Um dia depois de reprimir com violência mais um protesto estudantil, a polícia chilena desocupou, ontem, 28 escolas e prendeu 122 pessoas. A megaoperação, liderada pelo Ministério do Interior, ocorreu a apenas 72 horas das eleições primárias de domingo, quando os cidadãos definirão seus candidatos para o pleito presidencial e parlamentar, marcado para novembro. De acordo com o jornal local La Tercera, a remoção dos alunos dos estabelecimentos que serão transformados em centros de votação começou às 3h (4h em Brasília) e durou cinco horas. O ministro do Interior, Andrés Chadwick, informou que 18 escolas foram desocupadas de forma pacífica e voluntária. Os policiais encontraram resistência em quatro instituições e pelo menos um dos agentes ficou ferido.
Os estudantes secundaristas qualificaram a invasão de ;ato de prepotência; do governo e descartaram retomar as escolas antes de domingo. Em entrevista ao jornal local El Mercurio, Moisés Paredes, líder da Coordenação Nacional de Esudantes Secundaristas (Cones), considerou ;apressada; a decisão do governo de Sebastián Piñera e lembrou que o Serviço Eleitoral (Servel) deveria se pronunciar, ontem, sobre a transferência dos centros de votação, uma proposta apresentada pelos prefeitos. Segundo Paredes, o ministro Chadwick ;passou por cima da democracia, do Servel e de todas as instituições, ao impôr a decisão de desalojar as escolas;. ;Não creio que os estudantes secundaristas estejam dispostos a intervir, novamente, no processo, ao retomar os colégios. Vamos esperar a realização das primárias;, afirmou o líder da Cones.
Na quarta-feira, cerca de 100 mil jovens saíram às ruas de Santiago do Chile em defesa de uma profunda reforma da educação. Os manifestantes ergueram barricadas na capital e enfrentaram a polícia com coquetéis molotov. Em visita aos policiais feridos anteontem, Piñera defendeu o projeto sobre o controle preventivo de identidades durante os protestos. ;O que significa este projeto? Em circunstâncias de desordens públicas ou grande concentração popular, os carabineros (policiais chilenos) teriam a faculdade de pedir às pessoas que se identifiquem;, explicou o presidente. ;Ninguém precisa temer se identificar e, dessa forma, poderemos lhes dar um instrumento aos policiais para cumprirem com seu poder e proteger melhor as nossas vidas.;