Na semana em que o Brasil comemora o Dia Internacional da Mulher, o Diretório de Grupos de Pesquisa (DGP) do CNPq mostra que o número de cientistas do gênero feminino é praticamente o mesmo do gênero masculino. O censo de 2010 indica que estão cadastrados na Base cerca de 128,6 mil pesquisadores, dos quais a metade são mulheres. Essa realidade já foi diferente: em 1995, por exemplo, de cada 100 pesquisadores apenas 39 eram do sexo feminino.
Distribuição percentual dos pesquisadores segundo o sexo - 1993-2010.
Sexo | 1995 | 1997 | 2000 | 2002 | 2004 | 2006 | 2008 | 2010 |
Masculino | 61 | 58 | 56 | 54 | 53 | 52 | 51 | 50 |
Feminino | 39 | 42 | 44 | 46 | 47 | 48 | 49 | 50 |
Fonte:
Contribuíram para a evolução desse percentual a universalização da educação e o avanço da ciência e da tecnologia nos últimos vinte anos. Para as pesquisadoras Hildete Pereira de Melo (UFF) e Lígia Rodrigues (CBPF), as mulheres estão presentes na produção do conhecimento no Brasil e, em certas áreas, como nas ciências humanas e sociais, a presença feminina é inequívoca e sua atuação expressiva. Nas áreas ligadas à saúde cresceu muito o número de mulheres, e há importantes nomes femininos realizando pesquisas de relevância mundial.
Por outro lado, quando a liderança dos grupos de pesquisa é analisada, a participação feminina cai para 45%. Apesar disso, os números indicam uma evolução da presença feminina na realização de pesquisas ao longo dos anos. Se o critério comparativo for apenas por não líderes, o percentual de mulheres supera o de homens, respectivamente 52% contra 48%.
Distribuição dos pesquisadores por sexo segundo a condição de liderança - 1995/2010.1/
Condição de liderança | 1995 | 1997 | 2000 | 2002 | ||||
Masc. | Fem. | Masc. | Fem. | Masc. | Fem. | Masc. | Fem. | |
Líderes | 5.820 | 3.020 | 6.572 | 3.902 | 9.971 | 6.485 | 12.493 | 8.569 |
Não-líderes | 10.602 | 7.324 | 12.974 | 10.227 | 17.423 | 14.767 | 18.366 | 17.453 |
Total | 16.422 | 10.344 | 19.546 | 14.129 | 27.394 | 21.252 | 30.859 | 26.022 |
Condição de liderança | 2004 | 2006 | 2008 | 2010 | ||||
Masc. | Fem. | Masc. | Fem. | Masc. | Fem. | Masc. | Fem. | |
| 15.431 | 11.058 | 16.289 | 12.420 | 17.297 | 13.890 | 20.452 | 16.802 |
Líderes | 25.741 | 25.022 | 30.469 | 30.751 | 35.660 | 37.111 | 44.260 | 47.154 |
Não-líderes | 41.172 | 36.080 | 46.758 | 43.171 | 52.957 | 51.001 | 64.712 | 63.956 |
Fonte:
Preferências por Gênero - As mulheres têm predominância nas áreas de Ciências Humanas e Sociais, como ilustra o quadro abaixo, mas as Ciências Exatas são dominadas pelos homens, principalmente as Engenharias. Há um equilíbrio, por sua vez, nas áreas de saúde e agrárias.
Predominância feminina:
Área | N; de Homens | N; de Mulheres | Homens (%) | Mulheres (%) |
Fonoaudiologia | 59 | 484 | 11 | 89 |
Enfermagem | 405 | 2636 | 13 | 87 |
Serviço Social | 263 | 1158 | 19 | 81 |
Nutrição | 227 | 976 | 19 | 81 |
Educação | 4645 | 9451 | 33 | 67 |
Predominância masculina:
Área | N; de Homens | N; de Mulheres | Homens (%) | Mulheres (%) |
Engenharia Mecânica | 1675 | 272 | 86 | 14 |
Engenharia Elétrica | 2873 | 420 | 87 | 13 |
Engenharia Naval e Oceânica | 55 | 8 | 87 | 13 |
Engenharia Aeroespacial | 143 | 41 | 78 | 22 |
Física | 2809 | 706 | 80 | 20 |
Sem predominância:
Área | N; de Homens | N; de Mulheres | Homens (%) | Mulheres (%) |
Medicina | 4026 | 4188 | 49 | 51 |
Fisiologia | 498 | 552 | 48 | 52 |
Biologia Geral | 161 | 139 | 53 | 47 |
Genética | 1185 | 1273 | 49 | 51 |
Demografia | 78 | 82 | 49 | 51 |
Medicina Veterinária | 1433 | 1291 | 53 | 47 |
Para as pesquisadoras Hildete Melo e Lígia Rodrigues, na publicação Pioneiras da Ciência do Brasil, a inclusão das mulheres nas profissões científicas tem se dado em ritmo mais lento do que em outras áreas e há uma tendência das ciências exatas - matemática, física, engenharias - atraírem relativamente poucas mulheres. Isso se explica, de acordo com as pesquisadoras, provavelmente pelas dificuldades em conciliar a vida familiar e a afetiva com a grande dedicação exigida pela prática da ciência, sobretudo considerando-se as atuais exigências de ;produtividade; e a enorme competição inerente à atividade.
Assessoria de Comunicação Social do CNPq