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Pelos direitos dos autistas

No Dia Mundial de Conscientização do Autismo, alunos da 111 Sul fazem manifestação pela inclusão de cinco colegas em atividades extracurriculares na escola parque da região. A ação foi enfeitada por balões azuis, já que a maioria dos portadores é do sexo masculino

postado em 03/04/2013 19:00

A professora Cláudia Vanelli e Brayan Vieira, de 7 anos, em fase de alfabetização: aumenta procura por profissional especializadoNo começo da manhã de ontem, cerca de 100 crianças da Escola Classe 111 Sul fizeram uma passeata pela quadra com balões azuis nas mãos e fitas da mesma cor nos braços. Lideradas pelos professores, exigiam o direito de cinco colegas: ;111 Sul hoje veste azul! Escola Parque inclusiva tem que ter autista! Inclusão, direito conquistado do futuro cidadão;, bradavam.

O motivo da primeira movimentação popular da criançada ; exatamente no Dia Mundial de Conscientização do Autismo ; é a falta de conteúdo extracurricular para os autistas na Escola Parque 308 Sul. Segundo o diretor da Escola Parque, Paulo César Valença, existem apenas quatro professores capacitados para atender 170 alunos com necessidades especiais e 15 com síndromes mentais mais severas. ;A escola pública sofreu um aumento da demanda para os autistas, porque é a única que os atende. Precisamos de pelo menos o dobro de profissionais;, apontou.

;A lei já existe. Precisamos discutir como o aluno vai para essa aula;, argumentou a diretora da Escola Classe, Juciane Melo Cipriano. Quanto à capacitação, a cada duas semanas a Regional do Ensino oferece cursos para orientar de que forma os professores e funcionários devem lidar com os autistas.
A professora Cláudia Vanelli, de 43 anos, trabalha unicamente com alunos com o transtorno há 16 anos. ;Trabalhei no primeiro ano em que a Secretaria de Educação começou a incluir esses alunos nas escolas. Na época, era uma dificuldade convencer os professores. Hoje, as escolas estão procurando profissionais especializados, estão interessadas;, comemora.

Os estudantes percorreram a quadra e distribuíram folhetosCláudia é tutora de Brayan Vieira, de 7 anos, em fase de alfabetização. O garoto frequentava a Escola Parque em 2012 e, com a instituição fechada para alunos como ele, uma vez por semana ele fica sozinho no colégio. Os pais do garoto, a dona de casa Lorrane Marques, de 24 anos, e o segurança Adarlan Gonçalves, de 27, lamentam: ;Ele sente falta das atividades, especialmente da natação. Esperamos que as autoridades se sensibilizem; lamentou a mãe.

Em nota, a Secretaria de Educação garantiu que vai criar uma portaria para regulamentar a situação e disponibilizar salas nas escolas parques para atendimento dos estudantes com autismo.

Sede própria

Representantes de associações de auxílio aos autistas, como a Associação Brasileira de Autismo, Comportamento e Intervenção e o Movimento Orgulho Autista Brasil, reuniram-se ontem com autoridades do governo em sessão solene na Câmara Legislativa.

Entre relatos emocionados, foi cobrada a criação da sede da Associação dos Amigos dos Autistas do Distrito Federal. A ideia é construir um espaço de convivência e de tratamento especializado. De acordo com a coordenadora de Doenças Raras na Secretaria de Saúde, Maria Teresinha Cardoso, o projeto é indispensável. ;Eles enfrentam grandes dificuldades na vida madura;, apontou

A diretora da associação no DF, Hélcia Maria Araújo Dourado, relatou a própria experiência. ;É muito difícil ter um autista adulto em casa. Se ele está com fome, joga o prato no chão. Se não quer que o pai vá trabalhar, ele rasga a roupa dele;, descreveu. Estima-se que existam cerca de 500 mil pessoas com a síndrome no país, e que ela ocorra uma vez a cada 88 nascimentos.

Pouco contato visual
O autismo é uma síndrome com níveis de gravidade e, geralmente, é diagnosticado entre 2 anos e 3 anos. O distúrbio do comportamento mental e físico é caracterizado por comunicação verbal limitada, falta de interação social e padrões ritualizados de conduta. Veja algumas aracterísticas:

; Indica suas vontades conduzindo as pessoas

; Ri sem motivo

; Se irrita, chora e se entristece sem motivo

; Parece não ouvir os outros

; Mantém pouco contato visual

; Conversa pouco e balbucia palavras repetidamente

; Tem dificuldades de interagir socialmente

; É hiperativo ou muito quieto

; Tem apego a objetos

; Tem conduta motora repetitiva

; É indiferente a dor

; Não tem noção ou medo de perigos

; É resistente a amizades

Onde buscar orientação

Associação dos Amigos dos Autistas do Distrito Federal (Ama-DF)
Av. Sucupira, Instituto de Saúde Mental, Riacho Fundo I
Telefone: 3399-4555
Informações: www.ama-df.org.br
E-mail: contato@ama-df.org.br

Associação Brasileira de Autismo, Comportamento e Intervenção (Abraci/DF)
Telefone: 3877-3156
Informações: abracidf.blogspot.com
E-mail: aabracidf@yahoo.com

Movimento Orgulho Autista Brasil (Moab)
Informações: orgulhoautistadf.blogspot.com.br
E-mails: moabdiretoria@gmail.com e movimentoorgulhoautistabrasil@gmail.com
Grupo no Facebook: www.facebook.com/groups/228507773896452

Associação Brasileira de Autismo (Abra)
Rua do Lavapés, 1.123; Cambuci , São Paulo (SP)
Telefone: (11) 3376-4400
Informações: www.autismo.org.br.

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