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Passe livre fica sem respostas

Primeiro encontro com a presidente Dilma, em Brasília, frustra representantes do grupo que defende transporte urbano grátis

postado em 25/06/2013 18:00
Na saída da audiência com a presidente, líderes do MPL criticaram a falta de propostas do governo para o setorO primeiro diálogo da presidente Dilma Rousseff com manifestantes terminou sem respostas concretas e muitas críticas. Os representantes do Movimento Passe Livre (MPL), que estiveram ontem no Palácio do Planalto, consideraram a conversa importante, mas reclamaram da falta de planejamento para o setor de transportes. O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, disse que o governo vai trabalhar para melhorar a qualidade do serviço. Declarou que o país ficou 30 anos sem investir na área, o que fez com que a falta de projetos se tornasse um dos entraves para os avanços. Logo após o discurso do ministro, a presidente anunciou medidas, como a redução de impostos para beneficiar o setor .

De acordo com Caique Duques, um dos líderes do MPL no Distrito Federal, falta conhecimento para o governo tratar com o setor. ;A presidente se colocou à disposição para dialogar, mas afirmou que esta é a primeira vez que ela conversa com o movimento dos transportes, o que é um absurdo. Demonstra um grave despreparo para lidar com mobilidade urbana;, criticou.

A expectativa do grupo é que o governo tome decisões de curto e de longo prazos. O argumento é que não existe educação pública nem saúde gratuita se o transporte é pago. A declaração da presidente de reconhecer o transporte como direito social, para o grupo, sinalizou o apoio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 90. ;É a mesma coisa que afirma a PEC, e a gente vai cobrar isso;, completou Mayara Vivian, uma das líderes do movimento em São Paulo.

Enquanto não saem resultados práticos, Mayara garantiu que a luta pela tarifa zero continua. ;A presidente não apresentou nenhuma medida concreta. Ela estava acuada;, disse. ;Uma coisa é ter o diálogo. A gente precisa é de ação concreta;, concluiu. Na perspectiva do grupo, os investimentos do governo têm priorizado o transporte individual. ;Esse é um tema que urge. Nossas cidades estão paradas por causa dos carros. Se não repensarmos a lógica do transporte, não vamos sair dessa crise, que vai acontecer em breve. Além das cidades ficarem paradas, existem aquelas (pessoas) que não conseguem se locomover, por causa da tarifa;, pontua Leyla Saraiva, outra representante do movimento.

A agenda de protestos também não está encerrada. Nesta semana, o MPL se juntará à pauta de manifestações dos movimentos sociais de esquerda. Participaram da reunião quatro representantes do movimento em São Paulo, que vieram a convite da Presidência ; que também bancou os gastos da viagem e da hospedagem ;, e dois líderes do DF.

Do lado do governo, o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, prometeu trabalhar por um transporte de qualidade. Ele, entretanto, esclareceu que o sistema tem um custo e a questão da gratuidade é saber como bancar o transporte público urbano. ;Essa discussão se dará em outro momento;, disse. Após a reunião da presidente com prefeitos e governadores, o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, comentou que a presidente deixou claro aos representantes do MPL que alguém vai pagar a conta do transporte. Se o usuário ou via algum tributo, isso tem que ficar bem claro, na opinião do prefeito.

De acordo com o ministro Ribeiro, o governo tem R$ 88,9 bilhões para investir na área. Desse montante, cerca de R$ 30 bilhões já estão contratados. Na avaliação dele, o problema da mobilidade urbana foi agravado ao longo dos anos pela falta de investimentos e de projetos de qualidade. E a redução de tarifas, se não vier acompanhada da melhoria da qualidade e, necessariamente, da redução do tempo de viagem, de pouco adiantará. ;A qualidade do serviço, necessariamente, precisa melhorar.;

Entenda o caso
Movimento apartidário

O Movimento Passe Livre é uma organização apartidária, mas não antipartidária, que luta por transporte público gratuito nas cidades. O movimento nasceu em 2005, no 5; Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, com a bandeira do passe livre para estudantes. Hoje, o grupo ampliou a luta para o passe livre irrestrito. O MPL, que costuma atuar em conjunto com outros movimentos sociais, se considera um instrumento para transformação do transporte coletivo. A ideia é retirar da iniciativa privada, sem indenização, o controle das linhas de ônibus, que passariam a ser geridas pela própria população. Na sua carta de princípios, o movimento defende que o passe livre para qualquer segmento da sociedade não deve implicar em aumento da tarifa para os demais usuários. Além de reivindicar o transporte grátis como direito social, o grupo também levanta a bandeira da qualidade na prestação do serviço. (GC)


;A presidente não apresentou nenhuma medida concreta. Ela estava acuada;
Mayara Vivian, integrante do Movimento Passe Livre de São Paulo

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