postado em 24/04/2013 19:00
Termina nesta sexta-feira a aplicação da primeira dose da vacina contra o papilomavírus humano (HPV), nas escolas públicas e particulares do Distrito Federal. A campanha de imunização começou em 1; de abril e, até o fim da semana passada, cerca de 45 mil meninas de 11 a 13 anos haviam sido vacinadas, segundo a Secretaria de Saúde do DF. Se mantiver a média nos últimos dias de ação, a campanha deve atingir um total de 60 mil garotas, número pouco menor que a meta estabelecida pelo Governo do Distrito Federal (GDF) ao início dos trabalhos: 64 mil aplicações.O HPV é o principal responsável pela ocorrência do câncer de colo de útero e, por isso, recebeu alto investimento do GDF, primeira unidade da Federação a distribuir a vacina gratuitamente. ;O custo da campanha é aparentemente elevado, mas salvar vidas com essa ação compensa qualquer gasto. Veremos o resultado em 25, 30 anos;, afirmou o governador Agnelo Queiroz no lançamento da campanha, em 8 de março ; Dia Internacional da Mulher. O governo investiu R$ 13 milhões para adquirir 160 mil doses do medicamento, que serão aplicadas ao longo do ano. Segundo especialistas, o HPV é responsável por mais de 70% das mortes causadas pelo câncer de colo útero. Só em 2012, 90 mulheres morreram em decorrência da doença no DF.
Para o médico infectologista Alexandre Cunha, a ação do governo é importante e fará diferença no futuro. ;Essas meninas que têm entre 11 e 13 anos logo começarão a vida sexual e, se tomarem a vacina agora, não correrão mais o risco de contrair a doença no futuro. Dessa forma, a quantidade de infectados diminuirá e o número de ocorrências de câncer de colo de útero também cairá;, explica. Ele lembra, porém, que a vacina não imuniza contra todos os tipos do vírus. ;A vacina age contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV, que são responsáveis por cerca de 80% dos casos de câncer. Então, uma pessoa vacinada contra o HPV não deve contrair os tipos mais nocivos do vírus, mas ainda pode ser infectada por outro tipo;, esclarece.
Cunha ressalta também que a vacina está sendo aplicada em meninas entre 11 e 13 anos, mas não há restrição de idade nem de gênero para a imunização. ;O governo escolheu imunizar garotas dessa faixa etária para ser mais efetivo, pegando adolescentes antes do início da vida sexual. Mas a vacina só não vai funcionar em quem contraiu o vírus alguma vez. Mulheres mais velhas e até homens podem se imunizar, se quiserem.;
Adriana Castro Ávila, 46 anos, é mãe de Isabela, 12, e assinou a autorização para que a filha fosse imunizada em seu colégio. ;Achei importante minha filha ser vacinada porque previne problemas futuros. Não quer dizer que ela vá começar a vida sexual agora, mas, pelo menos, estará imunizada daqui para a frente;, explica. Para ela, o governo acerta em custear a campanha. ;Tem muita gente que não tem condições de pagar pela vacina e poder proteger nossas filhas de forma gratuita é ótimo.;
Mas não são todos os pais que lidam bem com a situação. Apesar das recomendações cada vez mais fortes de se imunizar adolescentes, um estudo conduzido pela Clínica Mayo em Rochester, nos Estados Unidos, mostrou que os pais acham a vacina desnecessária e temem seus efeitos colaterais. De acordo com os pesquisadores, o número de casais que não querem suas filhas imunizadas está aumentando nos EUA: há cinco anos, o percentual era de 40%; em 2009, passou para 41%; e, agora, para 44%. No Brasil, a tendência é a mesma, mas especialistas dizem que não há com o que se preocupar: a única reação nas meninas pode ser uma leve dor no local da aplicação.
A campanha terá ainda mais duas etapas de vacinação ao longo do ano. Para que as meninas sejam imunizadas, é preciso uma autorização assinada pelos pais, além da apresentação de um documento de identidade e do cartão de vacinação no momento da aplicação.
Segunda e terceira doses
A aplicação da primeira dose da vacina começou em 1; de abril e será encerrada na sexta-feira, dia 26. As meninas devem tomar a segunda dose entre 3 e 28 de junho, e a terceira, entre 30 de setembro e 1; de novembro. Meninas de 11 a 13 anos serão vacinadas em seus colégios, públicos ou particulares, e as unidades básicas de saúde também oferecem gratuitamente a vacina.