aumentar o prazer de guardar mais uma peça rara em casa, valoriza bastante o eletrônico, pois sempre haverá um colecionador louco para adquirir tais aparelhos;, afirma Marcos Antônio Romualdo, diretor da Eletrônica Romualdo, empresa paulista especializada na recuperação de aparelhos antigos.

Na era da obsolescência programada, quando um lançamento já fica ;velho; seis meses depois, a tendência é encher gavetas ou descartar de forma errada equipamentos fora de uso. Mas existem soluções bem mais criativas e que podem ajudar na inclusão digital.

Em 1984, aos 12 anos, o empresário Alexandre Neves ganhou o seu primeiro computador: um TK82, produzido pela Microdigital. Desde então, sua paixão por esses equipamentos só cresceu. Com o amigo de infância Emmerson Maurílio Santos Pereira, jornalista de 40 anos, ele tem uma coleção de micros 8-bit, da década de 1980 da linha Sinclair, empresa inglesa. Ao todo, são cerca de 150 máquinas, de 50 modelos do período de 1979 a 1992. Por enquanto, a dupla está focada em conseguir completar a coleção com todos os equipamentos da Sinclair fabricadas na época.

O TK82 tinha somente 2KB de memória. Para se ter uma ideia, seria preciso 5 mil computadores desses para caber uma imagem de 10MB, comum nos dias de hoje. Cada modelo de computador pode custar R$ 10 ou até 600 libras, em sites de leilão. Tudo depende da raridade da máquina, do estado de conservação e da boa vontade do vendedor ou doador. Os três mais caros da coleção da dupla são o Sam Coupé (cerca de R$ 2 mil), o MSX Turbo-R (R$ 1,3 mil) e o NEZ8000 (R$ 1 mil). ;O trio é como se fosse a moeda número 1 do Tio Patinhas;, brinca Alexandre.

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